01 fevereiro 2007

Acotovelar penáltis com corrupção

As notícias caem diariamente, sem pré-aviso e sem qualquer contextualização, porque na Imprensa não há tempo para pensar e enquadrar as informações nem pela factualidade quotidiana, que é o que faz uma boa informação, esclarecida (por quem sabe) e esclarecedora para satisfação do público, o cidadão a quem é destinada.

Não sei se repararam, que há muita gente distraída, numa notícia que é uma bomba mas que terá passado despercebida. É preciso medir-lhe o teor, o significado e até o alcance, mas requer sempre inseri-la num contexto actual ou não, para se perceber a dimensão da tragédia que, quotidianamente, se abate sobre Portugal e nos arrasta para o fundo da miserável existência humana em que nos querem confinar.

Eu resumo o que conta hoje o JN, por Nuno Miguel Maia, cujo artigo completo, para vossa compreensão, está inserido na totalidade. Mas é sintomático da degradação social e do proteccionismo político, mais uma vez, das altas figuras do Estado. Como o Estado deveríamos ser todos nós, só correndo com “este” estado de coisas algo mudará. Isto se, entretanto, a costura fronteiriça com Espanha que nos prende como por um fio nas costas de Zamora a Ayamonte, não se romper para nos atirar, País, Estado, Cidadãos, ao mar.

Já faltou menos, muito menos do que os espanhóis nos invadirem de novo e agora creio que poucos mexeriam os braços para contrariá-los.

Então, a procurador-geral adjunta Maria José Morgado manda arquivar, sem ouvir os arguidos, um caso “paralelo” tirado das escutas do Apito Dourado, com José Sousa Cintra a pedir intercedência de Valentim Loureiro para desbloquear uma situação de ordenamento urbanístico na Costa Vicentina algarvia e, inclusive, o recurso a financiamento bancário?

Pois o prestimoso major chateou ministros do Governo PSD não só para contrariar regras urbanísticas naquela zona protegida, mas até para que o banco cem por cento propriedade do Estado, a Caixa Geral de Depósitos, concedesse o empréstimo que o “cervejeiro” Cintra necessitava, para fins particulares, mas de monta.

Tráfico de influèncias arquivado com major e Cintra

Leiam a notícia, agora, do JN de ontem 4ª feira:

Maria José Morgado tomou a primeira decisão de arquivamento nas certidões do processo Apito Dourado. A equipa da magistrada considerou que o caso que envolvia suspeitas de tráfico de influências envolvendo o ex-presidente do Sporting, José Sousa Cintra, e Valentim Loureiro não deve ir a julgamento. Este inquérito envolvia altos quadros do Governo PSD e centrava-se numa alegada troca de favores quanto à legalização da construção ilícita de uma moradia de Sousa Cintra em Vila do Bispo, Algarve, e patrocínios para a Liga de futebol.

O caso foi detectado através de escutas ao telemóvel de Valentim. De acordo com a investigação, Sousa Cintra, empresário do sector cervejeiro, pediu ao major que intercedesse junto de governantes no sentido de fazer com que fosse levantado um embargo da construção da sua casa em Vila do Bispo, numa zona de reserva da Costa Vicentina.

Sobre este caso, o ex-presidente da Liga de Clubes telefonou a governantes como Jorge Costa, secretário de Estado das Obras Públicas, Miguel Relvas, secretário de Estado da Administração Local, Taveira de Sousa, secretário de Estado do Ordenamento do Território, e ainda o ministro do Ambiente, Amílcar Theias.
Além disso, Valentim Loureiro falou também com José Luís Arnaut, na altura ministro adjunto, no sentido de ser aprovado um empréstimo para o empresário na Caixa Geral de Depósitos.

Em contrapartida, considerou a investigação, Cintra iria ceder um patrocínio de 250 mil euros à Liga de futebol. "Metade em cerveja e metade em dinheiro", chegou a propor o autarca de Gondomar.

