Caríssimo venerado "bisconde" do Compo Grande,
faz Bócelênssia bem em enxotar a canalha e exortar a seguir outros caminhos menos ínvios a bem da bola que melhor bata na tola. Releve, porém, que nem toda a local massa ignara é igual, há uma franja resiliente que se senta no banco bom da sociedade elevada e erudita que sabe que campanário escutar o sino do apelo às almas puras. E acredite que, além de Bossa senhoria ao chegar entre hoje e amanhã trazer augúrios de melhor tempo, mesmo que uma pinga de abençoada chuva nos lembre de ser digno de aspergir-vos de bons sentimentos, muitos acorrerão às ladeiras do tortuoso caminho para ter a mais ampla e real visão do guia que felizmente a dibina probidência nos concede com a graça de todos os nobres cujos espíritos contemplamos com a maior admiração e perante os quais humildemente reverenciamos.
Isto para Bossa tranquilidade e sem prejuízo de confirmar os receios de Bocelênssia; e tome por prudente, tão sábio quanto sóbrio à Bossa atenção, o conselho de evitar a arruaça que uns meliantes Casuais podem causar a quem ordeiramente segue um trilho próprio rumo à Luz que melhor alumiar tão distinto caminho.
Procedente da capitolina Lisboa, teime amanhã em seguir a estrada aberta (ver mapa 'aeuro' local), essa serpenteante larga faixa castanha da visão altíssima que vos sirvo, apropriadamente apodada pelos locais de Via Certa do Inferno, vulgo VCI e eximo-me a trocar os vês pelos bês que Bossos olhos enxergam tão bem à distância. Quem vem e atravessa o rio, melhor ao largo da Serra do Pilar, e do velho casario que se estende até ao mar, faça o desvio do Freixo e olhe de soslaio para o mostrengo que possa erguer-se à sua esquerda, na subida aos infernos que tal aproximação tremuras lhe cause.
Escuse-se a ir a pé do antro da podridão, onde assaltantes vários atacam como testemunhado pela isenta Imprensa ao serviço de Bocelênssia e tão mau agoiro trazem como se viu no 31 (3-1) da última visita ao sertanejo mal frequentado. E não receie ameaças dos trogloditas, menos ainda dos caciques entronados, que pediam polícia e justiça no seu encalço: será a cavalo como cortejo de tão excelsa figura e com toda a justiça reverente ante sua magnânima forma de distribuir sábias baforadas pela incontornável bentoinha.
Decerto Bossos prestimosos esforços de consolidação do poder régio a que há-de chegar não deixarão de acompanhar as sortes de tão vasta e destemida equipa que tanto tem representado Portugal como é do timbre do clube que do País acolheu no nome leonino e tão sportibo. Por obras valorosas se ergueram tão distintos feitos internacionais para adequadamente ser o SCP digno portador do brasão pátrio, que isso de ter dado nome a Portugal foi em tempo de outras senhorias menos fidagais do que Bossa ascendência admite provir. E de freguesias lisbonenses nem vale a pena falar. Muito menos de retrógradas probíncias.
Daí, adiante, ser melhor seguir o caminho do mar e vislumbrar orgulhosas venturas rumo a Oeste, esse Far West que o digníssimo bisconde leva na alma de pioneiro com a tenacidade de um quacker desembarcado do Mayflower com a graça de borboletas e lírios e girassóis dos frondosos corredores dos balneários de Albalade: inopinadamente, terá diante de Bossa ambição o mesmo cenário idílico que de Lisboa se avista como de fácil conquista, tal como naus quinhentistas mas agora com os modernos serviços de propaganda e actualizados engenhos me(r)diáticos e tecnológicos ao dispor do único clube que se diz de Portugal, junto do qual o Atlético é, não de uma freguesia como o da outra da qual não se diz o nome por nojo, apenas o capacho, em Alcântara, por onde sobrevoa a ponte do nosso herói e mentor de Santa Comba.
