11 maio 2012

Então, até amanhã e prò ano também!

Se alguém merece este título de campeão nacional 2011-12 é Vítor Pereira. E mais ainda depois de declarações inequívocas de Fernando, que já vêm muito depois de Hulk ter dado a entender a mesma coisa: na primeira metade da época, os jogadores não quiseram fazer mais. Fernando, mesmo nunca deixando de deixar birras e ambições contratuais fora do campo, acabou de dizê-lo com todas as letras na entrevista a O Jogo. Não replico as palavras, nem as tenho aqui nem vou procurá-las. Li-as e bastou, quem quiser faça o mesmo e, se puder, aprenda algo.

Vítor Pereira aguentou as contrariedades todas da primeira metade da época. É certo que a "estrutura" aguentou-o também. Especialmente após aquela vergonhosa derrota em Coimbra para a Taça. Uma derrota dos jogadores, como aqui deixei bem vincada a minha opinião e salvaguardando a posição do treinador que passei a defender acerrimamente. A "estrutura" defendeu o treinador que era aposta pessoal do presidente, que era um risco passá-lo de adjunto a estreante na I Liga, com todos os problemas inerentes e que implicavam uma aprendizagem natural do treinador e da SAD também nestas novas circunstâncias. E a "estrutura" aguentou-o, ainda, porque a culpa maior foi sua, não pela opção de continuidade interna na promoção do treinador, mas pelo que não preparou devidamente o contexto novo que geraria, inevitavelmente, os atritos e as questiúnculas que cedo percebemos: o player power que emergiu no balneário até à limpeza de Janeiro, como aqui apontei sem miasmas.

 
Ora, passada a primeira parte da época e passada a vergonha da eliminação da Taça (não pela derrota, mas pelo que não se jogou) e uma infeliz saída precoce da Champions, Vítor Pereira poderia sentir alívio por poder mostrar serviço na segunda parte da época. Jogou de peito aberto e perdeu com o Manchester City para um adeus definitivo à Europa, mas isso são contingências do próprio jogo em que não é, neste caso, a derrota que marca, apesar do 4-0 de Inglaterra, e desta vez sem reprimendas aos jogadores. Quando teve de ganhar para ser campeão, jogou como campeão e isso é o que se espera do FC Porto no tocante à concorrência interna. Jogou e ganhou como um campeão na Luz e em Braga. Acabou consagrado com o Sporting e em 14 de 18 pontos possíveis com os maiores rivais e candidatos está feita a sentença da Liga.
Vítor Pereira foi salvo depois desta demonstração de força, unidade e futebol na segunda metade da época? Não, passam todas as conferências de Imprensa ou monólogos televisivos a lembrar os problemas da primeira metade da época, aquela do aprendiz no seu primeiro ano de Liceu após sair da Primária. Acaba o ano doutorado em campeão, o rookie olhado de soslaio desde o início e sem o amparo mediático devotado a catedráticos do futebol que, não obstante tanta capacidade, é derrotado dois anos seguido por dois putos imberbes que coleccionam cromos, do Incrível ao Lucho, passando pelo Tigre e Polvo, em vez de notas artísticas da pimbalhada.
Nem todos os méritos portistas de Fevereiro para cá, mesmo num recurso ao mercado de reparação não isento de dúvidas e críticas, aliviaram o fardo do treinador do FC Porto, aquele que carrega o mais pesado de toda a Liga por ter o rótulo de campeão e a imensidão da hegemonia. Antes de ser campeão no sofá, depois de ser campeão em campo, a tónica nas perguntas é a dúvida sobre se fica ou até se merece ficar e o acinte de trazer à colação aquilo que é passado, penoso, que nenhum rival logrou aproveitar: um FC Porto confuso, combalido, periclitante até Dezembro/Janeiro. Tão frágil e, afinal, tão duro, não será sinónimo de tão valioso.

