Senti durante o jogo do Porto as preocupações que Vítor Pereira - esta época mais sereno e cada vez melhor a analisar os jogos e decidir em tempo real - explicitou no final de uma vitória tão sofrida quanto natural pela cadência dos golos "sempre que necessário e logo que seja preciso". O 3-2 com o Dínamo de Kiev resultou de um jogo muito bom, tecnicamente, com golos belíssimos excepção feita ao 1-1 que Helton tem obrigação de evitar debaixo do seu nariz - ali é o g.r. que manda e mais ninguém.
A própria substituição de Moutinho, igualmente tão natural quanto incontestável apesar dos assobios da bancada pelos palermas de sempre por indistintos que sejam, tem a ver com a Selecção, tão mal orientada por Paulo Bento, e o hiato competitivo doméstico. Só que Vítor Pereira deve queixar-se dos seus responsáveis que são chamados - ou eram, talvez com esta Direcção da Liga não tenha sido assim, não sei e a manada informativa nem dá conta disto nem pensa um bocadinho no que anda a fazer de útil - a colaborar na elaboração dos calendários. É verdade, o Manuel Queiroz abordou o assunto na A1 e o FC Porto, pela experiência na matéria (e por estar perto da sede de decisão) sempre teve uma palavra importante na definição do calendário da I Liga e sua conjugação com os torneios internacionais. Mas também senti a falta de ritmo portista, por muito vontade que houvesse como se viu logo de início numa pressão que atarantou o Dínamo. Nem de propósito, a porcaria da Selecção também estragou o relvado do Dragão, irreconhecível, mas a má forma de Moutinho provoca oscilações no meio-campo.
Estamos em finais de Outubro e, já com a próxima jornada no fds, o FC Porto vai cumprir apenas 12 jogos oficiais na temporada. Isto é para os palermas adeptos da redução do campeonato, palermas que, como se sabe dos meandros políticos em Portugal, acabaram nos postos mais elevados da hierarquia. Do nefasto Taberneiro Hermínio, profeta da redução da Liga a 16 clubes, ao pomposo mas vácuo Fernando Gomes, hoje pimpantes na FPF. Isto devia corar de vergonha quem dirige o futebol em Portugal. Ou quem dirige. Afinal, para onde saltaram insígnes tugas da chico-espertice como Durão Barroso, António Guterres e Vítor Constâncio? Melhor do que eles, só o estudante de Filosofia, que nem de trabalhar precisa!...
O FC Porto oscilou de ritmo, com Moutinho "out" o meio-campo foi um passador e abusou-se das bolas longas, Fernando voltou aos balões e em dois-em-um construiu o 2-2 ucraniano bem executado por Ideye Brown. Apesar de não merecer destaque dos crónicos críticos, Vítor Pereira retirou James da faixa e deu-a a Lucho para um cruzamento de luxo que Danilo não parece nunca capaz de fazer. E a malta sul-americana lá voltou a mostrar o que Varela tentou iludir com um golaço: que a Selecção faz mal à malta do Porto.
Isto da Champions está bem encaminhado mas, como se sabe, o que interessa é o campeonato. Pelo menos a Europa está garantida na Primavera, apressou-se a tranquilizar-me a Antena Um. Pelo menos a Liga Europa já não nos escapa, contas de cabeça como se o FC Porto não estivesse a jogar para ser 1º do grupo...
Ao invés, consumado quase o (f)acto, e ainda à maneira antiga e de sempre como escrevo sem AO que interessa a outros palermas chico-espertos deste Portugal que nos surpreende sempre, e apesar de eu vir a dizer desde a última vez que o Benfica está a jogar para continuar pelo menos na Liga Europa, os palermas das tv's lá vão dando corda ao andor e apontam o 2º lugar no horizonte. Aliás, com o novo anúncio de que, além de três campeonatos em quatro anos, o Benfica vai chegar a uma final europeia, ouvi na rádio o grunho-mor dos descabelados bacocos, é ainda bem capaz de ser esta época.