Por influência de Valentim, Sousa Cintra chegou a ser recebido por alguns dos governantes que, contudo, acabaram por não lhe resolver o problema do embargo imposto pela Câmara Municipal de Vila do Bispo. Isso mesmo foi comprovado pelos ministros e secretários de Estado inquiridos pelas autoridades, sublinhando que o ex-líder do Sporting não tinha razão e, além disso, não interpôs recurso hierárquico das decisões desfavoráveis.

A certa altura das diligências de intercedência junto de responsáveis do Governo, Valentim ter-se-á mostrado, em conversa com o chefe de gabinete de Taveira de Sousa, impaciente com a insistência do empresário. "Vocês não conseguem resolver essa coisa, pá? O meu amigo Cintra não me larga, pá! Ele julga que eu é que despacho, mas eu não despacho nada. Eu só posso pedir a quem despacha!", disse o major, numa escuta gravada no início de Abril de 2004, pouco antes das detenções no processo Apito Dourado.

Por estes factos, Valentim e Sousa Cintra chegaram a ser indiciados por crimes de tráfico de influências, na forma passiva e activa. O processo transitou do Ministério Público de Lagos para as mãos de Maria José Morgado, que considerou não haver indícios suficientes para acusar.

Cai a máscara da zorro

Já falta pouco para o Carnaval, mas a máscara (maquilhagem) que faz parecer Maria José Morgado o célebre Zorro – mais do que a capacidade justiceira que, oh hossanas!, lhe atribuem desde a colocação na pista persecutória no âmbito do Apito Dourado – já caiu.

Se o que está acima descrito não é CORRUPÇÃO, o que será CORRUPÇÃO?

Intercede-se junto de vários organismos e seus dirigentes políticos, chega-se ao próprio ministro-adjunto Arnaut, quer-se patrocínio para a Liga como contrapartidas – e NADA, não há corrupção quando está patente o TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS!

Já viram: mete ministros, altas figuras do Governo de então, o banco do Estado. Arquive-se. Sem mais.

Para quem, como Morgado e qual Zorro ou Joana d’Arc, corporiza o paladino contra a corrupção; para quem chefiou uma brigada especial, e central, do combate à criminalidade e corrupção económica; para quem publicou livros a associar a corrupção a políticos, autarcas, empreiteiros e homens do futebol – saiu “ISTO”.

Deco a seguir – bota fora

Na semana em que se acotovelaram agressões com penáltis, faltava o remate do que não se faz à corrupção. Procura-se o tal nexo de causalidade entre falcatrua e favor como contrapartida. Metralha-se o tráfico de influências que terá havido. Envolvem-se pessoas e clubes numa teia monstruosa e o primeiro despacho decisivo sobre um processo de corrupção é este.

Lembre-se, já, que a expulsão de Deco no Bessa, com uma bota a atingir Paraty (2003-2004), é alvo de processo. Pinto da Costa terá pedido a Valentim Loureiro para interceder com Gomes da Silva que ao tempo presidia à CD da Liga para amenizar o castigo.

Como, noutras circunstâncias, o presidente pacense Hernâni Silva pediu algo do género para o seu clube.

Como José Veiga queria poupar o seu (momentâneo) Estoril a uma deslocação ao Marco e convinha uma interdição do estádio local para o jogo se realizar, como foi, no Bessa.

Num caso terá valido a Valentim um relógio de 150 euros, ofertado por Pinto da Costa.

A Veiga ficou a promessa de… “UMA BEIJOCA”.

Esperemos para ver que tráfico de influências houve para salvaguardar Deco. É que Deco foi mesmo suspenso e só no recurso para o CJ da FPF a pena foi diminuída num ou dois jogos de castigo.

Tomando o exemplo do caso Valentim-Cintra, Deco está arquivado à partida. A tomar pelo exemplo da Morgado de trazer por casa, não se verificou ilicitude no contacto de Pinto da Costa, a pedir senão clemência pelo menos razoabilidade no castigo a Deco. Nem se registou influência, porque o jogador não foi ilibado.

E andamos nós a discutir cotoveladas e penáltis.

Podia dar-nos para pior…

Mas já nem a tempo iria de inseri-la entre os 10 MAIORES PORTUGUESES onde não consta qualquer mulher.

