Ao terceiro dia da detenção de Sócrates, não há qualquer razão para acreditarmos num risco de fuga e não lhe é conhecida a acusação. Sabemos todos que tolerar ou promover o alarido mediático e sustentar o pelourinho das condenações desfazem os princípios da equidade e da presunção da inocência, tornando o justiceirismo num instrumento de manipulação política, típica de estados falhados, mais a mais quando há eleições à vista. Enquanto a Justiça não falar, límpida como deve, os únicos quesitos que conhecemos são os da Felícia. Mas não há reputação de país que resista a tal abalo.
Acho que nunca me cruzei com o meritíssimo, mas trilhámos em comum muitos caminhos. Confio que ele sabe, mesmo quando tudo parece desmoronar-se à nossa volta, que o básico é confiarmos nos pilares, nas traves e sobretudo nos alicerces da construção de mil anos que nos trouxeram até ao Estado de direito, à ética republicana e à democracia. Ignorá-los seriam mil anos de civilização e Portugal a morrer dentro de nós.
Acontece que Carlos Alexandre é juiz e eu sou jornalista. Ao melhor dos meus amigos eu diria, de caras: detém-te no direito e faz justiça! Deixa as notícias com o jornalismo, onde o desafio é o da credibilidade. Esta é a altura de estarmos, uns e outros, ao nível do melhor de nós mesmos. O país e os portugueses não merecem menos.
Quem escreve isto, hoje, no JN (sublinhados meus), não é um órfão socrático ou viúva da irmandade chucha.
Quem dá lições de jornalismo a um juiz é um alegado jornalista.
Está bem. Mesmo tratando-se de um jornalista que, hèlas, passou por Macau num período faustoso para uma certa maneira de estar e de viver com o regime, a coberto das amizades e conluios vários que, no regresso, o deixaram a fazer a gestão da Lusa informação tuga - exactamente, no período de só cretinismo onde era proibido escrever certas palavras (crise, justiça, défice, dívida) nas notícias dignas de agência! Tudo isso foi denunciado ao tempo, embora muita gente, inclusive jornalistas, o esqueça... Como esqueceram a forma vil como Sócrates condicionou a Informação no País e quis silenciar, além de perseguir vorazmente, jornalistas como nenhum outro dirigente da Nação.
Este gestor que virou traste jornalista - como se o gestor ex-cervejeiro da Ponte passasse a relatar os jogos da Champions na RTP - além da bondade (lá saberá) de acreditar não haver perigo de fuga do detido, além de tolerante também, também é um jornalista eventual, ocasional, pontual que, pasme-se, recusa o alarido me(r)diático, mas labora sobre um arroz de "Polvo" de Justiça e Estados falhados como se não saiba do mix tóxico da coisa e quiçá não tenha estado por dentro e conhecendo a famiglia chucha.
Este tipo que se dá ares tão doutorais, denunciando-se nas dores alheias, é só o novo director do Jornal de Notícias, Afonso Camões. Só cretino maior seria difícil de encontrar e da sua nomeação, este mês, logo dei o alerta do que aí vem.
O JN será a última vítima do estado de coisas que arruinou a Imprensa livre do Norte de Portugal e do qual resta como único representante e tão grande já foi!
Há 10 anos, precisamente, estalado o Apito Dourado, lembro-me do antecessor José Leite Pereira, outro ex-maoista no seu tempo de juventude patética e delirante, dizer que, da equipa justicialista da Mizé Tung Morgado esperava um êxito (sic) na demanda doentia investigativa ou seria a Justiça a cair no ridículo - eram grandes as expectativas logo no dealbar do golpe que o portuense JN acatou como seu!
Mais sobre a matéria.
Casualmente, depois do almoço que para mim foi tardio, dei de contas com a "Antena Aberta", na RTPI, depois das 15h. Convidado o Camilo Lourenço que a maioria dos canais despreza por ser inconveniente para o politicamente correcto. E uma tal Rosário Lira, dizem que da Antena Um no Porto que mostrou, igualmente, um discurso delirante e totalmente ao arrepio do Jornalismo.
Concordo que há excessos me(r)diáticos mas não é novidade para ninguém e ajuda a separar o trigo do joio no lixo informativo: não se pode, não se deve é falar da Justiça e esquecer o alvo das investigações, como se voltou agora a fazer. Que há ainda quebras do segredo de justiça, mas agora até se revelaram muito menos do que noutras ocasiões, o que significa que estão a acertar agulhas e a diminuir os prejuízos para os detidos em termos de reputação e imagem, é evidente, mas não foi neste caso tão gravoso como no passado. Nem tem comparação. Mas dou toda a razão neste ponto. Porém...
Agora, ver jornalistas a cavalgarem a onda de pretensa indignação porque alguém logrou filmar a chegada e saída de Sócrates no aeroporto quase sem se ver é um excesso de cretinice saloia de gente comprometida e sempre com dores alheias. E não preocupadas com o Jornalismo!
