19 março 2009

Milagres à Luz de uns pontitos

e 2004 revisitado pelo FC Porto

Os dragões estão muito longe do título. Por ter tido cinco pontos de avanço a quatro jornadas do fim está em julgamento um caso surreal que, como o Sócrates das mentiras, nos remete para a influência “da tríade comunista” sobre o funcionamento da Justiça e da Verdade Desportiva…

Agora é fácil vaticinar que o FC Porto será campeão. Mas nunca fiando, o FC Porto tem tudo a perder, agora mais por acréscimo de dificuldades, que é no que confiam os rivais sem estofo para ganharem coisa alguma de jeito e que esperam não ter o tricampeão rabo para mais de uma poltrona. Suprema ironia, ao 4º ano AD (Apito Dourado) o FC Porto estar posicionado como então quando levou campeonato e Liga europeia e atingiu a final que mais conta no Jamor.

Quatro pontos de avanço em oito jornadas é pouco mais que alguma coisa. Seis de atraso do Madrid para o Barça não são nada, diz Robben. Não é por acaso que Sporting e Benfica multiplicam declarações a atestar a sua cega confiança (?) no título nacional. Eles acreditam, ou dizem-no sem se rirem das patéticas figuras nos jogos mais complicados onde tremem por falta da confiança que querem alardear – quando não se borram de medo ante opositores de outra “estratosfera”, um vocábulo quique ou chic se preferirem.

Talvez as actuações (menos) próprias de Benfica e Sporting os façam delirar. Quiçá actuações convenientes como as recentes de João “Pode vir o João” Ferreira, no Porto-Sporting e no Naval-Benfica estimulem esse apetite de quem se acha competitivo.

Em julgamento
Quatro pontos (cinco, na verdade, pelo desempate) de avanço são coisa pouca mesmo que faltassem quatro jornadas para o fim. Afinal, é isso que está em causa num julgamento forçado em Gaia e que muitos multiplicaram com suspeitas infundadas a respeito de um alegado caso de suborno que só deu para empatar! Os arautos do regime, seduzidos pelo cântico dos pregadores da moral, da transparência e da legalidade no futebol, vão perdendo o ar. Descrentes até no intervencionismo pidesco do MP digno de outros tempos e ideologias, manobrando com inusitado à-vontade e duvidosa legalidade à porta do tribunal. Mas crentes numa troca de testemunhos de suspeita vontade própria, ainda alimentam esperanças. Embora frouxas, como as dos clubes lisbonenses no campeonato, estas esperanças é que de Gaia saia um sinal para o mundo de que o Desporto está livre de suspeitas. Como diria o sonso PGR que, de tanta dedicação à literatura já corrige erros nas propostas de Lei sobre Justiça, atento à vírgula entre o sujeito e o predicado, nada será como dantes após o Apito Dourado. Resta saber se não será pior, com as coisas feitas por outro lado e a lama na ventoinha dirigida aos outros, que na capital do Império falido lá continuam intocáveis.

Eram cinco pontos de avanço que o FC Porto tinha à 30ª jornada em 2003-2004. Argumenta-se que, numa visita de Augusto Duarte para café e chocolatinhos, na versão alternadeira que só ganha credibilidade como qualquer outra que se vire para o outro lado, o FC Porto tratava de segurar o seu avanço, alegadamente comprando os favores do árbitro, com o Sporting ao pé e a Champions a exigir mais esforço e dispersão de energias aos dragões.

O Sporting, recorde-se, que tinha não só dois jogos seguidos fora, e de grau de dificuldade historicamente elevado, mas a seguir ainda recebia o Benfica. Pois, o Sporting que, antes afastado pelo Vitória sadino então na II Divisão para a Taça de Portugal e pelo colosso Genclerbirligi na UEFA com uma derrota caseira que, ligeiramente inferior, pouco fica a dever aos 5 do Bayern em Alvalade, tinha esse calendário à 30ª (Bessa), 31ª (Leiria) e 32ª (dérbi) jornadas. Até acabou derrotado nos três jogos e mesmo ultrapassado pelo Benfica no tal despique directo.

Este o contexto competitivo que, no final, marcou 8 pontos de avanço do FC Porto sobre o 2º e 9 sobre o 3º classificados. Mas há mais, agora que temos tempo para dissecar o que está em jogo, a verdade que deve ser dita ao fim de oito ou nove meses de escutas, quilómetros de fita de gravação, milhões de gastos com investigações que pariram um rato e anos de desinformação em forma toxicológica mortificante.

O árbitro, esse, apitou o único jogo do FC Porto nessa época na Liga, na média de um jogo do FC Porto por época, nos dois anos anteriores, mas o suficiente para ser descrito Augusto Duarte como visita frequente a casa de Pinto da Costa. O contexto do árbitro, pouco propício a eventual corrupção por estar desfasado até de jogos decisivos, foi este, tal como a regularidade de um jogo por época para Jacinto Paixão – implicado no jogo com o E. Amadora por ter pedido a um amigo que por terceiros arranjasse umas garotas de programa sem consultar os anúncios de relax que já então polvilhavam os jornais – nos jogos do FC Porto afastam qualquer cenário de reiterados contactos para viciar resultados que nos jogos em apreço não tiveram nem celeuma nem dúvidas no marcador.

Acresce, no contexto do jogo, que foi um 0-0 com pouca ocasiões de golo, muitas faltas e a maioria delas para o Beira-Mar: 29-11 o desnível das faltas a que não correspondeu o número de cartões. Amarelos distribuídos foram 2-3 com penalização para o FC Porto, dados estatísticos da Imprensa da época cujos autores deviam ter a decência de os recuperarem para acabar com suspeitas de vez; mas preferem omitir os dados factuais relevantes em favor de medrar a desconfiança e acumular boatos e desconfianças sobre os intérpretes do jogo.

