16 abril 2015

(Des)Concerto no Olimpo!

Os deuses da bola também lhes dão para a maluqueira e viram tudo de pantanas às vezes. Das coisas mirabolantes lá do Olimpo onde os gregos só em fase dramática prestavam contas dos seus actos desvairados, entre parricídios e consanguinidades, numa rebaldaria descomunal, aos devaneios da bola tudo pareceu fora de controlo num louco jogo no Dragão onde sucedeu de tudo: inversão de papéis entre os mais cotados mesmo tratando-se de alemães já aquiescentes ao esforço do ajustamento tuga; uma ordem que remete a final da Champions para Berlim onde na bola não manda a Merkel e em que o potentado bávaro pode ficar fora das elucubrações mais bisonhas; um conjunto tuga brioso e ordenado como raro se vê ante estes germanos que nos povoam medos ancestrais e que seria porventura um escudo alargado ao País se a trincheirice clubística não fosse mais parvaque o insano desfile de políticos-comentadeiros e patranhos-candidatos a prebendas e sinecuras; até um reduto de normalidade em mais uma má arbitragem digna de um árbitro espanhol que é, para mim, dos mais fracos do cartaz internacional do país vizinho e que condiz com o seu perfil; e o proteccionismo, colinho em paragens mais paroquianas, dos favores arbitrais ao emblema alegadamente protegido pelos mandantes lá do aréopago, pois da sorte de Neuer não ser expulso logo a abrir não pôde o Shakhtar beneficiar na ronda anterior em Munique e Herrera na época passada com o Zenit... Capazes de tudo e o seu contrário são os árbitros de elite, também eles no panteão dos deuses que deixam todos assarapantados...
 
Mas estava mesmo tudo louco, o Jackson a entrar cheio de ganas sobre Xabi Alonso e a ganhar um penálti a Neuer; o árbitro a não cumprir disciplinarmente com o rigor próprio dos alemães mas para desfeita destes (mais tarde pouparia cartões em faltas nas quais não poupou os portugueses, lembro Lewandowski e até Bose que mereceria um segundo...); Quaresma a ungir a pressão anterior de Jackson e a roubar a bola a Dante; um inferno já quase em cuecas e mal a orgia tinha começado; uma defesa portista posicionada mas apática sem atacar a bola como no seu ataque se fazia e a permitir um golo falso; um FC Porto com uma saúde que andou escondida estas semanas e um perfil mais conservador tão a contragosto dos bávaros que preferem ter a iniciativa mas uma passadeira sobre a qual passearem a sua classe e que lhes foi negada por uma equipa brigona consciente do seu papel.
 
Ora, Lopetegui também reconheceu que o FC Porto pode ter uma inspiração (chamei "mini-mini Barça" contra o "mini-Barça" logo n o sorteio) no Barcelona que Guardiola aprimorou e ergueu ao mais alto galarim da história de futebol, mas vê no Bayern um conjunto psicossomático, enfim, mais de encontro às visceralidades e ADN desse jogo de posse e domínio absoluto da bola, optando desta vez pela pressão fortíssima.
 
Pressão em vez de Posse(ssão), eis a Questão!
 
E foi assim, com um espírito inquebrável e um corpo cheio de delitos incomuns, abençoados por Quaresma a reinar como Rei Mago numa época de céu estrelado como se não a conhecesse, lá foram os portistas a crescer para uma vitória robusta mas ainda assim traiçoeira, de novo percutante na frente sobre os centrais e Jackson, realmente em forma escondida deliberadamente ou não fossem os deuses senhores dos seus destinos, a semear o terror, qual estripador. O 3-1 chegará?, é a pergunta que se impõe, tal como saber se os alemães recuperarão pedras basilares do seu conjunto até 3ª feira, onde o FC Porto chegará sem os laterais Alex Sandro e Danilo, esta noite insuperáveis, tal como aconteceu na ida ao Bessa.
 
Até lá folgam as costas depois de tanto dar o corpo ao manifesto e o resultado até pecou por escasso e por defeito, sem paradoxo: é que foi pena o FC Porto não ter marcado 3 golos em jogadas que construiu em pleno, fazendo-os em lances que podem ser atribuídos a aselhice alheia sem desprimor para o partir da loiça que Jacko e Quaresma provocaram na prateleira do adversário.
 
E no sábado ainda há um jogo para ganhar à Académica, convindo passar o vídeo do Bayern quanto mais não seja por os adversários aparecerem equipados de preto e ser importante estimular a luta contra essa corte de fardados à moda do fanatismo islâmico.
 
Afinal, se os mais pintados nos píncaros da bola terráquea acabaram subjugados, convém não permitir ao contrário a inversão de papéis no regresso à normalidade do campeonato já de si alvo de rocambolescas diatribes que um certo andor tratou de levar ao colinho outro figurão. Porque agora há 2 jogos em 1 para gerir, o próximo e o seguinte. A ver pela forma como o hercúleo esforço foi demonstrado com jogadores prostrados no final, não conviria que as forças acabassem agora que a equipa recobrou de uma letargia que ao nível doméstico já a deveria ter deixado mais perto do pináculo celestial.
 
E se com Jackson é outra coisa, mesmo sem mudar genuinamente o "colored" atacante face a Abubakar, talvez com Tello se possa fazer mais cócegas em Munique, já não no Olímpico estádio onde um golo traiçoeiro e tardio (Linke, 89m) ditou lá a última eliminação no virar do século, precisamente por esta altura, mas no "pneumático" recinto que remete para máquinas só ao alcance dos deuses mas não imunes a furos e despistes.
 
Por falar nisso, mais do que a falta dos laterais, temo a consabida insegurança de Fabiano, de novo mal a sair da baliza e a colocar a bola com os pés. A nódoa além do golo infantilmente sofrido que deve servir de alerta de que uma batalha está ganha mas não a guerra. Porque, enfim, se ousou desafiar os deuses e é lá no Olimpo deles que se tirarão as desforras em que não costumam ser meigos, poupar intrusos e inclusive com graus de parentesco e afinidades várias.
 
Façam o favor, sem se endeusarem, de ler mais histórias de Zeus e outros Deuses para não se deixarem enfeitiçar por entusiasmos pueris e passarem por criancinhas, comidas selvaticamente como manjar dos ditos, depois de jogo tão adulto num concerto de bola como há 10 anos o Dragão não via.

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