Parece, hoje, que a preocupação é outra, pelo alarme que senti ao almoço nalguns telejornais. Estará para ser lida uma apreciação num tribunal (instrução de um processo, que pode seguir para julgamento ou ser liminarmente arquivado) sobre uns desacatos num túnel em finais de 2009. Revi as imagens, entretanto, com dirigentes locais de mãos nos bolsos, enquanto uns seguranças da entidade organizadora do evento suscitavam a ira de jogadores visitantes já indignados pelo roubo de arbitragem sofrido em campo e indisponíveis para piropos antidesportivos confirmados em sede de inquérito disciplinar da Liga.
Mais uma ocasião para sobredimensionar-se o aspecto social, cível neste caso, e desvalorizar-se o lado desportivo, de resto derrotado em sede de recurso nas instâncias próprias, passando dos inacreditáveis três e quatro meses de suspensão, do Bosta da Liga de então, aos três e quatro jogos de castigo, do CJ da FPF, que reduziram as penas em três e quatro vezes jogos de suspensão efectivamente cumpridos por Hulk e Sapunaru. É toda uma diferença de perspectiva, atitude face ao ilícito e dimensão da visão informativa que dá noção do ridículo a que se chegou.
Não bastava o investimento do patrão JM a desmobilizar tanta gente em dia de 1º de Maio e ler-se tanta análise estapafúrdia que retira o essencial: num caso, o lado desportivo prevaleceu mas não está a ser cumprido no adiamento sine die do caso de Jorge Jesus, proferido há dois meses no final do Benfica-Porto (2-3); noutro caso, o consumidor confirmou ser adepto da abertura dos hipermercados aos domingos e feriados, e trabalho é bom para trabalhadores e patrões, com benefícios para o consumidor, no caso vertente.
Digam-me, num caso de faca e alguidar num filme de série B em túnel mal frequentado, que benefício há para o futebol a leitura da sentença do tribunal esta tarde, tratando-se de um caso cível (especule-se sobre reflexos nas competições desportivas e esvazia-se o argumento das potenciais consequências, com o arrastar da questão em tribunal por anos até os jogadores acabarem as suas carreiras e pelo menos nem estarem em Portugal se até lá alguma sentença, definitiva e contra os arguidos que são vários jogadores do FC Porto alegadamente envolvidos em desacatos, algo a provar ainda em sede de Justiça, se concretizar); e que prejuízo há para o futebol protelar-se um castigo óbvio que a não ser executado, aí sim, afecta a indústria e afasta os adeptos, além de descredibilizar a justiça desportiva que já goza da fama que se sabe?...
ACT.: parece que vai haver julgamento, partanto o circo continua mas o palhaço do dia continua sem castigo.
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