06 novembro 2012

Melhor Abdoula i é também a exibição do que o resultado

Gostei muito da exibição do FC Porto em Kiev. E é caso para dizer o contrário do que normalmente se diz quando se ganha de forma menos convincente, ou conveniente segundo o parâmetro de casa um. Por exemplo, ouvir um paineleiro qualquer de Lisboa falar de um 0-0 do Porto seja onde for é saber, por antecipação, que ou vai dizer que o resultado e o objectivo mais importante foi conseguido ou que o futebol portista é baço, cinzento, cor de burro quando foge senão mesmo abaixo de cão. Naquele, mais um, inenarrável programa a que os pascácios da TVI nos habituaram desde os seus "Domingos Desportivos" pelas madrugadas de 2ª feira com a bola doméstica que, não por acaso, me apanharam sempre a dormir sem nunca ter visto alguma vez um pastelão televisivo-informativo-desestruturado, é mais normal, até pela coincidência do calendário, terem um orgasmo pelo Real Madrid do que entusiasmo pelo FC Porto.
 
Por sinal, o FC Porto, embora perdendo o registo totalmente vitorioso, passa à fase seguinte com dois jogos ainda por fazer e, enfim, torna-se a única equipa da Champions com uma das defesas menos batidas. Apurou-se com o Málaga, por antecipação, a outra equipa que também só sofreu golos num jogo apenas (hoje mesmo 1-1 em Milão). Pois acho que a equipa esteve defensivamente muito bem e Abdoulaye foi enorme na estreia, da mesma forma que Mangala se assume a lateral-esquerdo e ataca mais do que Danilo. Só o FC Porto, apesar desse acento tónico na qualidade defensiva que começou no acerto do meio-campo, teve oportunidades de golo e a vitória seria mais do que justa ante um opositor "nervoso", agitado, empolgado e com jogo muito directo, ao contrário do tiki-taka do Dragão. Achei que os portistas estiveram soberbos globalmente e o resultado não espelha a superioridade conseguida ante um opositor valoroso mas sempre posto em guarda por um FC Porto a gerir todos os momentos de jogo.
 
Para além das diatribes que o ex-árbitro Pedro Henriques denuncia, tal qual quando apitava imbecilmente, a ênfase do programa é sempre para o Real Madrid. Com uma vantagem para mim: depois de ter visto, nalgum lado, os golos do seu jogo, deixar o resumo alargado dos merengues para o fim faz-me acabar o suplício mais cedo e dispensar-me de ver a verborreia à volta dos tugas de Madrid, sendo que CR7 não marcou para a orgia ser completa e a rapariga da boca de sapo inibida de se babar pelo canto da boca. Depois, o songa-monga do Martins, abécula como desde sempre, dá sonolência àquilo, o que nos faz ir para a cama mais cedo. O Baía e o ex-modelo do Sporting só estão ali como candelabros de luxo mas reduzidos a uma média-luz entre os flashes do "melhor futebol do mundo" tão anunciados como as vacas sagradas da Índia a pastar em Bombaim.
 
Voltando ao FC Porto, Defour esteve bem no lugar de Fernando, mas saindo (aparentemente) lesionado, tal como Abdoulaye em vez de Maicon. Este é só mais um caso de ninguém dar um tostão pelo jovem africano e pedirem pelo nome mais à mão, como Rolando, sendo que Abdoulaye Ba vai ser, de caras, um caso sério no nosso futebol!
 
O que quer dizer que todas as posições estão "cobertas", excepto uma boa alternativa a lateral-direito que Miguel Lopes não é sem Danilo entusiasmar minimamente. E, claro, o substituto de Jackson, que Kléber nunca poderia ser. Seguramente, Fabiano Freitas irá render bem Helton na baliza, um dia destes, e Mangala será boa opção enquanto Alex Sandro não voltar.
 
Este jogo que aparentemente seria para cumprir calendário e fixar o apuramento, como foi, tornou-se muito exigente, com jogo ríspido do Dínamo sem a classe de outrora quando Blokhin e Mikhailichenko jogavam com Zavarov, Belanov e Yakovenko. E com imensa intensidade, vamos ver se não cobrará factura para domingo, até pela recaída de Defour, pois Castro continua a brindar-nos com passe curto exclusivamente para trás e dali nunca augurei nada de bom. Porque nem tudo o que é português tem de ser enaltecido à viva força. 

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