Mas a surpresa da convocatória é evidente: pelos títulos das edições online e por esta chamada, e estes títulos informativos, sugerirem que este regresso é mesmo diferente dos outros: estes eram mais ou menos esperados, mas Bosingwa claramente não era. Creio que desde a sua saída do Chelsea o ex-portista não voltou a mostrar-se minimamente em lado algum. Uma grande surpresa, sem dúvida. Até por estar praticamente esquecido. Tudo agravantes.
Ora, sendo natural o deitar água na fervura da parte de Fernando Santos para não se "dramatizar" ou exagerar na comparação com a gestão de Paulo Bento, a verdade é que o reaparecimento de Bosingwa é muito mais do que os estúpidos esgares e entoação grave de qualquer mediano pivot de telejornal a dizer que a Oposição criticou o Governo. Onde está a notícia?
É claro que a intenção - se nos permitem "julgar" ou avaliar da bondade das mesmas - de Fernando Santos não é beliscar Paulo Bento. Simplesmente, o seleccionador não tem esqueletos no armário e não é truculento e bardamerdas como o antecessor. Bento era e é um grunho, sem perfil nem estaleca alguma para o cargo e Santos é um paz de alma a que adere a colagem de simpatias de todos os quadrantes.
Mas, sem querer, e por muito que queira esvaziar o caso num contexto de Imprensa mais de mexericos do que de sentido profissional e rigor informativo - e senso opinativo também de preferência -, FS não consegue que se oponha a sua gestão "multicultural" e global à "quadrada" e "ideológica" gestão de PB.
FS até já começou a ter sorte (aquele golo providencial em Copenhaga arrepiou caminho para a salvação de todos) mas também a procura. Basta não extremar posições.
PB começou por enterrar-se precisamente com Bosingwa. A Imprensa de mexericos, contudo, mostra tanto recato nalguns casos como ignorância no tratamento de todos os outros que impliquem malhar nos seus mais queridos... E as incidências do caso Bosingwa-Paulo Bento lá passaram despercebidas pelo que apanhei de ouvido nos noticiários. Mas PB quis dizer que Bosingwa foi um mau profissional por simular uma lesão para não treinar e jogar com vista a um amigável de Portugal; mas Bosingwa chegou ao Chelsea e foi dado como inapto, com declaração do departamento médico dos londrinos que o declarou fora do jogo seguinte dos "blues".
Posto isto, Bosingwa é a última - creio não haver mais, até por não acreditar que Portugal ganhe algum título e volte a uma final - humilhação possível de servir a um rasca como PB. Aliás, todo o seu trajecto, muito à semelhança de Scolari, no feitio, na gestão, nos (des)amores, nos relacionamentos pessoais e institucionais, nas fanfarronices, até nas desilusões e mesmo nos momentos de euforia.
Como na Economia, Portugal viveu uma década de estagnação, apesar de alguma gente andar aos pulos ocasionalmente.
Pelo menos no futebol não corremos o risco de termos mais do mesmo de torpor e horror que nos trouxe a uma relação azeda com a Selecção. Repor a porca miséria como poderá suceder no Governo dentro de um ano não parece no horizonte.
E Fernando Santos demonstra como é a pessoa idónea e ideal para o cargo, independentemente dos resultados. Estes até costumam aparecer quando tudo está mesmo bem e ninguém esconde o lixo debaixo do tapete.
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