06 dezembro 2011

O mix que dá nicles

Já fui ouvindo as previsíveis "análises" da treta à saída do FC Porto da Champions, depois de infeliz 0-0 com o Zenit cujo pendor defensivo, também esperado em bloco baixo, inamovível e reforçado, inutilizou a opção de Hulk a ponta-de-lança - o teste esperado para perceber a falência de uma opção à falta de melhor solução. Apesar de muitas e algumas soberanas ocasiões para marcar, na 1ª parte sem Kléber na área e depois com Kléber na área mas só como pivot sem influência directa na teia defensiva contrária, ressaltou a falta de qualidade na finalização e a falta de sorte a acompanhar a enorme vontade que os portistas puseram em campo. Contudo, faltou mais Hulk e também mais James na organização e decisão de último passe ou remate, em que ambos falharam clamorosamente. Perdeu-se, até, a ocasião de ganhar o grupo, pela derrota do APOEL que consegue, com todos os favores da fortuna, perder e ser 1º, reforçando que nada da lógica imperou neste grupo esquisito que deixava tudo em aberto e deixou todos boquiabertos.
Nem sequer o FC Porto precisava de um Lacazette exterior para obter o 3º lugar que estava garantido e bem justificado. Não teve a sorte que merecia, mas também só pode culpar-se de si mesmo. Fica o amargo de boca, além do reconhecimento sóbrio de ver os jogadores darem tudo para tudo esbanjarem. Aquela mistura de sensações tão inócuas como as vitórias morais que nunca regateio.
Imperam já "análises" ligadas ao resultadismo: não passou é isto, se passasse seria seguramente uma coisa diferente. Má-fé e estupidez aliadas dão um caldo mesquinho ao habitual da comentadeirice caseira. Desde achar que só uma vitória em casa não podia dar qualificação quando em 2004 a única vitória no último jogo deu precisamente a qualificação, porque tínhamos um ponta-de-lança (McCarthy decisivo) e hoje não temos - esta sim, a grande pecha que sublinhei desde o primeiro jogo com o Shakhtar. Até à preocupação, coisa menor, de ver o lado financeiro como se 3ME não sejam possíveis alcançar na Liga Europa de Fevereiro em diante pelo menos até às meias-finais.
E não ponho a meta em Bucareste, a 9 de Maio, porque ao contrário da época passada não avalio o FC Porto favorito acima de outros, a começar pelo Valência hoje relegado pelo Chelsea (que parecia preocupação maior para certa gentinha ressabiada) para a "repescagem" com a qual discordo frontalmente, como sempre defendi ser um privilégio injusto dos 3ºs da Champions. Se faltou, claramente, um bom ponta-de-lança para sobreviver na Champions, volto a insistir, também faltará para ser levada a sério a hipótese de defender o título de Dublin.
Tudo depende, porém, da forma das equipas na Primavera, mas até lá é a avaliação que me apraz registar, até por faltar conhecer mais alguns "repescados". E que alterações eventuais no mercado de Janeiro podem influenciar as várias equipas, mas a Liga Europa só a partir daí pode ser vista de perto, até pelo sorteio duplo (dia 16) que há um ano meteu duas das favoritas (Sevilha e CSKA Moscovo) no caminho portista - e tivesse imperado a falta de sorte de hoje, bem podia ter ditado outra história em 2010-2011.
Tudo deve ser avaliado com bastantes dados na mão e não com premeditação facciosa, como já ouvi até à espera de abaixamento psicológico da equipa com reflexos no campeonato, e realismo objectivo para já extemporâneo.
Ficou aquém a expectativa na Champions, onde provavelmente o FC Porto não sobreviveria aos 1/8 pela qualidade que não tem para superar esse patamar, como não têm Zenit e APOEL e até o Benfica.
Mas nunca o resto da época poderia ser hipotecado qualquer que fosse o resultado de hoje, apesar das apressadas conclusões de gente mal formada já reactivando teorias da conspiração como as que correram há algumas semanas. Mas de muitos adeptos também sobrará o optimismo cego que negou a evidência da falta de Falcao ou substituto à altura e de alguma intranquilidade interna, preferindo dirigir o foco para o treinador. A esses restará a "exigência" de outro título europeu sabe-se lá em que condições e só  por avaliação enviesada tão doentia como as reacções pela negativa hoje ouvidas.

A partir de agora, se quiserem, descontando a ausência de Falcao que está no rival a quem o FC Porto sucedeu na Liga Europa, Vítor Pereira pode, sim, igualar AVB: ganhar campeonato, prova europeia e a Taça da Liga em vez da Taça de Portugal. Com a coragem de hoje, a determinação e o suor postos em campo é tempo de motivação e não de resignação - a tónica que prevejo para a animação telemática menosprezar o que a equipa ainda dá mostras de querer dar.

3 comentários:

  1. Por mim impunha-se agora (Janeiro) a limpeza de balneario/fechar de ciclo que deveria ter sido feita na pré-epoca aquando da deserção do sonho.
    Objectivo prioritário campeonato e a LE para segundo plano.

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  2. Estou totalmente de acordo consigo
    e
    gostaria ainda de dizer: que bonito que foi ver o estadio cheio a gritar pelo nosso clube,com aquele ambiente e aquela determinação ainda podemos fazer coisas boas esta epoca,VIVA O PORTO!
    cumprimentos
    manuel moutinho

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  3. É frustrante este afastamento prematuro da LC, ainda por cima num jogo em que quase tudo fizemos para merecermos a vitória. Faltaram os golos para ser um jogo perfeito.

    Gostei no geral do empenho de todos, jogadores e público.

    Só não gostei da ineficácia, na hora do remate.

    Enfim, resta-nos a Liga Europa.

    Temos de continuar com este espírito e esta dádiva ao jogo. Se tal acontecer estaremos mais perto do nosso grande objectivo que é vencer a Liga Zon Sagres.

    Um abraço

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