02 junho 2012

Relatório (Bo)ronha (XLVII): histórias da bola que o próprio nunca contou

Já revimos o velho escroque escolari quando menos esperávamos. Embora, verdade seja dita, tal como apareceu inopinadamente, e a falar!, em Lisboa antes do play-off com a Bósnia para o Mundial-2010, é nestas alturas que o rasca rabugento dito sargento de caserna mal frequentada aparece. Ou, então, vão falar com ele, como o pobre coitado Conduto enviado pelos chefes de missão da RTP sempre Renitente a Travar Prejuízos a S. Paulo para ouvir falar a gente do passado. Quando se fizer 100 anos da última conquista europeia do Benfica - é só fazer as contas... - alguém há-de ir perguntar alguma coisa a Mário Coluna em Moçambique como é que no seu tempo glorigozo dos anos 60 "o Benfica não tinha esses contrangimentos com as arbitragens" - e ainda não tinham aparecido os Mr. Howard King com miúdas à borla oferecidas pelos cavalheirescos clubes capitolinos...
 Adiante. Como as surpresas, por norma, nunca vêm sós, lá tivemos o ressuscitar do caquético António Boronha. Recuperou o seu blogue, a que acedi por vias travessas, episodicamente, para contar um episódio, isto depois de fechá-lo quando prometia contar muitas histórias da bola mas algumas mais picantes nunca publicou. E veio, ontem, para dar palpites sobre a relação e as "acontecências" entre Scolari e Vítor Baía. Coisas atiradas para o ar, sem o devido enquadramento de datas e factos, nunca caem nem saem bem, pelo que o velho algarvio lá quis brilhar com a merda do costume que por fim se habituou a publicar para gáudio de uma série de basbaques. Entre eles sobrou para mim um filho da puta qualquer que assina sintra ao contrário mas nunca viu um coméntário seu publicado aqui porque sempre prezei pela higiene do espaço. Este filho da puta, como outros, deram-se uma vez ao trabalho de inserirem em comentário no blogue do (Bo)ronha algo que escrevi acerca dele, autor do blogue, e das merdas que escrevia sem contraditório nem argumentos plausíveis a contraporem as boçalidades que debitava alarvemente. Ou seja, patente aquele espírito mesquinho, coscuvilheiro e de filho da puta pidesco, carácter tão entranhado no tuga reles do qual um brasuca como o escroque escolari é digno herdeiro e também do que deu amostra cabal da sua estatura de verme que só um jornalista rasca como o Conduto(r) de merda podia permitir. Com semanas para enquadrar, histórica e factualmente, a entrevista da treta na peregrinação ao sargentão gaúcho, a merda que saíu do escarro escolari foi só palha para burros, nenhum contraditório e a deixar os ouvintes/espectadores no vazio, sem saberem o que pensar nem perceberem a razão de ser de, finalmente, outra versão ter sido acrescentada a uma estória que cheira mal e na qual quem mexe só sai coberto de merda. Pois será o que sucedeu ao algarvio que sempre deu uma no cravo e outra na ferradura sobre as personalidades da bola de quem dizia tão bem que lhes garantia a eternidade no... Inferno.
Mas como eu sou de prometer e cumprir, e já tinha previsto fazê-lo à entrada para o Europeu-2012, vou contar as histórias que (Bo)ronha nunca contou apesar de muito prometer sobre a sua passagem como vice-presidente da FPF e responsável directo das selecções, em particular a nunca escalpelizada saída imprevista de Humberto Coelho depois de um brilhante Euro-2000 apesar da nódoa disciplinar da semifinal com a França. No fim, voltarei ao tema Baía para enquadrar de novo o que se diz com o que aconteceu.

