05 março 2012

FUGA (ao ruído) DO JOGO (para míopes)

Conseguida a vitória essencial na 6ª feira, com uma classe insuperável e uma raça que a equipa portista ainda não tinha demonstrado cabalmente esta época juntando o resultado estrondoso à exibição da época - e para mim, ainda melhor do que a 3 de Abril no dia do título, por tudo e até atendendo às circunstâncias de alto risco deste último clássico -, só podia fugir do ruído que tal triunfo provocaria no País. Títulos de jornais garrafais. Parangonas nas tv's a abrir noticiários e durante meia hora a ouvir meio mundo e todas as classes profissionais representadas até na Assembleia da República, sobre os méritos do êxito como é norma sempre que o regime se empolga quando a vitória o MERECE. E ainda viriam os pasquins do dia seguinte e os dias seguintes nas pantalhas policromadas pelos palhaços das cores da capital. Estava mesmo a imaginar:
- tv tal obtém reacção exclusiva do central bicampeão em cinco anos...
- pasquim consegue a única coisa que o ex-jogador, agora no clube tal, logrou dizer após triunfo sem margem para dúvidas...
- clube de fãs de alguidares de baixo esgota cervejas a ver o jogo...
- na antiga colónia portuguesa foi uma festa como antigamente...

Lembrei, porém, ser 'fatela' usar o título "FUGA", em letras grandes ou não, para uma equipa saída de um confronto na casa do adversário, que tinha os mesmos pontos, para mais, imaginee-se, com os três pontos no bolso representado por uma careca sem ponta de cabelo como se o porta-moedas fosse de uma pele toda curtida e envernizada. Seria 'fatela' e pouco original, por muito 'susceptíveis' a estes deslumbramentos e exaltações que sejam, como "RAÇA", ou  "CLASSE" e mesmo "LÍDER". Ficaria desapontado se confirmasse alguma predisposição (preguiça?) para tal tipo de exibicionismo, mesmo descontando que são useiros e vezeiros nos aerópagos da pasquinagem.

