24 outubro 2014

Contas ao Mundial e patrocinadores

O FC Porto (SAD) apresentou 40ME de prejuízo na época finda. Uma catástrofe financeira decorrente da tragédia desportiva, a primeira era esperada em consequência da antevisão lúcida do que seria a segunda. Há sempre coisas que não lembram ao diabo e se pensavam arredias do Dragão mas, sem querer alongar-me nos comentários às contas, do que só tenho preparação básica, reporto três pontos importantes a reter do balanço geral enquanto apreciação desapaixonada mas objectiva:
- inexplicavelmente, a Administração ganhou mais dinheiro comparativamente à época anterior; não importa se Pinto da Costa recebeu mais de 800 mil euros brutos e a Administração custou mais de 2ME; sem se saber porquê, num ano de vacas magras em que a folha salarial decresceu, e sem ter de pagar prémios por objectivos pois foi tudo falhado, parece que PdC e seus pares lucraram com a coisa: se não é a quadratura do ciclo, está realmente uma conta de soma incógnita o que não é bom;
- entretanto, pensando-se que era boa a aposta em internacionais para quem a presença em Mundiais e Europeus potencia os activos que são os jogadores, o novo administrador financeiro Fernando Gomes vem queixar-se... do Mundial: porque ocorreu e porque só depois dele se venderam Fernando e Mangala, custando a crer que de tão falados antes não tenham sido vendidos antes também da epopeia do Brasil que nem implicou o brasileiro; ora, por exemplo, o Real Madrid só comprou James Rodriguez depois do Mundial onde foi o melhor marcador e um dos melhores jogadores, mas isso compreende-se; já não se entende o desabafo de Fernando Gomes a não ser na óptica de justificar um catastrófico ano financeiro porque as vendas posteriores ao Mundial atenuariam as contas negativas e, que chatice, esse dinheiro só esta época entrará nas contas, o que não deixa de ser desculpa de "mau pagador";
- de igual modo, parece bastante antipática a alusão à perda de patrocínios de BES e PT, previstos para o fim desta época; para já, eu gostaria de saber como se continuará a publicitar uma marca (BES) que já nem existe): não se podia alterar aquilo para o Novo Banco ou o BES dos patrocínios está no "Banco Mau"?; mas a queixa da perda de patrocínios é esquizofrénica, pois há vários meses para encontrar dois novos patrocinadores, incluindo para o "naming" das bancadas relacionadas com a PT. Uma marca como a do FC Porto está angustiada por ter nove ou 10 meses (isto nem é de agora...) para encontrar novos parceiros comerciais?
 
E é assim que de contas más se somam explicações pouco recomendáveis como se o mundo acabasse agora e os novos responsáveis não encontrassem soluções - uma ideia que vai ganhando raízes num clube empresa que tem mostrado poucas soluções alternativas e isso não abona nada nem os responsáveis, nem a marca nem as contas tão más apresentadas e que deviam trazer de imediato não lamentos mas acções concretas.
 
É por isso que quando se registam prejuízos desta envergadura nunca são os números, já previstos, que preocupam, mas a ausência de rumo e carência de ideias. Para gente tão bem paga - quase 90 mil euros em 3 meses para o próprio novo administrador financeiro, 30 mil mensais que nem no Governo socialista Fernando Gomes receberia enquanto ministro - é de esperar muito mais. Desportivamente e em gestão económica. Este é o desastre.

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