E na hora da vitória, das festas dos dois últimos fins-de-semana, primeiro saindo do sofá e depois do estádio, é tão triste ver adeptos portistas incapazes de reconhecerem o feito da segunda metade da época ainda apegados aos problemas conjunturais da primeira metade, seja por efeito de contágio de opiniões alheias e avulsas, seja por incapacidade própria mas partilhada com os outros de quem ouvem opiniões desfasadas da realidade e de perceberem o fenómeno do futebol, que até nos festejos senti essa tristeza de eu perceber a ignorância que ressuma, por fim, a infelicidade que se abate sobre Portugal e os sacrificios incontornácveis que se abatem sobre todas as mesmas pessoas a quem passa ao lado a perversão da Economia, as desfeitas da Contabilidade, o funil do Orçamento e o pequeno mundo do Futebol.

Não me inquieta que o Benfica não reconheça o mérito e estou a marimbar-me também para quem aponta os erros que estarão na base de mais uma derrota do Benfica e mais uma éoca de fracassos vários. De igual modo não me incomoda quem pretenda atribuir mais mérito à "estrutura" do que ao treinador e jogadores Como diz Vitor Pereira, não sobre a visão que o Benfica possa ter das coisas da bola, se fosse fácil ser campeão outros tê-lo-iam sido no Dragão e se fosse a "estrutura" a razão de ser do sucesso não teria deixado para o Benfica os títulos de 2005 e 2010, precisamente nos anos após o sucesso absoluto do FC Porto que a SAD não soube salvaguardar e esta época quase deixou escapar.

Agora, fico à espera de mais uma vitória, para na 2ª feira repegar o assunto, deixo então, como o treinador, um até sábado e, também, até prò ano. Esperando que na última conferência de Imprensa da época, após o jogo em Vila do Conde, não se toquem os mesmos enfadonhos assuntos ainda ontem aflorados e sempre na esteira do que foi aguentar toda uma época sob críticas injustas e incompreensões gravosas eivadas de má-fé.

4 comentários:

  1. Boas

    A minha época:

    Sinal mais

    Vítor Pereira – contra tudo contra todos com forte oposição interna (mesmo na estrutura) conseguiu levar a equipa a bom porto. Foi vitima de alguma inexperiência mas sobretudo de um plantel mal estruturado (demasiados laterais, centrais, médios e extremos de qualidade mas sem um ponta de lança mediano sequer) e sobretudo de um plantel mimado. Engraçado os próprios jogadores o admitirem agora no final da época. As declarações do Fernando são elucidativas.

    Hulk –Não compreendo como o publico do Dragão ainda insiste em o assobiar. Levou a equipa ao colo em vários jogos. Acabou como capitão. Deverá sair para uma equipa com mais pot€ncial. Se o Nani no manchester ganha 600.000 €uros por mês o que valerá o Incrível? Difícil de substituir. Fica no lote dos melhores que passaram pelo FCP nos últimos anos.

    Pinto da Costa – Acho que se pode e deve por em causa a sua escolha por Vítor Pereira. Acho que não a fez sozinho mas alguns que o aconselharam no inicio voltaram atrás ao longo da época. Esteve bem quando foi ao balneário após o desastre de Coimbra e segurou o treinador contra a opinião de (quase) todos. Se tivesse ido na onda dificilmente teríamos sido campeões.

    Maicon – O patinho feio que virou cisne. De mal amado a imprescindível. Uma grande época e com um golo muito especial na luz.

    Helton – Pela primeira vez desde que cá está não deu um frango ao longo da época. Seguro, confiante e a transmitir calma aos colegas. Soberba exibição contra o Nacional na Madeira

    Fernando e Moutinho – Dois jogadores que, acho eu, devem ter ficado contrariados e que devem ter recebido propostas muito melhore$ lá de fora. Não começaram bem mas fizeram ambos uma boa época. Jogadores acima da média. Acho que dos dois sairá um.

    James – Prometeu muito no inicio e apagou-se no final da época. Acho que lhe falta explosão para ser extremo. A chegada de Lucho tirou-lhe a oportunidade para se afirmar como 10. Ainda assim marcou muitos golos e foi importante. Este ano não fez pré época. Para o ano vamos precisar muito dele.

