Parece que vamos de vitória moral em vitória moral, tal como vamos decaindo ao ponto do futebol pequenino de antigamente que espevita apenas em desvantagem no marcador. Perder um amigável com a Turquia em casa ou com a Alemanha numa fase final dá igual: "grande jogo", "temos qualidade" e por aí fora. Não dei conta, nem tenho paciência, se Raul Meireles se juntou ao coro dos coitadinhos infelizes na finalização, mas para ironia do futebol depois da vitória do Chelsea na Champions, amplamente dominado por Barcelona e Bayern, só faltava o nº 16 tatuar as declarações tugas com o choradinho que fez escola durante décadas.
Não admira, pois Paulo Bento é um digo sucessor das vitórias de "meio a zero" praticadas pelo escroque escolari. E já era dado como muito bom o empate com a Alemanha, pelo que nada como mandar uma bola à barra, num dos raros remates lusos à baliza de Neuer na 1ª parte e na sequência de um canto, além de um quase-golo sortudo do qual ninguém se queixaria se o cruzamento natural de Nani pingasse na baliza em vez de, fortuito, ir à barra... Porque até aos 72 minutos, com o golo de Gomez, Portugal limitou-se a defender, nem sequer explorando bem os alas velozes que tem em CR7 e Nani. Porque o seu miolo tem jogadores de menor apetência pela área, com Meireles muito renitente a subir e sem Moutinho sair da beira de Miguel Veloso a trinco, qualquer dos três lateralizando mais em vez de darem profundidade ao jogo e aos alas. Só assim se justificaria a presença do estático Postiga na frente, por forma a tabelar com os alas saindo da área, mas isso era se o pensamento colectivo estivesse virado para a baliza alemã. Nunca esteve, senão em desespero de causa.
Vamos, pois, no 7º jogo a somar fracassos, à excepção da goleada à Bósnia na qual ninguém se queixou da eficácia que só é lamentada quando se falha e não quando se acerta quase a 100 por cento.
Paulo Bento, com o futebol de tracção atrás como é sua prioridade, desbaratou o potencial ofensivo de jogadores como Moutinho e Nani, ausentes do Mundial tal como Pepe, apoucando uma equipa que tem três novos titulares face ao Mundial-2010 onde Portugal nunca fez um jogo de pendor defensivo como hoje mas foi alvo de críticas violentas até quando jogou com a campeã da Europa e que viria a ser campeã mundial Espanha. Um jogo, recorde-se, que deu lamiré pela substituição de Hugo Almeida - hoje o 3º atacante (?), preterido face ao neófito Nélson Oliveira!... - quando Carlos Queiroz meteu a velocidade de Danny (e aos 58', e com 0-0!) para surpreender a Espanha em contra-ataque à falta de Nani num flanco para diversificar as acções com Cristiano Ronaldo.
Parece que hoje foi A Bola a fazer uma capa do género bronco
Hoje, nos 20 minutos finais, Portugal só assumiu porque nada tinha a perder e Paulo Bento foi capaz de meter Varela a cair para um flanco mas tendencialmente a surgir no apoio directo às costas do ponta-de-lança (já N. Oliveira) - tal como Vítor Pereira chegou a fazer no FC Porto em dois ou três jogos sem contemporização dos adeptos portistas! - e que, isso sim, foi a única coisa que transformou o futebol de Portugal e fez criar presença junto da área alemã, retirando Meireles, lento e pastoso, do campo. Varela até teve a melhor ocasião de golo nos pés, na zona do ponta-de-lança, mas Neuer defendeu o 1-0. Paulo Bento inovou e quase era premiado face a tanto conservadorismo de resto atamancado por um fraco defesa-direito (Podolski fez o que quis de João Pereira, só não acertou com a baliza) e o tal meio-campo de trabalho e suor mas sem genialidade nem força construtiva.
Se o 1-0 da Dinamarca à Holanda já tinha sido um péssimo resultado para Portugal, o 1-0 da Alemanha deixa já Portugal encostado às cordas, pois nova derrota na 4ª feira com os nórdicos e uma nova vitória alemã sobre a Holanda que não gosta de jogar pressionada, decidirá à 2ª ronda o Grupo B que prometia equilíbrio. E se Portugal se queixa da sorte, do azar, dos postes e das oportunidades, que dizer dos 28 remates holandeses, alguns na cara do g.r. e também no poste, mais um penálti por marcar a seu favor?...
O fadinho prosseguiu nos comentários da mesmice patrioteira encantada com mais "uma bela exibição" às quais os resultados, excepto contra os adversários da qualificação tida como fantástica e numa dinâmica imparável até não aguentar um empate no jogo derradeiro de Copenhaga, continuam a atraiçoar certa mentalidade de gentinha que não dá passo maior do que a chinela e vive dos cghavões de antigamente do futebol fechadinho ao ataque...
Se atentarem bem, acima dos ocasionais remates aos postes (que podem ser de sorte, como o de Nani) e ignorando as muitas ocasiões alemães na área em jogo corrido e menos em bolas paradas tão temidas, o futebol de Portugal vai definhando lenta mas inexoravelmente. Porque esse é o fado, já previsto há vários anos quando todos eram chamados a pôr as bandeiras à janela.
nota - vi a maior parte do jogo pela BBC, partes pequenas pela RTP, porque tinha um certo Gary Lineker a conduzir a emissão no estúdio, com Harry Redknapp (treinador do Tottenham), Clarecen Seadorf (holandês do Milan) e Alan Hansen (ex-jogador do Liverpool e da Escócia), além de um tal Alan Shearer em directo do relvado de Lviv. Os pés de microfone não vão aos jogos para ouvir zés ninguéns à saída do estádio e jogadores deprimidos a contarem a mesma lenga-lenga de um jogo que todos viram e, na BBC, todos reparavam que Portugal foi ao Leste europeu erguer um muro à frente de Rui Patrício, sacrificando as lentas e longas saídas para o contra-ataque.
Messi mete 3 ao Brasil - e enquanto Ronaldo voltou a não fazer nada de especal, por justamente não ser "o salvador da Pátria", o ás argentino fez 3 golos ao Brasil em que Hulk meteu um no 4-3 de Nova Jérsia. O CR7 fica para os alemães se divertirem com figurinhas decorativas de cera...
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