18 dezembro 2012

Quadra da treta na taça sem cheta

Com o calendário de fim de ano limitado à taça da treta agora sem cheta, não sei se já perceberam, a começar pelas cabecinhas pensadoras da pasquinagem lusitana, os problemas de um desporto cada vez mais sem rei nem roque. O Porto joga amanhã no Nacional sem VP ter desculpas para não apresentar a melhor equipa. O fiasco da Taça de Portugal ficará como mancha indelével nas suas decisões e nas memórias de todos os que afiançam não compreender o "limited service" em Braga. E, como é bom de ver, para o Porto passar o ano bem, jogando ainda no Estoril no dia 30, não pode adiar a coisa do apuramento. Ganhar na Choupana, onde já passou a meio gás na Taça de Portugal, é meio caminho andado para vencer o grupo e jogar a semifinal em casa com o que sair da dupla Braga-Guimarães. Não é que, isto, a mim importe muito, este ano não ligo a taça alguma, dessas de trazer por casa das quais não vi qualquer jogo.

Nesta perspectiva, vou mais longe do que o José Correia, porque só admito poupanças quando temos de gerir prioridades e no horizonte próximo não há nada a não ser retirar competição a quem a tem tido menos: o FC Porto não pode baixar da fasquia de 50 jogos oficiais por época, normal na década anterior (55 e até 56 jogos, recorde nacional) apesar de os últimos tempos mostrarem isso que, em suma, significa menos prestígio, dinheiro e competitividade.
 
Mas o calendário a ocupar a quadra natalícia só mesmo de uma desorganização sem futuro mas, ainda e sempre, condicionada pela redução do campeonato. Sobram datas, a taça da treta não enche a barriga a ninguém e o berbicacho do sponsor e dos direiros televisivos não dá nada a ganhar de jeito. Será que todos vão marimbar-se para isto que deixaram para fazer no final do ano?
 
Passaria pela cabeça de alguém reservar duas datas no fim do ano para uma competição desvalorizada e sem nada de importante para ganhar além e um jarro para cerveja? Pensava eu que a única coisa de jeito na prova era ocupar Janeiro com as três jornadas de grupos... O Mário Figueiredo está isolado, o Joaquim Oliveira já iniciou a querela a arrastar pelos tribunais e esta coisa não tem futuro, nunca poderia ter. Agonizante, em fim de ciclo, sobra esta mancha do calendário competitivo, que também afecta as férias que muitos jogadores já assumiam como certas no Natal. Vão comer as rabanadas em relativo sossego e recomeçam o ano com campeonato e logo de permeio nas duas jornadas de 2013 a 3ª ronda em que o Porto, espera-se que já qualificado, receberá o Setúbal com as reservas, antes de ir à Luz. Começar o ano com o Nacional que agora visitamos e depois com o Setúbal com quem deixamos pendente o acerto do campeonato para o fim da 1ª volta (dia 23 é a data por obrigação antes de começar a seguir a 2ª volta, o jogo teria de se inciar antes dessa altura) é algo que não pode ser perturbado com as duas saídas de fim de ano na taça da treta agora sem cheta a não ser diminutos dinheiros da TVI que vai parecer a Sky Sports a dar futebol de quadra natalícia embora de refugo e segunda categoria.
 
Isto depois daquela intromissão recente da selecção no Gabão, mas disso não se pode falar que as virgens púdicas de Lisboa andam a sofrer muito com a crise...
 
Realmente, quo vadis futebol português? - era uma pergunta muito em voga nos anos 80, quando também havia fome em Setúbal mas como Mário Soares era Primeiro Sinistro não se pode lembrar esses tempos gloriosos em que se dizia haver fome apenas na Somália e no... Brasil.
 
"O povo português não viveu sempre mal?, perguntava o Marocas secundado pela comandita do costume.
 
Pois, o futebol português também e para lá caminha.