Hoje, infelizmente, vão coincidir o Porto-Braga (20.15h) com Milan-Juve (19.45h) e Barça-Levante (20h). Ontem não vi futebol, nada houve de interessante. Dei conta, depois, da derrota do Madrid, mais uma em Sevilha. Cidade talismã para o Mourinho exultante e doido de alegria, aos pulos no Olímpico em 2003... Este ano soube-lhe mal. Na época passada permitiu dois golos aos locais, mas ganhou 3-2 no Bétis e 6-2 ao Sevilha. Desta vez, um golo de cada adversário bastou para vergar o Madrid. Não há jogos iguais, muito menos épocas iguais. Perdeu dois, mas acabou os jogos a cumprimentar os jogadores adversários, um a um, ao saírem do campo. Foi no Pizjuan e ontem no Villamarin. Afinal, uma bofetada aos seus próprios jogadores, aludindo a um tenista de 34 anos da Taça Davis e comparando com jogadores de 23 anos, seguramente alguns dos seus, cansados por dois jogos em quatro dias.
Eu poderia ver que do 11 do Bétis são todos espanhóis, menos o português Salvador da Agra. É verdade, o fabuloso lateral-direito Nélson da Selecção portuguesa pagou a goleada da semana passada no derby (5-1). Sobrou o ex-Olhanense Agra.
O desportivismo de Mourinho, normal e vulgarmente, perde-se na sala de Imprensa. Desta vez atirou-se ao árbitro, algo que evitou na época passada mas não faltou a uma dezena de treinadores adversários. Mas também ao calendário. O calendário.
O Madrid jogou na 4ª em Manchester e ontem em Sevilha. Mourinho queixou-se do Barça, indirectamente, pois só joga hoje depois de ter jogado na 3ª feira em Moscovo.
Tem razão. Não faz sentido. Mas não é vítima e estas coisas têm sempre dois lados.
"Em Espanha, não se excitem, sucede o mesmo. De outra forma. O Barça jogou na 4ª feira para a Champions, mas recebe o Granada no sábado. O Madrid jogou na 3ª feira, mas só joga com o Rayo no domingo."
Isto foi em Setembro, escrito aqui. A Imprensa espanhola, catalã e até mesmo de Madrid, irá lembrar-lhe isso, porque os nuestros hermanos nestas coisas não deixam o lixo repousar debaixo do tapete e qualquer papagaio dizer o que lhe importar e não levar que contar. Por cá é só valentões a defender os do regime.
Faz-me lembrar o Paulo Bento a comparar Portugal a jogar no Gabão e pensando o que a Colômbia faz a jogar com o Brasil. Tem tudo a ver, como se sabe, além do nome do rival, as condições de campo, humidade e temperatura e a distância a que se joga de casa, cá da parvónia onde se vê as coisas pelo prisma pequenino do olho cego.
Como sempre, a verdade estraga uma boa estória.