Pior, ainda, como ouvi, é quando uma jornalista de rádio julgar achar que a PGR devia dar todas as informações básicas sobre quando, onde, a que horas e por quanto tempo uma pessoa é interrogada (sic)...
Retrógrada e bafienta, esta jornalista de meia tijela - como o Camões vesgo que espicaça a (Felícia) Cabrita como se o JN não tenha bons informadores e jornalistas na área da Justiça e com muitas e boas "cachas" sobre os meandros da Justiça - achava-se contente com meia dúzia de parcas informações e iguais para todos os OCS emitirem - salvaguardando, alegadamente, o segredo de justiça mas sonegando informação que cada OCS e cada jornalista seja capaz de sacar por si próprio e é na diferenciação que o leitor ou ouvinte escolhe o jornal, a rádio ou a TV que vê e pela qual se prefere ser informado.
Foi pena os dois números de telefone indicados em rodapé não funcionarem (?) quando tentei ligar para confrontar a jornalista da treta que quer ser servida por informação básica igual para toda a gente e poder dormir descansada quanto ao objecto da sua nobre missão.
Jornalismo centralista, radicado no Porto, tão pobre e irrelevante como o que julgam criticar, preferindo a versão unânime tipo Pravda do regime em vez da liberdade de vasculhar tudo o que for preciso para chegar à Verdade, não a da Justiça mas a que os meios jornalísticos permitirem alcançar.
Este é o sincretismo informativo não do século XIX, mas do século XXI.
Inacreditável? Não, desde que vi um ex-presidente do órgão deontológico do Sindicato dos Jornalistas, Óscar Mascarenhas, ter o comportamento que teve em processos antigos e depois aparecer como Provedor do Leitor do DN onde foi director João Marcelino que em tempos vituperou este Óscar de fraco gabarito é sempre como rever os porcos a andarem de bicicleta. Ou como o "amigo Joaquim" (Oliveira) antes tão atacado pelo Marcelino no Record se tornou no super-director dos OCS da Controlinveste do mesmo "amigo Joaquim" (citação de Armando Vara para José Sócrates, este mesmo lembrando a Ricciardi Espírito Santo que o primo Ricardo não se esquecesse do "amigo de Paris").
E não é que os amigos, mesmo motoristas, ganham para pagar a advogados de cartel?...
Amigos destes são o terror da informação democrática e livre, por muito bem que falem e presunção distribuam para o Povo ler as suas patacoadas. Os indignados com a República dos Juízes e a crise do regime. Mas o que os jornalistas deviam discutir dias a fio, e hoje pouco se falou das andanças já reveladas quanto aos indícios de crimes vários, é aquilo que queima jornalistas e comentadeiros comprometidos. E recuperar nuances passadas sobre matéria fiscal, enriquecimento ilícito que o PS nunca quis legislar na AR nem enquanto Governo nemk agora na Oposição, e coisas realmente relacionadas e não teorias da conspiração. Porque dar livre-arbítrio a comentadores e seus predilectos ídolos de barro é o câncro das tv's e colunas de opinião inenarráveis e indesculpáveis.
Nem de propósito, todos especados à espera das medidas de coacção de Sócrates y sus muchachos, dei comigo a ver o Marcelino falar da Justiça e não da Corrupção na abertura do telejornal apresentado pela viúva Esteves. E logo seguido do sonso beirão Pinto Monteiro, que em tempos aderiu a literatura de cordel da Carolina Salgado também aspergida mas sem Espírito Santo, falar do almoço, em segredo revelado pelo Sol e a Cabrita no domingo como revelador do que é a gente denunciada e não do Jornalismo de investigação, em que Sócrates apareceria de ganga ou de gravata, à espera 10 minutos ou uma hora, e patati patatá do ex-PGR que encobriu os escândalos ("não havia corrupção", nem na comprovada ficha dupla de Sócrates na AR enquanto deputedo) socráticos uns atrás dos outros e mandou destruir escutas sem poder fazê-lo - outro que devia ser investigado pelos seus pares que ajudou a perseguir numa tentativa de manietar a Justiça como foi a de manipular, comprando, vários OCS.
O Porto definhou com esta mentalidade tacanha e servilista centrada em Lisboa e no Poder servido na capital.
Entretanto, os telejornais esgotaram a adrenalina para desespero dos pacóvios pivots e editores de pacotilha. Até eu fartei, desconfiando que a demora da notícia do dia teria a ver com a minha teoria da conspiração de que há muitos indícios e crimes para pôr no papel que, lido, servirá de entertainer para comentadeiros do regime e vilões associados, mas tive de sair, por uns dias, e fechar a loja.
De qualquer modo, a minha acusação está feita e creio que bem fundamentada. Tenho nojo desta gente e nunca me dei com gente de quem tivesse nojo.
Sem comentários:
Enviar um comentário