22 comentários:

  1. Já disse o que pensava sobre a MiJonaMor. Veio da extrema esquerda como Durão e Marques Mendes, andou a fazer planos para assaltar o Banco de Portugal para poder financiar o MRPP, esteve nas Manifes do PPD/PSD e agora aparece como a BigJusticeira!IOL!!!

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  2. leiam o artigo de rui moreira no Público de hoje, intitulado "Pântano", precisamente nesta linha. É mesmo preciso fazer alguma coisas antes que os métodos maoistas tomem conta do país.

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  3. Sem perder de vista o essencial, depois de tudo, como pode a mulher do guarda-livros do orelhas ser judiciosa numa perseguição ao Porto a despeito e serviço evidente do Benfica?...

    Ai, que me faz lembrar sempre a prepotente invasão do Iraque...

    amelie

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  4. Notícia de hoje, complementar, do JN:
    "José de Sousa Cintra confirmou já ter sido notificado do despacho de arquivamento da equipa de Maria José Morgado, mostrando-se "muito satisfeito" pela decisão. "Era sinceramente aquilo que eu esperava. Não estava preocupado com aquilo", disse o ex-presidente do Sporting.

    O empresário diz que ficou ainda mais satisfeito por saber que o arquivamento foi decidido sob a égide da nova coordenadora do processo 'Apito Dourado'. "A dra. Maria José Morgado é uma pessoa de grande credibilidade e corajosa. Mas não esperava outra coisa deste caso, não foi uma surpresa".

    Sousa Cintra classifica como "ridículo" o caso da cunha para tentar levantar o embargo da sua moradia em Vila do Bispo, no Algarve. "Não tinha ponta por onde se lhe pegasse. Na altura em que fui inquirido pela Polícia Judiciária esclareci tudo o que tinha a esclarecer".

    Curioso neste caso é que as obras de ampliação da moradia do empresário ainda hoje "estão paradas". "Aquilo era só uma alteração pequena numa casa que já existia há mais de 200 anos! Não pensem que foi construída agora. O problema foi estar inserido na zona do parque natural da Costa Vicentina", explicou, não escondendo desagrado por voltar a tocar no tema.

    Não cumpriu contrato

    Tal como em relação a Valentim Loureiro, para o arquivamento das suspeitas contra Sousa Cintra foi decisivo o facto de não haver provas de que a pressão do major junto de membros do Governo tenha tido como contrapartida directa a oferta de patrocínios à Liga de Clubes de futebol.

    Aliás, como também foi apurado durante a investigação, o dono da empresa de cervejas "Cintra" nem sequer estava a cumprir o contrato de publicidade no valor de 250 mil euros. E o major até chegou a propor-lhe que o contrato fosse rescindido, pela existência de outros potenciais interessados no negócio.

    Deste caso, que estava pendente no Ministério Público de Lagos, resta censura ética pela actuação dos envolvidos".

    Pois, mas a cerveja Cintra chegou a aparecer entre os patrocinadores da Liga. Um facto, de tráfico de influências, terá tido uma contrapartida. Esta pode não ter sido consumada, mas a cerveja Cintra apareceu nos placards publicitários da Liga.

    Pelo menos, como no caso de Quaresma, houve o equivalente a "ameaça-de-tentativa-de-agressão", no caso de Cintra de corrupção.
    Haja vergonha!

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  5. E, ainda, mais do mesmo. Repare-se que é alegado "o contrato não estava a ser cumprido". Mas existiu, foi até proposto pelo major a rescisão.
    Outra peça sobre o assunto no JN:
    "Foi apurado, por outro lado, que o contrato de Sousa Cintra com a Liga nem sequer estava a ser cumprido. O empresário do sector cervejeiro terá alegado que não tinha os 250 mil euros, razão pela qual não poderia pagar o patrocínio. Nesta sequência, o ex-presidente da Liga de futebol terá inclusive sugerido ao interlocutor que rescindisse o contrato, uma vez que existiam outras empresas interessadas no contrato publicitário com o principal campeonato de futebol.

    Noutra vertente do caso, não foi tido como relevante um pedido de Valentim Loureiro ao na altura ministro-adjunto de Durão Barroso, no sentido de pressionar a Caixa Geral de Depósitos para conceder um empréstimo ao empresário que já foi presidente do Sporting.