Milagres e justiça divina
A actual vantagem portista no campeonato, a oito jornadas do fim, não é, portanto, nada que não possa ser esgrimido até Maio, em campo ou fora dele. Se o caso do Beira-Mar-FC Porto motiva um julgamento sem nexo, e testemunhas mais ou menos credíveis, consoante a altura do ano, que se desacreditaram a si próprias, que fará esta curta liderança actual da equipa que hoje é de Jesualdo “Mourinho” Ferreira?…

Maio, porém, é o mês de Maria e já se multiplicam as rezas e as crenças num desenlace mais extraordinário do que é suposto esperar do Tribunal de Gaia. Não é só Pinto da Costa a clamar pela justiça divina, parece que Luís Filipe Vieira está tão inclinado para esse mundo da crença e do metafísico como para combinar árbitros, impunemente, por telemóvel em actos bem reais a que não se deu a devida relevância quanto à moral e aos costumes.

Na semana em que teve o favor do apito avermelhado de João Ferreira, o presidente do Benfica terá dito que o futebol português prosseguirá no caminho da credibilização, enquanto prefere “manter o rumo” no seu clube, para deleite do FC Porto e confirmação inelutável do 3º lugar com a honrosa excepção da época passada…

Mais prosaico, Quique Flores não desarma perante os factos à vista de todos, olhando para a “estratosfera” onde não vê maneira de lá chegar e bendizendo o facto de ser um milagre estar tão perto do clube que há um ano ganhou o campeonato por 20 pontos.

Bandeira “justicialista”
Mas faz bem, “no seu rumo certo e firme”, o Benfica pensar que está dignamente perto do FC Porto. Uma aproximação física, mas irreal. Porque agitar o tema da verdade desportiva quando não se joga nada e beneficia de favores de arbitragem, é o mesmo que acusar de “influência comunista” 200 mil que se congregam para contestar o Governo. Já não são 120 mil professores, são 200 mil anónimos indiferenciados que, 35 anos depois, parecem de novo uma ameaça à Democracia socrática que arrastou Portugal de volta ao pântano de onde muitos quiseram fugir com meios para tal.

Nem vale a pena alicerçar ser de elementar justiça o FC Porto voltar a ser campeão. Pelas arbitragens de velas desfraldadas para condicionarem os resultados dos jogos (com o beneplácito de Vítor Pereira em vias de ser o único profissional no sector), como há dois anos permitindo uma falsa competitividade até à última jornada pela viciação de muitas partidas, há que temer se a justiça desportiva em campo vai prevalecer. Todos os indícios recentes fazem recear o pior.

E na Justiça civil, no seu rumo certo de lentidão mas alguma eficácia apesar de tudo, os três estarolas do marxismo-leninismo, hoje estranhamente temidos em Democracia parlamentar, foram substituídos pelas três caras de um apregoado “women’s lib” para bem do futebol mas que condicionam, gravemente, um processo que é uma vergonha para o Direito já de si maltratado na justiça desportiva.

9 comentários:

  1. Procurei 6 estrelas na classificação do post mas não encontrei, entretanto nomeio o Sr Zé Luís como porta voz do meu sentimento actual...
    ALERTA: Portistas, não tirem os olhos dos espelhos retrovisores, temos de fazer uma condução defensiva.

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  2. Muito bom Zé Luis.

    O tetra está encaminhado, penso que aquilo em que todos os Portistas pensam é na champions é esse o nosso campeonato, o campeonato da cerveja é apenas o apuramento.

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  3. Excelente post Zé Luís.

    Nestes anos investigaram tudo, desde a imobiliária do NGP até ao posto de trabalho da mãe do Anderson. Maria José Morgado faz o Torquemada parecer um menino do coro.

    Desde que começou a fantochada do apito conquistámos isto em 5 anos:
    1 Liga dos Campeões
    1 Taça Intercontinental
    4 Campeonatos
    1 Taça de Portugal
    2 Supertaças
    E vamos continuar a ganhar!!!

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  4. Excelente texto.
    É sempre bom podermos ler textos prespicazes,originais e sobretudo realistas...

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  5. Pessoal reparem na jogada desta estrela que temos emprestado ao Olhanense -Ukra-. Foi ele, que passou pelo Luisão no (benfica-olhanense), como se o defesa estivesse parado!! heheh

    http://www.youtube.com/watch?v=bJoyw-6U3AA

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  6. adezivo disse:
    «Pessoal reparem na jogada desta estrela que temos emprestado ao Olhanense -Ukra-. Foi ele, que passou pelo Luisão no (benfica-olhanense), como se o defesa estivesse parado!! heheh»

    Essa jogada foi no último domingo contra o Portimonense.

    Vê o 4º golo da Olhanense contra o Boavista: http://videos.sapo.pt/3jQkABJAjFM0QhmMtn8u

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  7. hahaha .. Aristodemos, da mesma maneira que ele passa pelo defesa do Boavista, passou pelo Luisão.. facilidade tremenda no um-pra-um!!

    Jovem em evolução!!

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  8. Zé Luis,

    Nunca confiar, porque o perigo espreita a cada esquina... aliás, será por demais evidente e expectável que até ao final, mesmo faltando umas míseras 8 jornadas e com um avanço de 4 pts para o mais directo perseguidor (que não é nada de relevante), o que não vão faltar serão adversidades nesta estrada pró TETRA. As encomendadas, serão muitas mais do que aquelas a quem não se reconhecerão dono.

    A ver vamos... exige-se máxima atenção aos perigos!!

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  9. o ukra é um jovem com um belo potencial. ainda bem que há mais portistas a ver ... sinceramente espero que consiga evouluir de uma forma distinta do helder barbosa e vieirinha.

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