02 setembro 2014

M(ont)anha pariu um rato

Alguma coisa de especial no fecho do mercado? Não, Campaña é tão ou mais desconhecido do que José Angel e, anteontem, ninguém diria que são jogadores do FC Porto. Há um mês, Falcao ia para o Real Madrid. Aliás, como Leonardo Jardim há anos tinha sido sinalizado (pelo Rascord) como futuro treinador do FC Porto. Ah, não, Falcao ia para o City, dizia-se ainda ontem. Manchester, sim, mas o United. Ausência da Europa? Who cares! United é United, rio-me é com os 54% de adeptos num inquérito da BBC ou SkySports, whatever, que achavam Falcao não ser o avançado necessário para o United. Os adeptos ingleses mal sabem o nome dos primos da Rainha, quanto mais os jogadores bárbaros do continente e provenientes de outros continentes muito menos...
 
Por exemplo, não sei se Cristante, Crisante, Cristiano ou Crocante é famoso para, chegando ao Benfica, ser apelidado de reforço: é italiano e tem 21 anos, não faço ideia quem é mas admito que seja capa de pasquim tuga. Aquela velha teoria de que o Benfica faz vender jornais...
 
Ora, repito, parece que a montanha pariu um rato. Mais ou menos, depende do que for montanha ou rato. Manha tem muitas coisas, mas a verdade é que, mesmo perdendo 8% nas vendas de um ano para o outro, período homólogo considerado, João Querido Manha conseguiu estancar a queda vertiginosa do Record. Sim, porque se vermos bem, o Janeiro-Junho de 2013 foi ainda da autoria dessa sumidade calva, qual esfinge monástica e supostamente meditabunda e acertada, um tal Alexandre Pais que só saiu do Rascord em Julho. Portanto, os anteriores 45 800 e tal do 1º semestre 2013 da época de todos os títulos falhados do Benfica, foram da responsabilidade do cabotino director que, hoje, lançou a notícia em Twitter e para a qual o Jorge da Porta 19 me alertou. Por causa disto publicado no sábado.
É mesmo, o director que assumiu, no tempo do sr. sobrinho da Lola Flores, fazer capas para agradar ao Benfica e prometer embrulhar o produto com o melhor enfeite para ser vendido, esteve 10 anos a matutar como descer as vendas 10% ao ano em média: entrou em Fevereiro 2003 e até Julho 2013 viu o jornal cair de 92 para 46 mil exemplares diários de vendas. O director que parecia ufanar-se no Twitter de a Direcção do Record ter durado apenas 13 meses (Julho 2013-Agosto 2014) era o mesmo que baixava as calças a Luís Filipe Vieira quando um cronista do jornal, Ferreira Fernandes (sim, o do DN) criticava a Direcção do clube de que é adepto e foi FF quem saiu e LFV quem ganhou a parada. Da mesma forma, no jornal que teve provas de Rui Costa ter esmurrado a cabina de Lucílio Baptista num Boavista-Benfica de 2007 ou 2008, no dia seguinte o jovem jornalista foi repreendido pela Direcção do jornal e a manchete a ferver era Rui Costa INOCENTE, em maiúsculas, só porque o valente árbitro da escola de Carlos Valente não mencionou no relatório os insultos de que foi alvo pelo impoluto Rui Costa. E cosi via...
 
Ora, para todos os efeitos, mesmo que o Benfica vitorioso de 2014 não tenha acrescentado vendas a um jornal dirigido por um fanático benfiquista, a verdade é que nunca o Record deixou de cair. Porque é difícil erguer um produto acima da média, mas muito fácil destruí-lo. A verdade é que o Record não caiu entre Abril-Maio e Junho-Julho. Manteve os 42 e tal de vendas, pelo que é incompreensível que a mesma administração capaz de sustentar 10 anos um mostrengo canhestro que dizia ter "saudades dos tempos em que os árbitros eram cuspidos na chegada aos balneários" e punha Rui Prantos na ordem negando-lhe o acesso ao jornal depois de insinuar que o comentador queria ter sido director no lugar do director como o grão-vizir ser califa no lugar do califa, para depois admiti-lo como colunista e com elogios, esse director foi mantido, de forma lunática e com complacência de Vénus mas nunca marciana, com quedas de 10% ao ano que se traduziram na redução a metade das suas vendas. Mantido algures a escrevinhar merda como só ele e seus acólitos, lá saiu com a "bomba do dia" e não era uma transferência, mas uma demissão. Com a ironia, fina a condizer com o personagem, de a notícia sair, em tom sarcástico, pelo iluminado que afundou o jornal para não mais se levantar, que não o seu ego límpido e luzidio como uma melancia careca...
 
Uma demissão que, li por aí, causou regozijo na comunidade sportinguista enfastiada pelas capas prò Benfica... Os sportinguistas, que devem regozijar-se com o regresso, propalado, de Marcelino acabadinho de reduzir o DN de 34 para 17 mil de vendas diárias em apenas meia dúzia de anos vendido ao Oliveira que detestava e passou a incensar, vivem aluados como os vizinhos. É natural, vêem a lua dos dois lados da estrada e é a mesma lua, sem dúvida. Por exemplo, não lembram uma capa do Rascord de há um ano em que Vítor, ex-Paços de Ferreira, era o maestro de Alvalade tudo porque os intrépidos repórteres do pasquim tinham vislumbrado uma série de qualidades, enumeradas na capa, num treino à porta-fechada. E uma edição que na capa nada trazia de FC Porto, nem uma cor azulzita para animar a malta que se sente tão bem representada nos pasquins desportivos como no Torto Canal criado para os enfastiar mais ainda...
 
Ou seja, a transferência do ano nem foi o Hernandez moço e desconhecido que preferiu o célebre Hull City para sair do Palermo e recusando o colosso do Colombo, isto depois de um incógnito g.r. alemão do Mainz ter preferido as margens do Reno aos meet de Lisboa com gente suspeita. E se Chicharito Hernandez era uma referência já costumeira nos últimos dias na pasquinagem embevecida pelo encanto que o Alto dos Moinhos suscita no estrangeiro, talvez confundindo-se com a Torre de Belém, pois ao menos pode o Benfica dizer que se interessou por um jogador que, colosso por colosso, preferiu o Real Madrid. Quanto a Falcao, como se sabe, há uns anos, à semelhança do Lisandro Lopez que conta e marcava golos à brava, foi garantido no Benfica pela pasquinagem já nesta década (2010) do novo e maravilhoso século das luzes com o seu infindável séquito de jornaleiros a soldo.

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