    De acordo com informações recolhidas pelo JN, na óptica da investigação, os contactos de Valentim com membros do Governo poderiam enquadrar-se num crime de abuso de poder, sob a forma de instigação. Mas como os decisores políticos nunca chegaram a interceder de facto no caso da moradia em causa, a acusação seria insustentável.

    A conclusão dos investigadores situa-se, portanto, no plano ético e não criminal. Consideram que existiam relações tidas como perigosas, relativamente ao modo como os agentes políticos prosseguem o interesse público".

    Pronto, condenados pela ética, ou falta dela.
    Ai que tanta gente neste País estaria preso.
    Ah, falta o nexo de causalidade.
    Ora bolas!

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  6. Esta senhora, Maria José Morgado, foi a mesma que representou o ministério público no caso Melancia, que culminou apenas na prisão de Rui Mateus, à data uma das mais importantes figuras do aparelho socialista.

    Apesar da prova produzida, Melancia não foi condenado. E, apesar do envolvimento de Mário Soares no caso (ver o livro de Rui Mateus contendo denúncias de uma extrema gravidade), este último nem sequer foi ouvido pela justiça (agora, Maria José Morgado fez muita questão de ler o livro de Carolina e de reabrir o processo contra Pinto de Costa com base neste único testemunho, o qual tem a credibilidade que se conhece).

    O Apito Dourado transcende o futebol - e não é só pelo facto de as principais matérias investigadas estarem relacionadas com promiscuidades entre a Câmara de Gondomar, o respectivo clube de futebol e agentes imobiliários). O caso serve, acima de tudo, para desviar atenções do enorme fracasso que foi o caso Casa Pia. Pelos vistos, ambos os processos têm em comum a intenção de não tocar em nenhuma figura do regime.

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  7. "Vieira surpreendeu PSD

    Luís Filipe Vieira reuniu-se ontem ao fim da tarde com Marques Mendes, na sede do Partido Social Democrata. O presidente do Benfica deslocou-se com o intuito de expor os argumentos do clube no chamado “caso Nuno Assis”, e além do doping o “Apito Dourado” e outros temas foram também abordados, durante um encontro de quase duas horas e que contou ainda com as presenças de Sílvio Cervan (vice-presidente do Benfica), Andrade e Sousa (responsável pelos assuntos jurídicos encarnados) e João Paulo Almeida (director clínico do emblema da águia).

    No fim do encontro, Luís Filipe Vieira recusou-se a tecer comentários sobre os temas abordados com o líder do principal partido da oposição, tendo estes sido feitos por Melchior Moreira, deputado do PSD e também presente na reunião. Revelando terem sido “discutidas algumas questões que são comuns ao futebol português, como as questões da corrupção, doping e apito dourado”, Melchior Moreira acrescentou que o PSD se mostrou surpreendido com algumas informações transmitidas. “Algumas situações são de facto surpreendentes. Hoje tivemos oportunidade de as ler e de as ouvir pela boca do presidente do Benfica. Ficamos preocupados e surpreendidos em relação a algumas questões”, declarou Melchior Moreira.

    O deputado do PSD revelou ainda que o grupo parlamentar “face a algumas questões colocadas pelo presidente do Benfica” o partido terá o cuidado de “em audições da comissão parlamentar de educação, e tecido parlamentar, colocar algumas questões ao secretário de Estado da Juventude e do Desporto e ao presidente do CNAD"."

    in "O Jogo" de hoje

    Meus amigos, se isto se passasse mais a Norte teria um nome: TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS!

    É curioso como sempre que alguém quer falar da promiscuidade entre política e futebol vai sempre buscar o FC Porto quando existem exemplos soberanos como este...