E o dia seguinte? Bem, as cores garridas nas capas a vermelho pareceriam escorrer sangue. Mas não, seguramente, das marradas que o Maxi Pereira - que nem à QUARTA (4!) falta nem por ser FRENTE À ÁREA (de onde Moutinho, de livre, tirou tinta à barra de Artur), ainda na 1ª parte, mereceu um cartãozito do sócio da impunidade vermelha! - aprendeu do Já vi caceteiro que teve apenas por missão dar pau em Lucho. Não poderia aguentar tanto aparato cromático, nem que pusessem os TOMATES DO TREINADOR vencedor em exposição.
Restava-me pois a fuga, desligar a tv e nalguma estação de serviço nem olhar para a banca dos jornais. Mas títulos garrafais não passam despercebidos, o jornal parece saltar da banca, como os olhos de um treinador enraivecido contra um árbitro-auxiliar dos quais NUNCA TEVE UMA BENESSE, nem em Barcelos, nem na Feira, que fosse ou como saltar as palavras de um presidente que NÃO QUERO FALAR DE ÁRBITROS MAS ESTE SR. ÁRBITRO DEVIA DEIXAR DE APITAR OS NOSSOS JOGOS. Eu, que já vejo mal ao longe e se for perto já me guio pelo cheiro apurando outros sentidos e reflexões imediatas, fixei um.
Finalmente, regozijei-me, recuperaram um lance decisivo de um clássico a 20/12/2009. Qual museu da restauração, comissão de reabilitação ou comité de sábios paleontólogos e ínsignes representantes da arqueologia dinossáurica? Mais de 800 DIAS depois, OITOCENTOS E QUATRO DIAS mais exactamente, alguém descobriu que um clássico foi decidido por um fora-de-jogo quilométrico, homérico que até um cego, na sua infelicidade mais ingrata, veria, sem precisar de um milagre digno de Jesus.
Lembrei-me que, tal enxerto da História, não seria apropriado. Disse-me um amigo, ontem mesmo, a propósito de uma enxertia duma ameixeira. Por ser... ANO BISSEXTO. Coisas de agricultura e marés que não conheço, deixo aos entendidos.
E fico a pensar por quantos mais dias vai ficar o FC Porto sem marcar em fora-de-jogo e com a mão, como Saviola em Coimbra, algures a meio desses OITOCENTOS DIAS, proeza mais rara, quiçá única, que um dia um pasquim esperto da memória recuperará para nos alegrar e lembrar, enfim, que alguém vela por nós - e sabemos como as velas dão jeito para alumiar no escuro... e recuperando o velho adágio de ler jornais é saber mais, confiando no seu esforço para nada nos esconderem e a muitos, seguramente, abrirem o caminho, ampliarem a visão, iluminarem o espírito mais enegrecido pela IGNORÂNCIA.
Mas tinha de voltar à terra, assumir o desafio de ver o que não queria, sofrer as consequências de um alheamento consciente da realidade que devem ter sufragado e esfregado nos olhos de leitores e espe(c)tadores, agora que os chico-espertos da mesma laia poupam nas palavras mesmo que as ampliem EM MAIÚSCULAS.
Assistiria, ainda, mais de 48 HORAS depois, ao embandeirar em arco pelo triunfo de 6ª feira? Como eu tremia de ver a dura realidade fatalmente a exporem-ma à chegada à cidade: outdoors berrantes, rusgas policiais à saída da portagem, o BIG BROTHER em cada canto para que nada me falte?... Não, eu não me iludira com a manhã de domingo sem saber dos resultados da bola na TSF às 10.30h, como se o Sporting não tivesse perdido em Setúbal e o Braga não se tivesse colado ao 2º lugar. Nem sabia o resultado do Braga! Nem soube, aliás...
Estava preocupado só de pensar em ligar o computador e ver o PANORAMA. Afinal, parece que um treinador foi despedido algures em Londres de onde raramente saíram notícias boas e imagens de portugueses ali em labuta. Não soube de mais algum treinador despedido, pelo menos invectivado, ninguém ameaçado por adeptos e cujo nome fosse vociferado no altar da opinião pública em que inclinadamente se deixam cair estas escaramuças para o povo julgar por si mesmo.
Os ecos do jogo, e do triunfo!, de 6ª feira não os ouvi. Também não vi reportagens dos noticiários das tv's sobre o DIA SEGUINTE, mesmo a poucos dias de um jogo de Champions para o qual era suposto haver treino, talvez uma conferência de Imprensa, um boletim médico, uma palavra de presidente que anda pelas horas da morte quando não se aborda um tema durante OITO MESES.
Haverá temas tabus, aliás? Os repórteres faltaram todos ao treino do dia seguinte? Não adiantam já os 60 mil e tal espetadores (sem "c") para o sacramental jogo seguinte? Ninguém se pôs à porta do centro de treinos? Teria, lagarto, lagarto, o Eusébio VOLTADO AO HOSPITAL? (mas nem disso soube!)...
Podia reconfortar-me e lembrar-me como é useiro e vezeiro certo espectáculo, com "c" para dar mais empolamento ao show, num certo local de um estádio sempre nas bocas do mundo por coisas do SUBMUNDO. Vejo imagens de alguém exaltado a vociferar contra outro que trata por tu, coisa normal no futebol, a par da basófia, entre uma cerveja que não bebo e courato cujo cheiro me arrepia os tímpanos - porque não era só ao Serafim Gamboa que o cheiro da relva ficara na retina!... Apanho na net coisas estranhas que as tv's não dão, mas confesso que mal vi tv porque tinha medo dos cenários de horror a presentearem-me, seguramente sem ofensa, face aos vitoriosos do tal jogo que era muito falado de véspera mas parece ter morrido. COMO O PERÚ? Ah, lembrei-me de FRANGO, mas a parcimónia noticiosa e os títulos garrafais abafariam qualquer semelhança com um galináceo, só se fosse da parte do derrotado conveniente ao qual pudessem imputar, nesta vida FILHA DA PUTA, uma derrota, mesmo com um FORA-DE-JOGO.
E como gosto de silogismos, que atiçam a reflexão e vasculham a memória dedutiva, aprecio quando tiram uma conclusão contrária ao anúncio de várias premissas. Porque todo o esforço É UMA MERDA. Mas eu ia chegar a algum lado com isto e, entre todos os meus receios de chocar de frente com uma realidade dolorosa plasmada num TÍTULO de jornal, corria mesmo o risco de me perder.
Ah, a propósito do vídeo que circula por aí, que vi há pouco na internet, como esta nos facilita o arquivo de jornais tanto como estes recuperam erros de jogos antigos, já vos posso adiantar a manchete de outro pasquim, mesmo que as premissas sejam verdadeiras, o réu identificado sem margem para dúvidas, os factos provados e auditados e a divulgação que só a net, não as tv's do APAGÃO, garante à escala planetária, reduzindo a ridicularia a CAIXA QUE MUDOU O MUNDO, quando e se houver algum inquérito ou mesmo ameaça de tentativa de agressão do arguido em julgamento, a sentença é esta, em letras garrafais para todos perceberem melhor, ouvindo bem e vendo até para "pitosgas": 
adenda: e fui dormir tranquilo, não se passou nada de anormal. Como previsto, de resto, na previsibilidade deste previsível País de cegos, surdos e mudos.

