07 maio 2015

O futebol pode ser muito cruel: Boateng vs. David Luiz e Messi=Madjer+Futre

Ainda foi só na eliminatória anterior (1/4) da Champions que Luiz Suarez marcou dois golos em Paris ao PSG com dois túneis a David Luiz antes da finalização. Mas parece que dois lances foram já esquecidos, como evoquei ontem no Twitter, face à desfaçatez com que Messi, qual Maradona a serpentear entre ingleses no México, desbaratou Boateng, ontem, no Barça implacável ante um Bayern impecável a defender... até ao 0-1.











 
Só realço isto, como fiz no Twitter ainda com 0-0 e não ligando ao resultado: nunca vi uma equipa bloquear o Barça como fez Guardiola, sem autocarro (como alguns patetas julgaram ver) mas um campo curto em todo o campo, especialmente atrás mas também assumindo o jogo à frente e sempre com mais homens à frente da bola quando se acercava da área do Barça. Estava tudo bem, parecia ir ficar 0-0 mas eu imaginava que em Munique o Barça marcaria e se não ganhasse iria passar. É muito melhor, é a melhor equipa do continente, de novo. Mas houve uma perda de bola, Dani Alves fez das poucas coisas boas ofensivas dos últimos tempos. Messi marcou de bomba. Depois estragou tudo em Boateng e com finesse mágica ampliou. Ainda serviu a vingança pessoal a Neymar e os derrotados da Alemanha no Mundial tiveram o seu dia de glória. O Barça será o primeiro finalista em Berlim, jogando primeiro a 2ª mão (3ª feira). Grandioso futebol.


 
Não faltaram, porém, as análises humorísticas. À parte os palermas da SportTV, excepto o Luís Freitas Lobo que não actuou sobre o resultado e elogiou sempre o Bayern e o espartilho táctico engendrado por Guardiola que nunca Mourinho fez, por exemplo, enquanto o Madrid de Ancelotti o faz com contundência (vide jogo em Camp Nou que podia ter ganho) mas sem tanta consistência, não faltaram piadas só por causa de Boateng. Decerto que muitos portistas exultaram com a humilhação do Bayern, mas também não é por aí que eu sigo.
 
De resto, a "novidade" ganha sempre, pela actualidade, ao dejá vu, daí a maldade feita a Boateng ter feito esquecer o ridículo duplo com que se cobriu David Luiz e nem foi ante Messi, foi só com Luis Suarez.
 
E até ganha a "novidade", atendendo a que Messi podia perfeitamente ter vencido o Mundial no Brasil pois teve jogo e oportunidades para tal no Maracanã com a Alemanha. Mas vingou-se agora, servindo uma doce vingança também a Neymar que até acabou agora a marcar. Afinal, a estrutura do Bayern era a do campeão mundial de 2014 que humilhou o Brasil (7-1) e lá se safou com a Argentina (1-0 no prolongamento) - como então escrevi, não estivesse di Maria lesionado e quase decerto ganhariam os argentinos, achei-os capazes disso.
 
O Barça desforrou-se, enfim, do 0-3 (e 0-4 da 2ª mão em Munique), aplicado pela equipa então de Heynckes quando Messi e Piquet eram uns aselhas a criarem os seus primeiros primogénitos. Como então escrevi, a felicidade de serem pais interferiu nas suas carreiras futebolísticas. Não tenho dúvidas disso. Agora que já sabem a experiência e Piqué já tem um segundo e Messi está a caminho, ambos parecem relaxados e iguais a si próprios. Parabéns.
 
O Bayern dá-se mal com o Camp Nou. Dois golos em três minutos: pior só dois em um minuto na final de 1999 com o M. United. Também o Bayern teve bola e 1-0 de avanço, mas perdeu no final com golos de Sheringham e Solskjaer.
 
Golos de rajada já em 1987 sofria o Bayern, em Viena, ante o FC Porto. Dois em dois minutos.
 
Ao rever ontem os golos de Messi, as fintas e o salto sobre os defesas, lembrei-me primeiro do arranque de Futre, ainda com 0-1,  rompendo pela direita, semeando o terror na área de Pfaff para atirar cruzado ao lado. Foi o alarme que, do outro lado do campo, soaria para o 2-1: Madjer a driblar Pfluegler na esquerda e a cruzar para Juary encostar. Pelo meio, arrancada de Futre, ainda na direita a flectir para o centro, tabela com Frasco, entrada de Futre na área, passe a Juary que cruzou curto para o calcanhar de Madjer.
 
Houvesse jornalismo a sério em Portugal, em especial na bacoquice parola das pantalhas tugas, e os lances seriam revisitados e levados à semelhança da genialidade de Messi. O Torto Canal, já agora, seria capaz de fazer um bom trabalho? 
 
Ficou a assinatura de Messi, a tortura dos adversários e a certeza de termos o único Melhor Jogador do Mundo de volta ao seu nível incomparável. E, para a série dos "recordes de Ronaldo", de novo máximo goleador da Champions, com 78 golos vs. 76. Os 78 golos são a UEFA e a CL que os conferem.

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