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  8. Nuno, mas EU não tenho mais dúvidas que há interesses políticos aos quais convém desviar atenções de casos gritantes, sim, o da Casa Pia que envolveu muita gente do PS, o Pedroso foi até à Roménia e do Ferro Rodrigues nem sei onde anda porque tudo foi silenciado e até enviados-espaciais algures no planeta.
    E enquanto esta gritaria se mantiver o Governo desgoverna como quer. Estamos na fase do totalitarismo democrático com o assalto às instituições que salvaguardam a democracia que ao menos nos tem servido para expor o descontentamento popular.
    Há a autocensura nos Órgãos de Comunicação Social e até a censura prévia que faz riscar muitos temas das notícias e da sua completa abordagem.
    Esta é a miséria que nos está reservada, vegetar num centralismo sem sentido e anacrónico com migalhas consentidas aos provincianos.
    Quanto às audiências, o LF Vieira começou bem pelo Ribeiro e Castro, anteontem.
    Não tenho memória política do caso Melancia, salvo vagas ideias que nem me permitiriam associar a Morgado ao julgamento.
    Mas lembro que o impoluto Ribeiro e Castro posou ao lado de Vale e Azevedo, era um ideólogo do PREC benfiquista de há 10 anos capaz de rasgar contratos de direitos televisivos em directo para gáudio do pagode.
    É desta gente e destas coisas que se tem feito a História recente de Portugal.

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  9. Confesso que estou mesmo muito descrente com a justiça. Há uns tempos atraz ainda acreditava que se eles queriam a Morgado tudo bem, mas que depois acabaria por se fazer justiça nos tribunais. Agora, ao ver as leis serem deitadas para o lado, que estou com medo e que mesmo que as pessoas estejam inocentes tudo poderá acontecer.

    Estou mesmo muito receoso ao ver processos em tudo idênticos serem tratados de formas tão diferentes (um arquivado e outro super investigado). E até processos transitados em julgado serem alterados pela voxpop.

    Eu só pergunto para onde vai este país assim e o que se poderá fazer?

    Um abraço.

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  10. Vivemos no Pais onde se condenou alguem (A) porque se provou que A corrompeu B mas esse B não foi condenado pois não se provou que B fosse corrompido por A (Mesmo tendo o dinheiro na sua posse) (Aeroporto de Macau). Temos uma moral muito fraca para quem reza muito e tem muitos santinhos.Quanto ao FCP podem esperar que vão fazer tudo para nos tirarem títulos e mais alguma coisa. Lembro também que quando foi imposta a regra da regularização dos impostos por parte dos clubes estes tinham de apresentar uma certidão da DGCI, no inicio da época, para então poderem prosseguir no campeonato.Na Liga criou-se uma comissão de acompanhamento para verificar se as coisas corriam bem nesse capitulo. Fernando Seara estava nessa comissão......

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  11. Zé Luis, confesso que não me recordava da participação de Morgado no processo - embora me recorde razoavelmente do mesmo e, mais recentemente, tenha lido o célebre livro de Rui Mateus. No entanto, o nome de MJ Morgado tem sido muito falado e há notícias que relembram esse facto - como esta, por exemplo http://www.portugaldiario.iol.pt/noticia.php?id=752112

    No resto, estou muito receoso deste processo. A minha confiança na justiça é cada vez menor e receio que este processo se esteja a desenrolar com o objectivo de abater um alvo pré-determinado - ignorando as provas que apontam noutras direcções (LFV, Sousa Cintra, Veiga,...).

    Conforme realçado por pinto da costa, a ida de LFV à sede do PSD e as reacções subsequentes do deputado Moreira são uma nódoa para o partido. Imagino que nunca receberiam Pinto da Costa nas mesmas circunstâncias. Para além disso, repare-se no bizarro de discutir matérias de foro criminal numa sede partidária. Essas matérias são da competência dos tribunais. Quando muito, se fosse um caso de especial gravidade e de regime (como o caso Camarate), a AR pode criar uma comissão de inquérito. Mas, neste caso, as audições seriam na AR - e muito mais abrangentes do que a mera audição de uma parte interessada. Com efeito, tráfico de influências...

    Nisto tudo, há uma clara intenção de regressar ao "status-quo" pré-25 de Abril. Até se volta a lançar o anátema dos jogadores portistas em relação à selecção. E tudo isto sob o aplauso de grande parte da comunicação social (indiferente ao facto de o Porto ter sido o melhor representante português no futebol internacional de há largos anos para cá).

