11 novembro 2012

Jogar bem e ganhar é que é espectáculo

Não sei se por andarem a dizer - hoje em dia diz-se tanta coisa... - que VP está melhor até ao nível comunicacional - o que sempre me deixou perplexo porque nunca o ouvi maltratar a língua ou o nexo das suas palavras, mas talvez agora entendam que sim, está melhor, isto para quem demorou a ver a evolução do treindor e a responsabilidade no título - levou o treinador portista a prometer mais e melhores espectáculos. Não devia tê-lo feito (e dito). Primeiro porque soa a promessa difícil de cumprir, porque raramente há espectáculo no futebol hoje em dia: eu só espero espectáculo do Barcelona, porque garantidamente tem condições para fazê-lo, ou a Espanha. Depois, porque faz lembrar certo discurso político, tão mal encaixado por estes tempos., e devia evitar-se até por comparações escusadas e em que só se fica a perder. Por fim, porque o relvado do Dragão não ajuda e a Académica não é adversário que o permita.
 
Foi com alguma dificuldade e pouco brilho que o FC Porto ganhou, sem negar o mérito e o merecimento, e manteve a liderança. Voltou a sofrer golos em casa, desde a última visita dos estudantes em Março, mas pelo menos desta vez ganhou, ao contrário do 1-1 do anterior confronto. Na 1ª parte, a lentidão portista era tão causa própria como alheia, face ao posicionamento defensivo levado ao extremo pela Académica, a lembrar a Supertaça onde o campeão só ao 90º marcou. Já se sabia que ia ser complicado, requeria paciência a abordagem. E os golos até surgiram em contra-ataque, o que pode parecer ironia mas é algo que se deve aproveitar no futebol.
 
Aqui primeiro importa ganhar e interessa jogar bem, se e quando for possível. Espectáculo é algo indefinido, que pode cair do céu (5-0 ao Marítimo, sem ninguém estar à espera até pelo jogo complicado da época passada resolvido só no fim). e raramente se vislumbra, para além de cada um achar que dá mais ou menos espectáculo com melhor ou pior nota artística.
 
Torna-se complicado adiantar, então, um "projecto" de espectáculo com todas as condicionantes e mais algumas. Por exemplo, marcar e ter outras tantas oportunidades de golo (Jackson e Atsu isolados) em contra-ataque num jogo quase de sentido único e de ataque continuado infrutífero é tão surpreendente como ver Helton sofrer um frango monumental e pôr de novo a vitória em risco.
 
Daí que mais vale às vezes estar calado, porque pode já cobrar-se a VP a falta de espectáculo, embora não desprezando o estado deplorável do relvado que é o primeiro obstáculo, por culpa própria, ao desenrolar do bom jogo. A vitória é indiscutível mas lá se acabou com o receio de sofrer um golo sabe-se lá como, o que também ajuda ao desconforto a quem poderia, até pelo último jogo em casa, esperar mesmo espectáculo e ficar a lamentar, ao invés, ter comido gato por lebre, não sendo despiciendo que ganhar é o melhor remédio. E jogar bem é justificar o triunfo, podendo dispensar-se sobressaltos de última hora. Prefiro que o FC Porto cumpra esse binómio de jogar bem e ganhar, porque tudo o resto vai da interpretação e da sensibilidade de cada um.
 
Por falar em falar e ter um tom "garantístico", veja-se o golo incrivelmente anulado ao Braga a negar-lhe o empate em Alvalade. Salvador abriu a boca e ficou a perceber o que custa chegar a 3º, lembre-se o Boavista,, quando mais a 1º em Portugal. Só com muita força, muita massa crítica e muitos anos nisto.

Sem comentários:

Enviar um comentário