Daí, adiante, ser melhor seguir o caminho do mar e vislumbrar orgulhosas venturas rumo a Oeste, esse Far West que o digníssimo bisconde leva na alma de pioneiro com a tenacidade de um quacker desembarcado do Mayflower com a graça de borboletas e lírios e girassóis dos frondosos corredores dos balneários de Albalade: inopinadamente, terá diante de Bossa ambição o mesmo cenário idílico que de Lisboa se avista como de fácil conquista, tal como naus quinhentistas mas agora com os modernos serviços de propaganda e actualizados engenhos me(r)diáticos e tecnológicos ao dispor do único clube que se diz de Portugal, junto do qual o Atlético é, não de uma freguesia como o da outra da qual não se diz o nome por nojo, apenas o capacho, em Alcântara, por onde sobrevoa a ponte do nosso herói e mentor de Santa Comba.
Dê, contudo, conta (e verá facilmente a estrada bordejada, como acima antevejo, por homens bons e não os rascas tripeiros) que uma oportuna rotunda - as rádios dizem do trânsito ser o Nó das Ántas, mas não há nó górdio que sua habilidade saloia não saiba desmontar ao mais ínfimo pormenor - ao chegar ao pico da Bossa esmerada escalada a esconjuro dos martírios da fé que há-dem livrar do fogo eterno quem tão de acções tão alvas e altas se proclama em honra de ancestrais tradições, essa derivação lhe permite, pois, à direita, seguir os ditosos caminhos que outros nomes dinásticos estabeleceram em honra da boa saúde e alienada resiliência em bem acolher quem aquela casa cor-de-rosa visita, com frondoso jardim à entrada e abrir os horizontes de um verde imaculado em toda a propriedade e para deleite de Bossa senhoria. Consta até que hortas biçosas estão ao dispor de quem mais força de vencer demonstre e o caríssimo bisconde há-de mostrar trabalho depois de ter largado suas empresas para abraçar, desinteressado, a causa da enorme empresa que é o nosso nobre clube que aspira dirigir por mais de uma Guerra de Trinta Anos, como as coisas da História lhe contarão de outros tempos por leituras cavalgaduras cavalheirescas relevando tacanhas tamanhas aspirações.
Tome conta, lá no alto da arte de bem cavalar em toda a sela, deve logo também virar à esquerda mal encontre tal caminho pavimentado com os louvores que sua destreza merece e capaz de amolecer os rudes calhaus que nos entorpecem a caminhada. Como em terra onde ponha o olho, além de todos genuflectirem, sua ordem é acatada sem rebuços, não ligue a sinal proibido, pois dos senhores mais nobres de intenções é digno o reino das transgressões.
Defronte terá, sem desprimor para a heráldica e hierárquica precedência de Bosselênssia, a casa do Conde de Ferreira, edifício apalaçado e belo e entorno pacífico e romântico onde encontrará o necessário repouso após tão arriscada tormenta de aceder a terras de bárbaros na profundeza da probíncia. Consta que ali dentro, nos segredos que só mentes brilhantes podem manter, se procede às mais miraculosas profilaxias do espírito atreito a maleitas do diabo. Aí decerto comerá sopas e caldos para mitigar as dores do corpo e aspergido como é de livro será de unguentos e precações atinentes ao equilíbrio mental. Famílias há que se recolhem nesses aposentos de onde voluntariamente nem querem sair e decerto fará justiça aos ares bondosos e melhores tratamentos psicossomáticos face ao tão desacreditado Júlio de Matos que serve pobremente os crescentes pecadores da capitolina Lisboa.
Ficará ainda a salvo dos urros e bruás do covil do Dragão infame, onde é frequente e propalada a invasão dos gentíos a fazer tremer apenas os pobres [árbitros] de espírito, esse clube sem paz que se renega combater pela regeneração da bola tuga em boa hora assumida por Bocelênssia com a partilha do expedito mandatário da Liga já merecedor sem favor de um posto hierárquico de barão, quiçá duque para saber o que é a escalada das birtudes e o alcance das honrarias.