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  12. concordo com tudo o que disseram! No caso do vale e azevedo acho estranho o sistema benfisquista não apresentar um harbeas corpos! como a nossa justiça está, aposto que saía impune!

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  13. Estamos todos de acordo.
    Porém, percebendo que mandar um caso para tribunal depende de uma só pessoa (Morgado, Carlos Teixeira) mesmo que tenha rabos de palha e palha para dar como justificação (vide o livreco pidesco da carolina), ao chegar a tribunal é preciso muita fruta para condenar pessoas.
    Elas não são condenadas agora a não ser pela cegueira popular pela opinião encartada de uns quantos doentes de azia crónica.
    No tribunal é como no campo de futebol: vê-se quem é bom, quem é melhor e quem ganha. Aliás, dificilmente há penáltis a pedido e agressões encomendadas. Quanto mais não seja ao bom senso...

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  14. queria cumprimentar o Zé Luis pelo post, muito bom. Já agora, e porque aqui foi mencionado, cito uma parte do meu artigo de opinião hoje, no jornal Público, com o título de "O pântano":
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    ...Incendiado por sucessivas fugas ao segredo de justiça que lhe chegam através dos media, irado com a impunidade e as prescrições (excepto quando delas beneficia) e com o arrastar de casos mediáticos em que, por nunca serem julgados, os arguidos são tidos como culpados, e farto da morosidade e do corporativismo da justiça, o cidadão comum civil deixou de confiar na administração da justiça.... (há) sinais de uma revolta da sociedade civil que deveria suscitar uma reflexão séria por parte dos agentes judiciários e dos governantes.
    ....
    o Primeiro-Ministro não andou bem quando acenou com a nomeação de Maria José Morgado como um trunfo do Governo no combate à corrupção, o que politiza a sua nomeação para o Apito Dourado, competência exclusiva do Procurador Geral da República a quem se exige total independência.
    A nomeação de Morgado não parece de resto ter retirado o caso do domínio perverso da vox populi. Como é possível que a Procuradora se aflija com a divulgação de um despacho na Internet e nada tenha dito ou feito, quando as suas inquirições a Carolina Salgado iam sendo diariamente transcritas nos jornais? Será lícito considerar a testemunha credível e não questionar as suas motivações, quando se lê que ela só foi capaz de comentar um caso que é reconhecidamente do domínio público, e só o é devido à violação do Segredo de Justiça? E, não é também pela violação desse segredo e das suas transcrições nos jornais que há quem se questione porque não se investigam também as gravações suspeitas que envolvem dirigentes que nunca foram inquiridos?

    A preservação do edifício da Justiça, o pilar que substituiu a supremacia da força pelo direito público inspirado no princípio da supremacia da lei, através da defesa obstinada mas auto-crítica e coerente das instituições e das tábuas da lei é a única forma que resta para as democracias se defenderem da nova moral despótica inspirada pelos media, dominada pelo frívolo, pelo efémero e pela inconstância das mobilizações que regem a nossa sociedade, em contraste com a moral ética que antes era decretada por instâncias tradicionais como o espírito nacional, a família ou as igrejas.

    A justiça narcísica e vingadora, tal como o “justiceirismo” de Zorro, podem ser espectaculares e românticos, mas não se adequam ao Estado de Direito, que deve ter o monopólio do poder jurisdicional (de fazer as leis e de as aplicar, julgando a razão e a sem-razão) e do consequente poder coercivo.
    --------------

    para todos, um abraço

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  15. A "justica"na minha opiniao anda a cacar fantasmas,estou cada vez mais convicto que se o nosso presidente tive-se feito xixi fora do penico ja estava la dentro a muito,caca-se fantasmas,enquanto os verdadeiros mafiosi passeiao por este pais armados em honestos e a chamar estupido ao ze povinho(vou fazer queixa ao psd)
    Portugal 2007,com ideias de 1967
    O meu maior medo e sermos ultrapassados pela Romenia.

