02 maio 2013

Pingo Doce da campanha baixa, até desprezível

"Este Governo faz-nos andar atrás dos supermercados", foi a acusação ouvida ontem num telejornal da caserna. Não era, ainda, uma manifestação de gente com trabalho a gritar por manter regalias negadas à maioria. Era, apenas, uma vulgar e anónima representante do Povo a cagar-se para manifestações, preferindo ir atrás das promoções do Pingo Doce que há um ano tanta celeuma causaram. Outra, inconformada, desprezando as opiniões dos comentadeiros de vão de escada que apontaram ser uma maneira de explorar a pobreza do Povo (!) ávido de descontos, dizia que "só havia descontos de 25% e não de 50% como no ano passado".

As tv's da Tugalândia dão-nos destas pérolas todos os dias. Os microfones são estendidos à turba, à entrada do supermercado ou à saída de um estádio, amiúde até colocados para alguns apenas dizerem o que querem, sem direito a perguntas. Chama-se a isso pés-de-microfone. Deslocam-se até onde são convidados chamados a fazer algum serviço ao público que dele abusa. Foi o caso de terem ido ver como o arcanjo ressuscitou e das suas palavras sem direito a contraditório logo fez levantar outros mortos desse panorama desolador do espaço me(r)diático da saloiice.

Jesus começara a época passada a queixar-se de que um agarrão de Leonel Olímpio a Sapunaru não era penálti que se oferecesse ao Porto em Guimarães. E dos penáltis marcados para o Porto a versão mudou para os penáltis contra o Porto que não são marcados, agora pelo arcanjo Gabriel, passado de desterrado a ressuscitado.

Um amigo alertou-me na 3ª feira que o Benfica estava a dizer qualquer coisa ao fim da tarde. Apanhei uns episódios da coisa nos telejornais do dia seguinte. Basicamente, o Benfica acha que deviam ter sido marcados uns penáltis contra o Porto mas a responsabilidade maior era da Imprensa (de sarjeta) que não denunciaria tais cegueiras das arbitragens impolutas cá da terrinha. Exemplo: um golo irregular do Sporting para vencer o Nacional, coisa que nenhum dos pasquins vislumbrou com tanta expertise atrás do umbigo editorial. O arcanjo Gabriel, depois tão vilipendiado na bluegosfera enquanto o FC Porto voltou a meter a viola no saco, fez um serviço notável à causa pública. Ele fez ver do que a Imprensa, essa sacana e mal agradecida, é (in)capaz. O Povo ficou extasiado com a revelação, nunca percebera isso.

Não sabia que o arcanjo ainda existia, pensei que tinha saído de vez mas há quem garanta que viveu no limbo, entre a irrelevância interna e um enterro definitivo claramente exagerado em modos de ano sabático. As diatribes contra o Porto vêm do catecismo vermelho e dizeres de Manha, tanto que ele fez questão de frisar referir-se a episódios desde que há cinco anos está no Benfica. Não saiu, não voltou, não morrera, aleluia, aleluia! Como no melhor do sócretinismo das "cabalas" e "campanhas negras", como no gonçalvismo porque tantos tugas idiotas suspiram igualmente, o arcanjo Gabriel deu a Boa Nova aos terráquios infiéis de que há campanhas e campanhas e não se deve confiar em ninguém, só o que o livro vermelho ditar.

Uns exaltados portistas devolveram-lhe algumas pérolas de criatividade mas nenhuma objectividade. Afinal, até portistas reconhecem - eu não! - que algum penálti ficou por marcar contra o Porto e essa é uma alucinante capacidade de Gabriel induzir até adeptos contrários. Gabriel fez o seu caminho. Disparou para todo o lado denunciando sem tibiezas a Imprensa complacente e veneranda como sabemos ser para com o FC Porto tanto quanto o serviço de Informação do FC Porto ser ausente e sujeitar-se a qualquer vexame.

O condão de espevitar consciências do arcanjo Gabriel subitamente retornado à vida pública, decerto após reflexão estóica em deserto isolado, pode ter consequência em mais uma nomeação para o Nacional-Porto (será o Cospe Machado), do qual poderá depender mais cedo o facto de o Benfica ser corrupção campeão. A Imprensa agacha-se e depois come por tabela como comeu o Porto com o Capela no derbi que enterrou o Sporting. Ninguém tem percebido as nomeações dos jogos do Benfica, com vários árbitros de gabarito comodamente afastados de complicações estéreis para as suas abençoadas carreiras, nem quando repetidamente o Benfica defronta equipas em luta por lugares europeus; mas, salvo um Capela  (3 jogos com Moreirense, Paços e Sporting) ou outra comezinha estrela do catecismo internacional vermelho como Marco Ferreira (2 jogos fora com Paços e Sporting), Duarte Gomes (2 jogos com Gil e Estoril) ou João Ferreira (indispensável a controlar danos no Benfica-Porto, também com o Guimarães), os internacionais estão ausentes ou marcam presença apenas uma vez (Hugo Miguel, Proença, AS Dias, Jorge Sousa, Xistra), enquanto repetem presenças os Mota (2), Bruno Esteves (3), Vasco Santos (2), Rui Costa (2) que garantem vitórias e não titubeiam na hora de marcar penáltis (Mota em Aveiro e nos Barreiros). E, entretanto, para mais um embate de topo da tabela, resta saber que caixão está reservado para a visita do Estoril...