No último Relatório (Bo)ronha XLVI, lembrei antes do Polónia-Portugal de Fevereiro o que tinha sido o mesmo confronto 35 anos antes, a ascensão do FC Porto de Pedroto e o azedume da máfia benfiquista que controlava a selecção com Humberto Coelho capitão nas duas equipas, por Portugal e pelo Benfica.
Agora, a passagem de Humberto como seleccionador em 1998-2000, teve episódios pouco edificantes que revelaram como era visto e apreciado pelos jogadores. Do princípio ao fim. No princípio, como foi público, Domingos começou por dizer que Humberto "não tinha garra para conduzir tal Ferrari", sem estaleca para a Selecção. Por fim, chegámos ao Euro da Bélgica e Holanda a jogar do melhor futebol dos últimos 20 anos e uma semifinal que não desonra, apesar da perda de estribeiras dos jogadores ao perderem com a França em Bruxelas. Descontrolo emocional, de estatuto e de honra para com o País, que derivava da falta de carisma do seleccionador e dos responsáveis directos, o primeiro dos quais era Boronha, com Madaíl no topo.
Na fase de qualificação, Capucho tinha de entrar num jogo, no Azerbaijão, em que Portugal perdia a meio da 2ª parte. Humberto deu-lhe indicações posicionais algo cautelosas e o extremo portista discordou de tal modo que foi bem mais claro e assertivo: "mister, estamos a perder eu vou é jogar para a frente, temos de virar isto e jogar ao ataque". Capucho entrou nos 20 minutos finais e Portugal empatou 1-1 perto do fim. Isto antes de ir à Roménia (que ganhara nas Antas 1-0) discutir o 2º lugar com a Eslováquia distante à espreita, já que o 1-1 final em Bucareste serviu os romenos que venceram o grupo. Portugal só na última ronda deixou de fora os eslovacos.
Já na fase final, para a qual Humberto cedeu mais uma vez ao lóbi dos Senadores da Selecção, Paulo Sousa foi surpreendentemente convocado, depois de ir rolar para o Panathinaikos e após anos a padecer de lesões, uma deles que o afastou mais de um ano da competição. Humberto e Boronha cozinharam uma convocatória complicada para acolher os interesses de todos, incluindo Vítor Baía que tinha sofrido um castigo da FPF por desacatos em Campo Maior e cuja suspensão expirou no final da época, a tempo de Baía ainda defender na finalíssima do Jamor frente ao Sporting na Taça de Portugal, depois de a final ter tido Hilário na baliza portista (1-1 no jogo, depois 2-0 numa quarta-feira à noite, golos de Deco e Clayton).

Salvo erro com a Roménia, que reencontrámos na 2ª jornada da fase de grupos, Humberto disse a Sousa para aquecer a meio da 2ª parte. Sousa, sem se levantar do banco onde estava o Boronha como director da Selecção, disse a Humberto que não se dava ao trabalho e se quisesse que entrasse o seleccionador em campo. Sousa não entrou, Costinha marcou aos 90' o 1-0 que dava a qualificação. Mas, a despeito de Humberto ter deixado a Selecção após o Euro-2000 sem nunca se ter sabido porquê, Boronha continuou como responsável máximo pelas selecções, lá engoliu o regresso de António Oliveira com quem acabaria incompatibilizado após o Mundial-2002 e o seu famoso relatório de indignidades várias e de vários quadrantes, mas Boronha viu de novo Paulo Sousa ser chamado também para a Coreia-Japão, sem tugir nem mugir, com uma mão à frente e outra atrás, guardando as suas indignações para o pós-Mundial com a pouca-vergonha que se sabe - foi só há 10 anos e muita gente assobiou para o lado, incluindo os jornalistas e respectivos directores que desde então se acobardaram também e passaram a andar agachados perante os poderes dos clubes, dos jogadores Senadores da Selecção e dos dirigentes da FPF com quem passaram a privar mais de perto para sacarem umas coisas e abandalharem a sua independência e verticalidade. Começou aí, também, o declínio da Informação descomprometida na Imprensa dita desportiva que passou a sê-lo, desportiva, mais do que nunca desde a gestão "porreiro, pá" de Humberto Coelho. Os  amigos da Imprensa existem em Lisboa para as gentes de Lisboa, veja-se o caso de Paulo Bento.