    Claques – Numa época difícil estiveram sempre ao lado da equipa. Com excepção no pós-jogo em Coimbra e em Barcelos em que houve “mosquitos por cordas”. Bom apoio, bonitas coreografias, sem registo de violência. Gostei.

    Sinal Menos:

    Pinto da Costa/SAD – Não foi só ele mas a “estrutura”. Como é presidente as responsabilidades serão dele. Após um ano em que a equipa ganhou tudo só perdeu, para além de AVB, o Falcão, a prioridade seria a contratação de um ponta de lança para entrar no onze. Em vez disso investiu-se bastante em 2 laterais (alex e danilo), um central (mangala) e um médio (defour). Não que estes jogadores não tenham qualidade, com margem de progressão e que poderão dar bom dinheiro no futuro. Mas a necessidade era um ponta de lança.

    Guarin – O exemplo de um jogador mediano que nem era titular no Saint Etienne. Fez o época boa no ano passado mas julgou-se uma espécie de Valderrama. Estragou-se. Também acho que Rolando fez uma má época mas o colombiano foi mau de mais.

    Jogos com o Apoel – OK podem dizer que esta equipa eliminou o Lyon e etc. etc. mas não conseguimos ganhar um jogo a uma equipa cujos tugas e jogadores que passaram por cá (manduca, por ex. ) tinham dificuldades em jogar no marítimo ou no Guimarães. Foi, para mim, o pior da época. Bastava uma vitória no Dragão ou um empate em Chipre e tinhamos passado aos oitavos.

    Adeptos de pipocas – Eu sei que temos fama de ser adeptos exigentes, que gostamos de bom futebol, etc. etc. mas este ano foi demais. Assisti a jogos no dragão em que os nossos jogadores aos 5 minutos já estavam a ser assobiados. Temos uma cultura de exigência que nos diferencia dos outros, mas o que é demais....

    Abraços

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  2. PS: O momento da época:

    85' estádio da luz. 2-2. Garantiamos o primeiro lugar na mesma depois de estarmos a perder 2-1. Vitor Pereira coloca Kleber em jogo para o lugar de moutinho. "É para ganhar Caralho". Ganhámos !!!

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  3. Eu desconfio dos técnicos que sendo do FC Porto, sejam acarinhados pela seita da comunicação social...é sinónimo que não passaremos de bons rapazes, como aconteceu nos dois anos em que o Sporting foi campeão, bem como no título do Boavista.

    Quanto aos assobios. Infelizmente nem todos percebem de futebol, e acham que os outros tem que ser os vencedores, daquilo que eles nas suas vidas não conseguem ser.
    Basta ver a consagração de Falcao numa equipa mediana como o Atlético, e depois venham com o estapafúrdio das afirmações que foi a SAD, ou a famosa organização que foi responsável pela vitória deste campeonato. Foi VPereira e também Pinto da Costa, que não se deixou comer, como o foi em 2004-2005, também com outro Vítor mas de nome Fernandez. A vitória é deles, e por isso o forte abraço que os dois trocaram na varanda do estádio. Fica bem aos jogadores assumirem os seus erros. Para além do vergonhoso exemplo que transmitiram em Coimbra, o jogo em Manchester foi outro bom exemplo das peneiras e dos tiques de vedetas.
    Como é que se pode afirmar que foi a SAD a obreira do título quando deixa ficar a tropa toda que depois teve que limpar em Dezembro?

    Mais muito mais haveria a dizer, mas a tudo isso o VP deu o corpo às balas, e demonstrou que o seu amor pelo FC Porto é imenso, para suportar em silêncio o que lhe deram. Antes quebrar que torcer.
    Por mim ficava de caras mais um ano, com a limpeza de mais 1 ou 2 jogadores.

    http://portodragoinfire.blogspot.pt/

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  4. ..."Acaba o ano doutorado em campeão, o rookie olhado de soslaio desde o início e sem o amparo mediático devotado a catedráticos do futebol que, não obstante tanta capacidade, é derrotado dois anos seguido por dois putos imberbes que coleccionam cromos, do Incrível ao Lucho, passando pelo Tigre e Polvo, em vez de notas artísticas da pimbalhada."...


    Em cheio !

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