6 comentários:

  1. Mais um post de excelência.
    Saudações portistas.

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  2. Boas

    Fui ao galinheiro e tive na jaula

    De lá vi novamente que SER PORTO é diferente de ser do Porto. O Helton já tinha falado nisso.

    Na luz FOMOS PORTO. Ganhamos porque somos e fomos melhores. Porque tivemos atitude, raça, crença e porque o Vítor Pereira teve uns tomates do caralho.

    Quantos “specials ones” a empatar 2-2 na luz, o que nos mantinha na liderança, arriscavam tirar um pêndulo do meio campo (Enorme Moutinho a par de um AINDA MAIOR Fernando) para meter um ponta de lança? Robson? Oliveira? Mourinho? AVB? Não sei não. Na altura toda a gente pedia Sapunaru porque Djalma tinha amarelo e o empate era bom...

    Lembrei-me da primeira volta onde Vítor pereira criticou o mestre da táctica por este ter ficado satisfeito com um empate no Dragão. Disse que se empatasse na luz não ia festejar porque com o porto é sempre para ganhar. Disse e cumpriu

    Como disse saí do galinheiro satisfeito. Muito.

    No outro dia acordei com uma realidade diferente. Tinhamos sido levados ao colo.

    Ontem vi o jogo com calma na TV. Pó caralho. Fomos roubados.

    A dualidade de cartões no primeiro tempo foi gritante. Como é que o Javi não leva um cartão amarelo durante o jogo todo? Como é que o maxi acabou o jogo?

    A falta do segundo golo não existe.

    O segundo golo é irregular (ver no reflexão portista a explicação mais detalhada e mais fundamentada)

    O penalty do cardozo é por demais evidente. Joga com as DUAS mãos. Alguém disse ou escreveu na comunicação social que o arbitro teve bem ao não marcar porque o cardozo estava de olhos fechados logo não houve intenção.

    Agora querem fazer ao Proença o mesmo que fizeram com o benquerença e o Pedro Henriques. A mensagem é clara. Quem não baixar as calças esta fodido. Os palhaços do porto (Jorge sousa e soares dias) já o perceberam.

    Não vejo os programas de paineleiros. Chateia-me mas alguém que prepare bem os nosso porque vai ser só choradeira. Vão, mais uma vez, tentar reescrever a história e transformar um banho de bola, de querer, de ambiçao, de SER PORTO numa vitória com um favorecimento dos arbitro.

    Abraços

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  3. DD, da frase do Helton fiz um post alusivo.

    Do jogo da 1ª volta lembro-me do que escrevi e de como a sorte do Jesus foi empatar sem saber como, com umn passe de costas a 30 metros, "arriscando" apenas trocas directas nas substituições e julgar ser melhor ou igual ao Porto.