Humberto era desautorizado pelos jogadores permanentemente, os renomados Figo, Rui Costa, Baía, Jorge Costa, Paulo Sousa e tutti quanti faziam o que queriam - entre eles o nº 17 aí da foto, Paulo Bento... Quem começou por cortar-lhes as vazas foi António Oliveira, daí ter garantido, desde 1994 (até ao Euro-96), algumas inimizades mas acabando também ele por capitular ao player-power da tal Geração Dourada que nada ganhou a não ser nos contratos milionários dos clubes da estranja.
Essas foram as razões, mais o desenlace final pouco desportivo e indigno na semifinal com a França que só expuseram a falta de controlo ético e disciplinar de muitos intocáveis que advinha dos responsáveis federativos de cócoras perante os clubes, que este meu Relatório (Bo)ronha descreve com os principais factos mas o rasca ronha nunca desvendou - e por várias vezes instei a fazê-lo comentando no seu blogue para lhe garantir que não falaria sozinho sobre o que lhe importava denunciar mas calava outras coisas.
Vem a tempo do Euro, agora com Humberto feito senhor da selecção como sempre se habituou com a conivência dos marmanjos de Lisboa porque isto da Selecção sempre foi assim excepto quando a Geração Dourada impunha o seu "colectivo" e a ordem na equipa que era de todos eles... Em 1977 já tinha dito como era Humberto jogador, agora conto o que foi como seleccionador e por tabela lá apanho o chico-esperto Boronha a assobiar para o ar.
No episódio de Vítor Baía que o fez reanimar o defunto blogue que entendeu fechar em tempos (nem sabia à altura, porque já não ligava ao patético ex-dirigente acolitado por uns grunhos da capital para o motim nacional indigno face a Carlos Queiroz com os episódios vergonhosos que aqui denunciei), Boronha vai como Scolari pegar o mês e meio de dúvida e castigo do guarda-redes no FC Porto fruto de uma "pega" com Mourinho que foi pública - e que aqui contei em exclusivo antes de a bluegosfera pegar no assunto com consultas várias um dia depois de eu ter aqui publicado os pormenores tirados do meu arquivo. Mau era se por causa disso um clube dispensaria o melhor g.r. de sempre de Portugal e um dos mais titulados e famosos do mundo ao seu tempo. Porém, Boronha conta que até Pinto da Costa ajudou à contratação de Scolari, deslocando-se a Madrid com Madaíl para as conversas preliminares. Nelas terá contado, segundo a nova, mais uma versão do caso, que o FC Porto pretendia ver-se livre de Baía. Mourinho era novato, quisera recuperar Jorge Costa de Inglaterra - desavindo com Octávio foi para o Charlton em 2001 -, precisava de gente de peso no balneário para remodelar a equipa. Mourinho, em 2002, tinha menos tempo de banco, na U. Leiria, quanto acusou André Villas-Boas de ter na passagem deste pela Académica antes de vir para o FC Porto. Mourinho arriscava-se a ter Baía como opositor no balneário onde ainda imperava a velha guarda da formação portista?
Pinto da Costa, e o FC Porto, não chegou a reagir à patética declaração de Scolari na RTP sobre Baía. Não sei se reagirá a este relambório do Boronha. Nem me interessa, fica para cada um e, segundo Boronha, Pinto da Costa até sempre esteve muito bem cotado na sua avaliação pessoal, vá lá a gente entender certas coisas e loisas...
Vítor Baía foi vendido por um milhão de contos à época (1996), indo com Robson para Barcelona. Além dos títulos que ajudou, e muito, a ganhar ao FC Porto desde 1990, sucedendo ao mítico Mlynarczyk, Baía rendeu uma maquía recorde para a sua posição em todo o mundo. E ainda voltou, em 1999, para ajudar ao Penta, a partir de Janeiro, pois a sua sucessão no FC Porto nunca foi bem colmatada. Continuou em grande, foi ao Euro-2000, ao Mundial-2002, teria ainda muito para jogar e ganhar, como sucedeu, esteve no reerguer da equipa portista após três anos sem campeonato ganho. Qual seria o interesse, que ganharia financeiramente com isso, o FC Porto em desvalorizar Baía? Despachá-lo? Eu nem digo que tal seria impossível, que o diga Pinto da Costa se quiser reagir, mas não faz sentido que um arrufo do g.r. com Mourinho fosse o suficiente para o porem fora do FC Porto. E a tempestade no copo de água passou, em meados de Outubro Baía voltou à baliza, ganhou tudo em 2002-2003 e quase tudo em 2003-2004. A vergonha da sua ausência da Selecção de Scolari, com tantas mentiras metidas à laia de justificação em que cada cavadela cada minhoca, volta a pairar e perdurará para sempre, está comprovado. E estes episódios infelizes de declarações patéticas e sem contraditório só agravam a coisa e denigrem quem as produz. Embarcará nelas quem quiser e não souber dos factos para estranhar as elocubrações mirabolantes, quais múmias milenares enfeixando quem avança com a sua parte peculiar da história.
Será coincidência do diabo, que está sempre atrás da porta, o episódio de Baía no FC Porto calhar no tempo em que Madaíl, alegadamente com Pinto da Costa, andava a sondar Scolari? Pois se tal sucedeu foi por um mês e meio. Mas em Outubro mal havia ideia de Scolari vir para Portugal. Creio que o lamiré deu-o então O Jogo, mas só em Outubro ou já em Novembro. Nessa altura, Baía já estava de volta à baliza. Tal como com Scolari, a mentira de Nuno no Restelo e num Belenenses-Porto que ele não viu, os factos estão mal enquadrados e parece haver má-fé, como disse Baía ontem na RTP, para se dar mais uma perspectiva, seguramente distorcida, da estória que se comprova poder cobrir de indignidades todos os participantes, mesmo quem porventura "sofreu" por fora, como Boronha.

