Danilo culminou mais uma actuação dedicada e extrema de abnegação com um golo nos instantes finais do último treino do FC Porto antes das férias. Jackson ainda teve tempo, mesmo assim, para corresponder a um dos raros bons cruzamentos de Quaresma entre os momentos em que o seu desacerto o revoltava contra placards e postes que não tinham a ver com aquilo. Parecia que Danilo, oficialmente de saída, teimava em despedir-se com elevação e acerto. O outro ponta-de-lança, Aboubakar entrado para o lugar vago do desaparecido Brahimi, tinha marcado um golo subtil numa desmarcação inteligente a que a sua capacidade técnica não corresponde inteiramente e aprimorou uma assistência com passe de ruptura que quase nunca entra, muito menos na área e com uma defesa plantada por parte do adversário em autocarro de duas linhas. Foi Aboubakar a destacar-se, enquanto Jackson falhou o inimaginável de cabeça a meio da 1ª parte e esbanjou clamorosamente o último sopro de vida que Quaresma lhe concedeu. Pior do que Jacskon só mesmo o Brahimi que ainda fez pior mais perto da baliza e já a sentir tanto o intervalo quanto a chegada das férias em que entrou desde o regresso de África em Fevereiro.
Uma noite surreal no Dragão a que acorreram uns 16 mil estóicos para não aplaudir, entre eles meia dúzia das claques que primaram pelo silêncio em geral e a ironia em particular, dispensando pás e picaretas e outras ferramentas de trabalho sério e duro que a absurda e apática SAD terá de usar para desenterrar uma equipa ganhadora durante um Verão quente e já marcado pela idiotice da mal explicada ausência de uma competição amigável mas de relevo internacional a que (a SAD) teve de sair, forçada, a terreiro para nada dizer. Nada dizer, nada fazer, nada protestar, nada mostrar, nada indicar para o futuro a não ser o atraso institucional e comunicacional a que se deixou remeter. Foi a ela, a SAD, que o silêncio, os assobios concertados por alguns minutos, o virar de costas à espera que os administradores, os patrocinadores e os accionistas encham bancadas cheias de cadeiras vazias, tudo foi dirigido. A pasmaceira do último treino com cariz oficial de competição condiz com a estupidez instalada nos corredores longe do balneário em cujas cercanias parece não existir vivalma.
Dois parágrafos que resumirão a noite patética e o fecho de uma semana que ridiculariza o FC Porto e enche de vergonha quem se sente portista: os adeptos e alguns jogadores, mesmo entre aqueles que se despediram - emotivo adeus de Danilo! - ou estariam em vias de fazê-lo, mas Jackson deve querer repensar ficar para continuar a falhar ridiculamente tanto quantos os que costuma marcar brilhando intensamente.
Mas uma nota, ainda, no fim: se José Angel foi sempre certinho, raramente comprometendo, e já nem comparo ao Quinzero que esperemos tenha assinalado condignamente a despedida sem saudades, como é ou para que é que Lopetegui o preferiu em vez de Alex Sandro senão para comprovar a inutilidade do esforçado mas limitado lateral espanhol (à imagem de Campãña, como já salientei noutra ocasião)? O Projecto 611 falhado com a cara de Antero Henrique, um chico-esperto ex-amanuense de escrita na revista que ninguém lia mas paulatinamente chegou a soba do regime pintista, não produziu um jogador de jeito para a equipa principal e nem uma amostra de um lateral-esquerdo tuga que não é possível ser inferior a Angel? Tal como a história macabra de encontrar 3º g.r. alhures sem se aproveitar tantos que passaram pelas camadas jovens?
Numa época de tão grande vazio, saber que meia equipa titular pode partir mas que meio plantel de pouco serviu é avaliar o trabalho inqualificável da SAD em prospecção e projecção para exponenciar uma equipa que prima só em falhar. A cara e a inacção dos seus responsáveis a quem eram dirigidos os civilizados protestos a que faltaram as enxadas para cavar a sepultura de uma cultura de desperdício e snobismo burgueses onde vão sendo enterradas as esperanças de recobro do que foi um clube de trabalho identificado com a cidade.
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