    PS.125,000 Euros da para quanta cerveja??
    PORTUGAL NO SEU MELHOR

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  16. Para refletir, tirei esta ideia da "Destreza das dúvidas". O assunto é o da criança cuja guarda está em litígio em tribunal.
    Mas pode ser sobre outra coisa qualquer:
    "Tenho reparado que no debate público, seja ele económico, político ou desportivo, gostamos de ter opinião antes de termos informação. Depois de formada, a opinião serve como filtro informativo, apenas assimilando o que a confirma. Deste mal padecem também os jornalistas. Os jornalistas assumiram uma causa, a do Sr. Sargento. A partir daí toda a informação passa a servir a Causa".
    No futebol nem se fala. Nem se cansa...

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  17. Já não é de agora, venho dizendo que isto está tudo inquinado e a justiceira mizetsung tem instintos anti-futebol e agora apanha-se onde sempre quis estar, nas luzes da ribalta, no meio do mediatismo com um caso destes nas mãos, a tentação vai ser maior que a razão e vai tentar arranjar condenações nem que seja à custa de credebilizar uma testemunha que não é credível... Não condenar seria visto pela voz do povo intoxicada como uma derrota, ela não se perdoaria ...
    Por isso estou precupado pois acho que é o que se vai pasar.
    Quanto ao psd ter recebido o orelhas e os comentários subequentes, lamentável mas possível neste país e no clima que andam a criar.

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  18. Caro Rui Moreira, antes de mais, bem vindo aqui à caixa de comentários do blog, espero que comece a comentar mais. Aproveito para o convidar a vir aqui amanhã já que o post preparado tem a ver consigo.

    Qt ao seu artigo, é excelente e elucidativo do que se passa no país em termos de justiça, aliás na linha do texto do Zé Luís.

    Zé Luís, essa frase é para guardar já que se enquadra exactamente no que eu penso que acontece no futebol, tanto nas próprias transmissões de jogo, como nos jornais desportivos. Os realizadores ou jornalistas, consoante o caso, filtram apenas aquilo que lhes interessa no seu indisfarçavel clubismo e transmitem ideias erradas do que se passa, formando assim opiniões desfazadas da realidade.

    Qt ao resto parece que estamos todos de acordo, não sabemos para onde vamos assim e pior não sabemos qual a solução.

    Um abraço.

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  19. Já me esquecia. Aconselho-os a irem ao blog http://bicampeoesdomundo.blogspot.com ou ao jornal A Bola lerem a crónica de hoje do Jorge Olimpio Bento. Tb muito boa.

    Os portistas neste aspecto estão muito bem servidos, desde o Jorge Maia, MST, Alcides Freire, Rui Moreira, JOBento e claro o Zé Luís, entre outros ;-).

    Um abraço.

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  20. Tudo isto vem confirmar aquilo de que eu já suspeitava,melhor,já tinha a certeza!Esta associação de malfeitores que nos desgraça a vida,em vez de nos governar,não está minimamente interessada em que se faça justiça!O que esta gente quer é o coiro do PDC,mais nada!São mafiosos,corruptos,movem influencias descarada e despudoradamente como se fossem donos do país!E se calhar até são!Olhem meus amigos,nunca mais um sem vergonha destes politicos de pacotilha ganha um "tacho"com a ajuda do meu voto!

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  22. Zé Luís: Achei bem colocada a nota sobre o caso da criança a adoptar! Por essa razão eu senti algum incómodo e acabei por não subscrever um abaixo assinado que me surgiu no E Mail juntamente com muitos outros assuntos! Pensei: eu assino, também acredito que a melhor solução é a criança ficar com quem vive agora - e a Justiça deve perceber isso - mas assim estou a alinhar num movimento que pouco tem de racional e mais parece tirado de um romance da Idade Média! Tem razão quando diz que todos temos as nossas fundas convicções e depois só aceitamos a informação que vá enriquer ou clarificar os nossos argumentos! Creio que é mesmo assim! Aprendi em aulas de Filosofia que assim acontece quando aderimos a este ou àquele filósofo e rejeitamos os restantes! Os seus pensamentos apenas são instrumentos de reencontro e esclarecimento do nosso próprio pensamento! O mesmo acontece quando abrimos um livro e nos parece surgir um caminho há tanto tempo procurado!

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