Não tive muitos receios do jogo do Porto, à parte a barraca do Helton e o balão do Fernando a dar trunfos ao adversário. Nem senti alívio especial pela vitória. Mas continuo dividido, pois não sei se vamos ser campeões este ano e iremos desterrados de novo para a Liga Europa.
É que, no circo costumeiro do benfas a escassos dias de eleições à sua maneira muito demo crática como o diabo, o rival Rangel, ouvi também em viagem, diz que "o Benfica tem de ganhar este campeonato obrigatoriamente". Não sei se é já a escolher o árbitro para Barcelos ou a intimidar o Porto a resignar-se com o 2º lugar e acesso directo à Champions. Mas um garante já este campeonato e outro diz esfola com mais três seguidas. Que homens! Que virilidade!
E enquanto soube quanto custará uma virgem brasileira, não foi a questão de títulos para cá e para lá de quem parece tão habituado a comemorá-los e saber-lhes o custo e a sapiência, que fez as manchetes nas edições online à noite.
A virgindade púdica do benfas, profanada à bruta pelo saudoso Vale e Azevedo com um teatral rasgar de papéis há 15 anos, vale pelo menos 22,2 milhões, o custo de oportunidade pela recusa da proposta da Olivedesportos já que os sabichões da matéria garantiam que haveria contrato por 40ME no Verão. Verão, prometiam na Imprensa abjecta afecta, mas não se viu. Agora, a tv dos bimbos, que as audiências garantem estar em 1000 e tal parolos por dia de alienação consciente, irá transmitir os jogos deles. É só fazer as contas e perceber que só por isso ganharão pelo menos 22,3 milhões/ano.
Mais: os grunhos adeptos que expõem toda a sua estupidez crente e idiosincrasia cega, acham até que assim não só reduzem os contratos de Porto (especialmente este, que os preocupa) e Sporting indexados ao do benfas, como pensam que a Olivedesportos vai acabar só porque o Joaquim vendeu os papéis aos angolanos de quem se diz terem adiantado o money há uns anos para comprar esse negócio ruinoso dos jornais.
Verão, de novo, amanhã na Imprensa do regime, que ao rubro não está o FC Porto na Champions, nem o VP contestado pelos imbecis do costume. Amanhã, daqui a umas horas aliás, os slogans serão outros, tal como têm vindo a lume com a alma acesa como nunca por tão servis e tantos advogados do diabo. O benfas vai ser o primeiro clube no mundo a transmitir os seus jogos e, assim, para uma audiência média de 1000 e poucos parolos quotidianos, um microcosmo na imensidão desse universo cuja estupidez não tem limites como preconizou Einstein sem conhecer este grande cómico cosmos vermelho para além do pó de Marte, auferirá em publicidade 22,3 milhões pelo menos para provar a Oliveira quem sabe disto.
Para o ramalhete ficar completo, com Vieira a falar de magistrados como quem come tremoços, só falta dizer que a expertise de Moniz na televisão, usada como argumento para "vender os direitos tv a si próprio", de que nem Vale e Azevedo se lembrou e depois de o estádio passar para a SAD como quem não quer a coisa, só falta dizer que o Governo está contra o Benfica desvalorizando o interesse público dos jogos da bola!
A triste notícia revela-nos, porém, aumentando a crise que nos desatina e o mau-humor que nos desanima, que o presidente vai levar o rival, por sinal juiz, a tribunal, por este dizer que o benfas está pobre e alguns ricos. Por acaso, hoje na Bola que li num café - e há que tempos não pegava nesse papel -, Rangel não disse só isso de ricos e pobres. Disse que o seu "nome estava limpo como sócio e no âmbito da Justiça".
Ainda pensei que fossse incriminado por isso, mas o pó branco tira às pessoas a percepção correcta da realidade. Afinal, quem se mede nos meandros da Justiça também não se escandalizou quando um comunicado do FC Porto aludiu a "vergonha é ser condenado por roubo".
E o ladrão é ele?
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