21 abril 2016

O livro vermelho que o Politburo do Dragão deve ler (3)

Vou só continuar o tema dos órgãos dirigentes e dos mecanismos inexistentes na débil estrutura organizacional do FC Porto. Deixarei para amanhã o tema do "líder" e do "carisma" ou populismo, até por há uns meses ter dedicado uma semana inteira a centrar o fracasso em Pinto da Costa provando que não é um líder e muito menos o que pode fortalecer um clube amorfo e uma estrutura desacreditada. Depois, abordarei a sucessão, até por o presidente ter falado nela ainda sem ter completado um 13o mandato falhado mas com um salto eleitoral apalhaçado como fosse necessário, mas foi oportuno, um golpe palaciano para eternizar o regime norte-coreano e a crise de valores que aniquilou o clube. Precisamente por ter faltado liderança, carisma importa menos, e acima de tudo conhecimento. Podem assobiar para o ar, mas já de há muito falo nisto, não aproveito a era má nem desisto como os dos efe-erre-a das vitórias desistem por aí. Os novos vassalos e os velhos louvaminheiros fazem o que lhes é costumeiro, palha não falta.
 Podem consultar a net sobre Peter Drucker e apanhar, em brasiles, soundbytes assim. Do livro novo que condensa o seu pensamento de Gestão há muito a extrair. Como avaliar o FC Porto sob este prisma?
Drucker acentua a "responsabilidade"  na Gestão. Não tem de ser "empresarial", de "negócios" mas tão só "o órgão governante de todas as instituições da sociedade moderna". E "a Gestão está entre as maiores inovações sociais do séc XX".
O FC Porto atingiu a hegemonia, aproveitando as suas forças e as oportunidades que surgiram, beneficiando das fraquezas alheias conhecidas. Como é possível de uma posição cimeira passar para plano secundário que começa a ser terciário? O FC Porto não se defendeu em campo e fora dele, gastou recursos e desaproveitou oportunidades, algo que sucedeu em 2000 e volta a repetir-se agora com a ideia de não poder evitar o retrocesso.
Os erros de planeamento e Gestão do plantel são conhecidos, manancial das discussões nos últimos anos. Mas as deficiências de funcionamento já eram públicas mesmo quando ganhava. A propósito do scouting que se tem falado, a par do falhado projecto Visão 611, a mim começou a preocupar-me quando foi assumido que contratar Lisandro Lopez e Radamel Falcao foi mérito da atenção do Benfica. E tantos flops chegaram quando ainda havia olheiros e emissários na América do Sul e víamos chegar craques desconhecidos a toda a Europa, sendo o Shakhtar Donetsk uma montra para tudo aquilo que não se via. Fiquei alerta. E não chegar ninguém de jeito depois, à excepção de Jackson, confirma que as observações foram descartadas ou deixaram de existir. Sobrou o catálogo da Doyen...
Na era do conhecimento fácil e universal,  de viagens rápidas e acessíveis, aos streamings e montes de jogos televisionados, nada de jeito chegou com impacto. O clube perdeu a BATALHA por inacção. Mas de fracasso em fracasso, criou-se o CEO da bola. Reinaldo Teles ainda é o senhor, óptima pessoa,  do futebol mas está por favor de Pinto da Costa. Como outros noutros departamentos. E o amiguismo e amadorismo deram lugar ao comodismo e à fatal entropia da organização, como aponta Drucker.
Os dois títulos de Vítor Pereira, a quem dei sempre o mérito total a par dos jogadores, disfarçaram a queda que seria brutal depois de 2011, o ano invulgar, feliz e anacrónico que valeu quase todas as conquistas. Na verdade, não fosse isso, e depois de AVB ter, ele sim, recriado o ADN perdido do Ser Porto, e a crise teria começado há 5 anos. Porque os sinais de aviso não foram interpretados, ou lidos apenas, pela Gestão que sabia tanto, fazia ganhar com qualquer treinador mas que avaliou mal, autoavaliou-se pessimamente e acabou desacreditada totalmente.
Eu nao
Lembre-se, ainda, como o 3o lugar de 2010 levantou a polémica dos prémios de gestão pelo "inconseguimento".  E que motivou alteração das regalias. Tal como a fraude eleitoral de agora trará democracia ao próximo acto, assim o esperamos.
