21 outubro 2014

Sempre a dar borlas, até as vitórias são caras

O FC  Porto poderia fazer jogos brilhantes, mas sem dar borlas e golos aos adversários nunca seria a mesma coisa. Mais um golo estúpido a perturbar a equipa e a manchar uma exibição até ali brilhante, não fosse dar-se ainda o caso de se desperdiçarem soberanas oportunidades de golo. Vá lá que estas não pesaram tanto, como no sábado, e a oferta permitida e já de catálogo também não estragou completamente o plano, mas a verdade é que o 1-1 consentido voltou a perturbar a equipa em sério risco de se desintegrar. Quaresma salvou a noite em que Jackson voltou a falhar clamorosamente, agora dois "penáltis" a menos de 11 metros da baliza, num executando lento para permitir um corte e no outro abrindo o espaço frontal à baliza para errar o remate.
 
Basicamente foi isto, porque com incidências deste tipo torna-se exasperante falar do futebol portista tão marcado por golos falhados e golos oferecidos. Não foi, de novo, problema de rotação, nem de sistema, nem de falta de entrega, foi falta de maturidade, falta de frieza, falta de eficácia porque, para desespero de todos, parecer ter de ser assim que nos despertam, estas infantilidades que não vemos no Bayern (7-1 à Roma a fazer de Brasil em casa) ou Chelsea, ou mesmo Shakhtar (7-0 em Borisov).
 
Também não creio que esta demonstração, para o bem e para o mal, da equipa de Lopetegui afaste os críticos crónicos dos preconceitos do costume sem perceberem a realidade e dores de crescimento de uma equipa que dá tudo, incluindo dar abébias aos adversários. Mas lá vai ela na liderança do grupo, o que não significa nada, pois se o Athletic vencer os 3 jogos da 2ª volta fica na luta (fará 10 pontos) e a vantagem é que nessas condições afastaria o Shakhtar do apuramento que está a sorrir aos Dragões mas ainda exigirá pontos nas duas deslocações que tem agora a Bilbau e a Borisov.
 
Talvez a equipa sossegue agora um pouco e a rotação de jogadores siga o seu caminho que parece sem retorno segundo o bloco de notas de JL. A equipa fez uma 1ª parte excelente mas qualquer erro próprio a deita abaixo, sintomas de qualidade indiscutível que tem em si e da imaturidade reinante também. Hoje quando muito ficou exposta a pouca fiabilidade de Casemiro a 6, lento a abordar o passe de Herrera que também não primou pela qualidade e de novo a falta de maleabilidade de Maicon, outra vez entortado na área no lance do 1-1.
 
A falta de qualidade na finalização é mais preocupante ainda. Porque se no sábado as ocasiões soberanas fossem convertidas não ocorreriam os erros defensivos, pois a vantagem no marcador propicia sempre algum conforto psicológico. O FC Porto tem de se pôr por cima no marcador, já que amiúde fica por cima no jogo. Vulgarizou o Athletic na 1ª parte, limitado a um remate de longe ao poste, mas tremeu por desconcentração e nervos próprios com as asneiras em poucos minutos e o jogo tornou-se feio.
 
Mas o futebol é assim, muda de cariz um jogo quando menos se espera. JL voltou a estar bem nas substituições (R. Neves por Quintero desgastado; Quaresma por Casemiro; Oliver por Tello), os jogadores erram é passes até no último possível, vejam-se as ocasiões goradas por isso nos instantes finais que poderiam avolumar um resultado que o FC Porto justificava mais confortável.
 
Ninguém diga, por isso, que está bem, veja-se o frango de Patrício na Alemanha - mas o lamento foi da expulsão justa de Maurício com 2º amarelo; veja-se um golo de livre lateral com um central Howedes a marcar sozinho entre seis defesas do Sporting, mas a culpa deve ter sido da chuva; veja-se um golo limpo de Huntelaar, em linha com a defesa, transformado com golo ilegal por aqueles que assobiaram para o lado no sábado quando Adrián López se isolava em posição regular mas também não deu.
 
Às vezes dá, outras não; umas vezes é mérito, ou classe, quando não se vê demérito nos outros; outras vezes é... o árbitro de quem Marco Silva nunca quer falar. Eu só vi lágrimas, baba e ranho na rádio quando ainda nem tinha visto os lances de Gelsenkirchen, onde o Sporting voltou a marcar dois golos fortuitos mas isso também nem sempre chega, é uma chatice.

2 comentários:

  1. As suas análises futebolísticas continuam impecáveis desde o tempo que cá vinha.
    Infelizmente, os dislates políticos simplistas que passam ao lado do essencial vão continuar a impedir que por aqui fique.

    Felizmente, teremos sempre em comum o nosso amor ao FCP.

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  2. Há coisas simples, há é quem complique de facto. Veja-se o FC Porto. E os preconceitos políticos que amarraram este pedaço de terra à beira-mar mal plantado.

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