    Da arbitragem do Proença, miserável, falei logo no fim do joigo e dos tomates do VP idem. Prefiro falar que não há falta no 2-1 do que numa alegada irregularidade do Luisão que não existe e nem tem ilegalidade alguma. É melhor focar no essencial. Não houve falta de Djalma, um pé no peito de Álvaro não era falta e a seguir era falta um pé portista no peito dum benfiquista. Não houve uma só acção de Proença que tenha beneficiado o Porto. Ao invés, nem em falta em zona perigosa o Maxi levou amarelo e eu já lhe tinha contado outras 3 faltas, pelo menos, até ali. Depois somou mais na 2ª parte e viu cartão nos descontos, por protestar uma falta que lhe foi marcada justamente, por parte de Janlo junto à bandeirola de canto.

    Neste aspecto, não sei que esclarecimento ou verdade desportiva o FC Porto vai fazer ou deixar prevalecer. O FC Porto devia fazer um filme com acções da arbitragem e provar, facilmente, que a arbitragem foi tendenciosa.

    Por fim, o golo irregular - tão válido como um 2-1 irregular por~não ter existido falta - ´
    e só para encobrir o frango de Artur, que sai aos melões e fica com mais um no cabaz.

    O resto são balelas. Embora o resto esteja reservado para os vermelhos amanhã: serão abafados, a avaliar pelo badagaio que lhes deu na 2ª parte.

    Os paineleiros só ouve quem quer. Mesmo quem os critica fá-lo porque os lê ou ouve. Já devíamos estar noutra.

    E eu ainda fico a pensar como é que vamos ser campeões sem um ponta-de-lança a sério. O Janko voltou a falhar um golo isolado.

    Este foi sempre o problema do Porto: não ter ponta-de-lança goleador para o volume de jogo da equipa, volume e qualidade de jogo que raramente foi apreciada por quem não quis ver que não tínhamos, e não temos, um pdl de respeito.

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  4. Esta época, já houve um penalty assinalado após um jogador de COSTAS para bola ter tocado com o braço na mesma (salvo erro, num jogo do Sporting).
    O argumento de que não deve ser marcado penalidade porque ele tem os olhos fechados é portanto falacioso, tendo em conta os precedentes esta época.
    Até porque se vê que ele NÃO tem os olhos fechados...
    Até porque ele não toca na bola uma vez, mas duas.
    Até porque o lance parte de longe e não há qualquer desvio, não havendo por isso razões plausíveis para ele ter os olhos fechados.
    Até porque Duarte Gomes não teve qualquer problema em assinalar penalidades a torto e a direito contra o Vitória de Guimarães pouco importando na altura se os jogadores os olhos abertos, fechados ou assim-assim.
    E, finalmente, porque imediatamente atrás dele está o Janko, prontinho a receber a bola e (talvez, talvez, talvez) marcar golo. Há clara intencionalidade de matar a jogada com aquela cena digna de um malabarista de circo.

    Só come esta palha quem gosta...

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  5. Zé Luís :

    Brilhante !

    (ao nível do golo de Maicon)


    Abraço

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  6. O penálti de Cardozo não merece discussão. Não por ter os olhos fechados ou abertos, que a Lei é OMISSA. Nada disso. É penálti porque, para lá de um eventual toque involuntário na bola, resultante de um cruzamento largo mas com força, a bola não bate e foge, não é um ressalto fortuito, de raspão ou coisa que o valha que mereça a qualificação de ACIDENTAL.

    Parar a bola com um braço, de resto um braço dobrado no cotovelo para acolher a bola, depois a bola amparada pelo outro braço, tudo feito um MOVIMENTO MECÂNICO como numa concha, para aconchegar a bola e não a deixar jogável, com o ÁRBITRO A VER, sem oposição visual, é claramente penálti.

    Não vale a pena gastar tanta cera com tão fracos defuntos.
    Vítor Pereira teve TOMATES. Proença, que não apitou nenhuma vez em 86' a dar algum favor ao FC Porto, não teve TOMATES.

    O resto são balelas e 72 horas após o jogo não se justifica alarido algum.

    Aliás, a Imprensa do regime já virou a página. Pensam todos no jogo de amanhã. Penso eu que se vão FODER outra vez e vai sair um post a propósito.

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