Como tudo falhou? Com confusão de "gestões" e falhas de supervisão, outra coisa agora na berra. Quem controlava a coisa? Quem média os resultados? Como se avaliava gente a ganhar meio milhão de euros anuais, o presidente, e um quarto de milhão os vogais? Ninguém!
"Os executivos têm de se certificar de que conseguem analisar eficazmente os dados", escreveu Drucker ciente da "literacia da Informação" e de como "a organização do conhecimento é estruturada em torno da Informação, não dá hierarquia".  Ora, o FC Porto perdeu o esforço de scouting, como tem perdido a BATALHA da Informação pura, mesmo defendendo, mal, o seu bom nome.
Custa acreditar que gente experiente, que era marca da "estrutura", se tenha deixado PERDER... Foi de propósito,  porquê? ; ou mesmo por incompetência generalizada em nome do Princípio de Peter?
Eu podia falar de várias pessoas que nunca entendi o que faziam no FC Porto, do advogado Daniel Pereira a quem não se conhece um pensamento ou ouviu um grito como representante do clube em várias reuniões, ao director-geral da SAD Paiva Brandão de quem não de conhece uma medida como gestor ou um pensamento inovador. Mas é a "estrutura" que está em causa, repito, e só o presidente tem a responsabilidade. Mas diz, agora, para outras vozes defenderem o FC Porto.
O que cristalizou foi confundir competências de análise, controlo, verificação, execução e "premiaçao".
Há um CA, um CEO, tudo entre amigos e protegidos. Drucker preconiza o que no FC Porto não se vê e justifica o fracasso de funcionamento, terminada a inércia que manteve a carruagem em movimento. Pede-se um Conselho de Análise, de pessoas experientes e integras, para aconselhar a gestão de topo. Não deve ser o Conselho Consultivo, do clube e um proforma para agregar figuras conhecidas tendentes a incensar o presidente. "Alguém tem de se certificar de que os objectivos estão a ser definidos e de que estão a ser desenvolvidas estratégias. Alguém tem de lançar um olhar crítico ao planeamento, à sua política de investimento de capital e ao seu orçamento de gastos geridos. Alguém tem de monitorizar as decisões relativas às pessoas e aos problemas da organização".  Só se sabe de Pinto da Costa...
"Um CA capaz de remover gestores de topo incompetentes ou com mau desempenho tem um grande poder". Mas quem manda mais? Pinto da Costa...
"É preciso um Órgão de Relações Públicas e" Comunitárias", para passar informação relevante aos decisores de topo e informar o público afecto". Não há...
"Cada instituição será mais forte quanto mais claramente definir os seus objectivos. Será mais eficaz quanto mais bitolas houver para medir o seu desempenho. Será mais legítima quanto mais estreitamente basear a sua autoridade na justificação pelo desempenho". Vejam-se as críticas dos últimos anos e a incompreensão sobre muitos factos da vida da SAD e percebe-se que nada funciona devidamente.





Falaremos então do líder, carisma ou falta dele, e do negócio em causa, com lucros ou não.

6 comentários:

  1. Caro Zé Luís, Paiva Brandão, saiu há meses da SAD.

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    1. Obrigado Pedro. Não sabia, confesso. Mas lembro do momento da entrada dele. Para Director Geral da SAD. Cargo que terá sido extinto com o advento do CEO?Quem sabe? Porque Sucede? E o que fez PB ninguém sabe nada. Era aí que eu queria chegar
      Que inovação trouxe, o que definiu ou melhorou? E por aí fora...

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    2. Obrigado Pedro. Não sabia, confesso. Mas lembro do momento da entrada dele. Para Director Geral da SAD. Cargo que terá sido extinto com o advento do CEO?Quem sabe? Porque Sucede? E o que fez PB ninguém sabe nada. Era aí que eu queria chegar
      Que inovação trouxe, o que definiu ou melhorou? E por aí fora...

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  2. Muito bem.É preciso pôr o dedo na ferida e levantar questões pois só assim é que se avança. O endeusamento de quem vive dos louros do passado tem de acabar.A incompetência não pode ser premiada. Infelizmente ninguém parece querer ver que PC já não tem nada a ver com o original pois esse seria o primeiro a correr com este.

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