Ficará Bocelênssia num privilegiado promontório, que os locais desdenham como sanatório, mirando do alto da sua importância secular a temporalidade que Bossa acção determinada, estratégica e justa poderá alcançar ao fundo, passando pela dita Liga a seus pés espojada e o mar aberto que não lhe refreia o ímpeto de cabaleiro do apocalipse para conquistas que, qual Rei Artur, tem conseguido nas frias e húmidas ilhas da Velha Albion já derretidas ao som do seu Inglês Técnico e certeiras proclamações sobre fundos, dinheiros e mordomias que devem ser primorosamente libertas do pecado venial destes tenebrosos tempos que Bocelênssia tão bem sabe desconstruir.
E quando entender, sentindo-se repousado e convicto de ser bom ficar em nome da santa saúde da moleirinha cinzenta a que devemos dar cor e ânimo, ou optando livremente pela saída airosa de tão aconchegado ambiente de salubridade intelectual que merecerá os seus mais generosos elogios, pode meter pés ao caminho; perdão, mandar os servos carregarem a liteira que acima de todos Bossa atitude e alteza de carácter transportará com a protecção dos desígnios do Altíssimo. Os ébrios e demoníacos pantomineiros locais já terão caído em desgraça a pavimentar as esconsas vielas de lúgubres candeeiros amiúde sem cumprirem a função e deixarem esta parte do reino nas trevas.
Ficará, assim, logo bacinado para bisita seguinte na Liga de faca e alguidar montado para sangrar em nome de Portugal e para Honra, Deboção e Glória que tanto faz chorar amiúde suas militantes tropas sempre encantadas com epopeias sem par.
De Bosso admirador mais incondicional que supunhais ter tão bem infiltrado na terra de ninguém, as esperanças de uma boa biagem com estes conselhos que creiais meritórios e assegurada aventurança na Casa do Conde de Ferreira, vosso lídimo anfitrião que não enjeitareis por superioridade moral e estatuto nobre, nem por despeito face ao "bis" que vos põe acima de condes, marqueses, duques e barões já ameaçados com a Inquisição (o Barão foi, logo a abrir esta radiosa época de caça, excomungado), honrar com tão prestimosa presença caucionada por tonitruantes trompetas que salvificamente a anunciavam há semanas como sempre Bocelênssia faz questão de antecipar.
Top!
ResponderEliminarDigno de um Camilo Castelo Branco ou mesmo Eça de Queiróz!!!!!
ResponderEliminarNão sou tetra neto do grande Eça e o Prémio Leya foi hoje atribuído. Honra a quem a merece.
ResponderEliminarComo vêem, há também pouca gente que lê :):):)
Mas, já, agora, posso confessar que o estilo medieval rebuscado no lixo até foi encontrado quando li no domingo passado um excelente livro histórico: AS Sombras de D. João II, de Jorge Sousa Correia. Recomendo até por ser um dos mais brilhantes, mas também implacáveis, Reis de Portugal. Eu adoro História, sei História e aprendo com ela.
ResponderEliminarÉ a vantagem de termos as tv's que temos: como Groucho Max aproveito para ler uns livros. Ah e não vejo programas da bola, não percebo nada disso ou não dizem o que eu julgo perceber.
Também adoro História e foi sempre uma das minhas disciplinas de nota mais elevada...
ResponderEliminarPor isso digo; foda-se D. Afonso III que teve a infeliz ideia de se instalar em Lisboa e aí ordenar ser a capital do reino!!!!!
Capital que se calhar 99% dos portugueses desconhecem, nunca foi reconhecida oficialmente!!!! Creio que não há nenhum documento régio a atribuir tais poderes a Lisboa. Ou seja Lisboa é capital porque... sim!