18 maio 2015

2 no Nacional+2 em Belém

Apesar de seguir, enfastiado, o péssimo jogo do FC Porto em Belém, via Twitter, dando conta do meu desagrado desde o início e com o incómodo de nem o frouxo golo de Jackson me suscitar algum entusiasmo, não consegui por diversos motivos actualizar o blog para pôr os pontos nos ii. Genericamente, dizia, o FC Porto roçou o ridículo (ainda com 0-0), o 0-1 foi fortuito na concretização apesar de o FC Porto assediar a baliza do Restelo mas com o Belenenses a criar mais oportunidades de golo na cara de Helton inclusive; e era claro que, mesmo a perder e refugiado no seu meio-campo quando devia lutar pela vitória que lhe abrisse um lugar europeu na tabela, o Belenenses iria incomodar os pategos médios portistas.
Hernâni voltou a mostrar que pode ter muita vontade, e mais corrida, mas é demasiado mau tecnicamente para resolver no 1x1 (uma vez na área azul) e numa ocasião em que podia sair em contra-ataque a aproveitar a sua velocidade deixou morrer o jogo e tocar a bola para trás.
Esta falta de decisão e empenho demonstram, mesmo num recém-chegado, o ponto de não retorno do FC Porto, porque é extensiva a todos os médios em que se pode incluir o ex-vitoriano sendo um flanqueador/extremo. Porque a linha média do FC Porto não só passou a 2ª parte a jogar para trás e para o lado - o Belenenses a perder continuava refugiado no seu meio terreno - como quando tocava a bola no meio terreno do Belenenses era patética e estapafúrdia a eficácia de passe dos médios portistas.
Não é que fosse esperado o golo do empate, mas sendo a equipa portista incapaz de se galvanizar sabendo do resultado empatado do Benfica em Guimarães não era admissível deixar cair a dinâmica frouxa e a intensidade de jogo inexistente - prova de perdas sucessivas de bola no 1x1 mesmo com Evandro em campo - para deixar fugir mais uma vitória que, somada à mesma aselhice do jogo com o Nacional depois de o Benfica ter perdido em Vila do Conde horas antes, demonstra como o FC Porto entregou os pontos e o título.
Uma vergonha, leio agora na última página do JN, a motivar a ida de umas centenas de adeptos, alguns vindos do Restelo, para apupar os jogadores na chegada ao Dragão.
Continuo a achar que a pasmaceira de uma SAD paquidérmica e anquilosada é a responsável pelo descalabro desportivo do FC Porto em risco de se acentuar mais na próxima época.
A obrigação de lutar até à última jornada não foi cumprida e era o mínimo exigível. Eu pelo menos não acreditava na conquista do campeonato, atendendo à formação da equipa e a inexperiência global patentes desde o início da época, a que se somaram uma inusitada quantidade de resultados forjados pelos árbitros. Mas exigia e esperava que a equipa lutasse. Não lutou. Traiu-se a si mesma. Não é digna de aplausos. Merece o vexame. Porque se entregou sem lutar. Perdeu.
Como a falta de ambição, de decisão, de expressão, toda a tristeza que marca a actuação institucional do FC Porto está espelhada na equipa. E este mal-estar não é de agora.
Em cada campeonato vou sempre lembrar-me de Vítor Pereira: percebeu bem que a "estrutura" não é o que dizem dela e não merecia os adeptos que tinha no seu encalço. Para mim ele sai sempre a ganhar. E talvez seja altura de guardarem no Museu um lugar para o último treinador campeão pelo FC Porto. Mas isto também já digo desde que ele cá estava.

2 comentários:

  1. "...Porque se entregou sem lutar. Perdeu.

    Como a falta de ambição, de decisão, de expressão, toda a tristeza que marca a actuação institucional do FC Porto está espelhada na equipa. E este mal-estar não é de agora."

    Subscrevo inteiramente...

    Acho que já com Jesualdo se começou a sentir algum baixar de guarda por parte da SAD, mas o ano de Vilas Boas onde se ganhou tudo veio disfarçar um pouco isso...
    Mas principalmente nos anos de Vitor Pereira á frente da equipa, a SAD já ligava muito mais ao retorno financeiro do que ao retorno desportivo de titulos...
    E como no ano seguinte vem Paulo Fonseca, sem estaleca para o cargo, numa aposta de tremendo risco, isto no ano a seguir ao Benfica ter perdido tudo e nós continuamos a não perceber que o caminho só levava a um sentido.
    Não digo que não seja muito importante o factor económico, mas o que o Presidente sempre nos habituou foi que era sempre mais importante vencer, principalmente em Lisboa e mostrar lá a nossa força...
    E com a perda continua dessa identidade do clube, ficamos iguais aos outros de Lisboa...

    Este ano foi mais do mesmo ao nivel da SAD, só o treinador é que teve vontade de algo mais, talvez lhe falte alguma capacidade de motivar os jogadores para o nosso campeonato e a pouca experiencia e conhecimento o tenham levado a perder pontos que agora fariam diferença...

    Mas quando os jogadores não querem ou não sabem mais ou têm pouca vontade de vencer titulos, é dificil um treinador fazer a diferença...
    Lembro que o FCP já venceu campeonatos com piores planteis e equipas, mas com uma força e uma vontade de levar o mundo ás costas inquebrantável...
    Essa força que o Presidente passava e que agora já ninguêm no plantel sabe o que é...

    "Como a falta de ambição, de decisão, de expressão, toda a tristeza que marca a actuação institucional do FC Porto está espelhada na equipa. E este mal-estar não é de agora."

    É triste, mas é verdade...
    A opção de nada decidir coloca o FCP como instituição num equilibrio muito instável, não á mercê das nossas capacidades, mas sim á capacidade dos adversarios que arrepiaram caminho...

    Gil Lopes

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  2. Estamos em sintonia completa. Creio dar uma achega no post de hoje já publicado.

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