O Chelsea, é verdade, o Chelsea sempre tão falado por isto e aquilo, com toda a justeza, coroado campeão da Europa de forma quase ignóbil, corre o risco de tornar-se o primeiro detentor do troféu a ser eliminado na fase de grupos, caso a Juventus não perca na visita a Donetsk na última ronda, sendo dada como certa a vitória dos londrinos sobre o Nordsjaeland. Só uma vitória do Shakhtar e a dos ingleses que se dá por garantida permitirá ao campeão europeu manter-se em prova ou tornar-se com o Benfica um dos favoritos na Liga Europa.
O Chelsea está em risco mas, pior ainda, o treinador Roberto di Matteo pay the price pela clara derrota em Turim (3-0) que compromete o seu futuro na prova. Isto seis meses depois do triunfo em Munique, onde foi inferior ao Bayern excepto nas grandes penalidades, depois de deixar pelo caminho o Barcelona numa semifinal com desfecho tão imprevisível quanto incrivelmente injusto.
Pode haver milagres no futebol, como foi duplamente o caso, mas duram menos do que os diamantes, por muito que brilhe a fortuna do dono a par da sorte do jogo. Não há é anjos, apesar de di Matteo ter ganho, ainda, a Taça de Inglaterra, duplo êxito que lhe garantiu a renovação do contrato.
E domesticadores de balneários endinheirados e vedetas mimadas são coisa que também não duram muito, pelo que certas ideias feitas em futebol e endeusamento de treinadores - os primeiros a pagar o preço... - só não caem em desuso porque opinadores de pacotilha e os clichés incontornáveis são sempre jogados em alturas de euforia até serem "chamados à realidade" quando as coisas correm mal: são duas vitórias nos últimos oito jogos para o Chelsea, mas di Matteo ainda dura mais do que AVB ou Scolari...
Desta vez não se pode falar de complot no balneário ou de inexperiência de "rookie" para o sucessor bem sucedido de AVB. A glória é efémera mesmo com o troféu mais cobiçado nas mãos e di Matteo nem estará lá para saber o destino do Chelsea na Champions nem chegará ao Mundial de Clubes no Japão em Dezembro, depois de já ter perdido a Supertaça Europeia com o Atl. Madrid de forma concludente. Já lá não está Drogba, decisivo em Munique como foi quase sempre pelos "blues". E o afastamento de Lampard e de Terry da equipa titular, ainda que por razões diferentes, desta vez não funcionou como pedra de arremesso contra o treinador, como contam ter sido com AVB.
O FC Porto andou perto de ser eliminado em 2004 após ter sido campeão europeu, mas impôs-se por si mesmo ganhando em Moscovo ao CSKA e depois ao Chelsea de Mourinho na última ronda, curiosamenter partindo depois para a conquista do Japão na última Taça Intercontinental. Ironicamente, os dragões foram incapazes de sequer marcar um golo ao último PSG (0-0 e 0-2) com quem agora disputam a primazia do seu grupo nesta época.
Quem diria? Ou talvez, porque não?
FC Porto e Shakhtar, já apurados nos seus grupos, não prosseguiram na prova há um ano, quando então passaram o APOEL, que nem aqui chegou desta vez, e o Zenit para onde foi Hulk.
O Braga não teve um Partizan para se redimir e até o Cluj se revelou insuportável (duas derrotas claras).
O Benfica, é verdade, o Benfica só tem de vencer no Camp Nou...