Como é extenso, fica para o fim-de-semana, podem digerir bem incluindo os próprios visados Madaíl e Pinto da Costa denunciados por Boronha. Bom proveito.

3 comentários:

  1. Excelente.
    Mas estas estórias de selecção, com o famoso burro, e zombies, ficam bem retratadas na tua afirmação;
    "a uma estória que cheira mal e na qual quem mexe só sai coberto de merda".
    Não precebo o porquê de estarem constantemente a mexer no armário para desenterrar esqueletos contra Pinto da Costa, quando são eles que ficam manchados de "merda".
    Ou são distraídos, ou são mesmo lerdos e asnos, e comem toda a palha que lhes dão.
    Que façam a festa e a comam toda.
    Como dizia o Maradona...que la siguem chu...

    http://gamesfreebola.com

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  2. Kosta, a minha vantagem é que posso contar as histórias que quiser sem receio de ser dementido.

    Ao (Bo)ronha cedo lhe percebi os motivos e a tal ronha e comecei a picá-lo. Nunca concretizou a promessa de falar da saída de Humberto, pois referiu amiúde que um dia a contaria. Eu não conto a saída, digo os principais motivos para isso. E o que conto é verdade, venha o ronha que quiser desmentir. Toda a "gente" sabe disto há muitos anos e eu sempre esperei a hora de contar a verdade. Já tinha apontado o tempo para fazê-lo, a partir da chegada de Humberto à selecção.

    O que detesto mesmo, além de mentirosos, é de chico-espertos. Por muito pintados que sejam. Eu também conhece o ronha...

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  3. A confusão em Campo Maior foi em 1996, antes do Euro em Inglaterra! De resto, artigo muito interessante!

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