A verdade é que o Benfica, como venho a dizer há muito, faz o seu papel. Em tempos, a mana Ferreira Leite deu valor ao papel do Benfica. Consegue ressuscitar o arcanjo de casa, enquanto o FC Porto acumula anjinhos que se pavoneiam em tertúlias e passam despercebidos entre adeptos. Gabriel faz tão bem o seu papel, acolitado por alguns amigos que ainda vegetam na Imprensa alegadamente abjecta, que apontou o recorde de uma época sem penáltis contra o FC Porto, mas a sua memória selectiva restringe-se aos 5 anos da sua permanência na Luz. Os amigos de ocasião com certa Manha poderiam lembrar-lhe, ao sportinguista Gabriel, os 4 campeonatos inteiros no final dos anos 90 que o Sporting teve sem um penálti contra, recorde por sinal quebrado numa visita ao Benfica... mas que também nenhum título deu ao Sporting.  

Apanhei uns bocados que um TJ venerando e submisso transmitiu da Boa Nova do arcanjo incomodado pelos males deste mundo terreno e sujo e mal imaginava o muito que ficou por contar ao Povo desta "campanha baixa (...) e desprezível". Aos poucos, aqui e ali, percebo que a Anunciação da Herdade Desportiva tinha muito mais para revelar. Tanto que dois sabujos do Rascord logo vieram, com o rabo entre as pernas, dar-se ao sacrifício, perdida a vergonha de ambos há muito. O cabotino director percebeu (?!) que o golo ilegal do Sporting não apareceu na capa do pasquim que dirige há 10 anos com queda nas vendas de 92 mil em 2003 para 52 mil em 2012 (ACT.: leio aqui, dados do bimestre 2013 que já vai em metade de 2003, nos 46 mil, podem limpar o cu à merda que fazem). O sebento Queirós, conduzido à trela pelo superior Alfredo Jorge - que um dia esteve para ser director de Comunicação do FC Porto, enquanto arrumava os cadernos da sua espúria sabedoria -  ambos os dois empossados pelo mesmíssimo director da treta, balbuciou qualquer merda do seu nauseabundo monte de esterco e voltou a fazer figura de urso. Já outro exemplar do periodismo isento e impoluto não tugiu nem mugiu, assobiou para o ar como é costume. Afinal, esse nem deu conta do roubo de Capela nem do golo irregular de Rojo. A cor predomina nas asneiras.

Moral da história: o Benfica sente-se confortável nos 4 pontos de avanço.
1) o arcanjo Gabriel fez jornalistas jumentos saírem dos caixões no Rascord;
2) veio ao mundo dizer que o Sporting ganhou de forma ilegal ao Nacional como se ninguém tivesse visto o fora-de-jogo de Rojo;
3) deixou o FC Porto na sua torpeza de morte sem reagir;
4) e lá preferiu o catecismo Manha que lhe fala de uma época sem penáltis contra o FC Porto sem a o Manha lhe dizer que o Sporting das preferências terrenas do arcanjo já esteve 4 épocas sem um penálti contra.

Deixou mal umas quantas consciências mortas e como fez o seu trabalho merece o meu aplauso. O trabalho compensa. Jaime Magalhães veio dizer isso mesmo.. Epistemologias à parte, o Benfica continua inseguro, a não ser nas nomeações que quer condicionar antes de vir ao Dragão com receio de levar a receita de 2010 - onde um penálti claro foi negado a Fucile e trocado por um segundo amarelo por simulação, com a benção de Benquerença que desta vez nem em visões surgiu ao  Vi-te ó Pereira Benfica - mas dá sinais de vida. Os exemplos é que não são de bom tom, mas esses da casa própria o arcanjo não falou nem tinha de o fazer. "Press, j'accuse!" foi a preferência do tom e do modo, embora a Imprensa de sarjeta não lhe tenha dedicado capas, a merecer que glorifiquemos o nosso modesto arcanjo tipo Émile Zola no "L'Aurore" de 13/1/1898. E a Imprensa, mais o FC Porto, meteu o rabinho entre as pernas.
Desprezível.

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