Fernando Santos fez a sua primeira convocatória hoje. O consenso à volta da sua nomeação reflete-se na aprovação das suas escolhas.
Não deixa de haver reparos, como sempre sucede, a esta lista. Talvez por isso, porque havia tantas escolhas motivo de acesa discórdia, e porque estive fora uns dias, a primeira grande informação que vejo na tv, acidentalmente na SIC ao almoço, foi a lista dos que ficaram de fora. Nem fixei todos os nomes, aliás só apareciam as caras, mas quem exclui Raul Meireles, André Almeida e Hélder Postiga não era suposto ver esta convocatória pelo lado dos ausentes. Mais: os nomes que sobressaíam, melhor as caras que apareciam no "topo", eram de João Pereira e Miguel Veloso. Por sinal, jogadores que eu nunca apreciei como merecedores da Selecção Nacional. E que só sobreviveram porque um inenarrável como Paulo Bento lhes deu guarida, em nome da academia de Alvalade que era, afinal, o único horizonte que o ex-seleccionador conhecia.
E numa altura em que se fala de equipas e jogadores para consumo interno, no caso do Benfica sem estaleca europeia a não ser a repescagem hedionda e umas finais pífias, e de algumas abencerragens que foram ao Mundial fazer a figurinha deplorável que se viu como o André Almeida em dois lances caricatos e até cómicos frente à Alemanha, um deles deu golo logo depois de uma fífia que podia antecipar o 4-0, eis que surgem nomes com tudo e mesmo só algo por provar. E que vem de encontro ao ruído estapafúrdio, atendendo à ligação do Bentinho ao Zbórdem, de quem pedia todos os tugas leoninos no Mundial.
Por exemplo, ainda no recente clássico vi que Cédric pode ter muita força, glúteos desenvolvidos, pinta de gostar de halteres, correr muito, mas tudo isso fazia, por exemplo, João Pereira, embora com menos músculos visíveis. Mas em futebolês corrente, um e outro não valem um chavo. Acaba por ser curioso como Fernando Santos prescinde de um fraco lateral-direito em favor de outro fraco lateral-direito. Dirão que não haverá mais e melhores, mas só para esquecer que uma das primeiras aleivosias e mentiras de Paulo Bento foi ostracizar Bosingwa numa altura em que ele ainda dava alguma coisa. Foi o primeiro de muitos problemas de seriedade e arrogância que a Imprensa do regime fez por esquecer. Bosingwa foi descartado alegadamente por simular uma lesão mas chegou ao Chelsea, então o seu clube, e os médicos deixaram-no de fora da Liga inglesa por lesão mesmo.
Se esta convocatória recupera Tiago e Danny que PB afastou não pode perder-se o fio à meada. Com o tempo foram-se perdendo valores que, não abundando, mereciam outra atenção que a Crítica, os experts, os comentadeiros da mesmice parola das tv's dos do costume, não teve. Como não terá a avaliar Cédric, ou mesmo Adrien, outro mediano que nem sequer chega aos calcanhares do Paulo Bento jogador.
Isto para concluir como diz o título: é para consumo, interno, sem sumo. Podem vir os Ivo Pinto e os José Fonte, como antes vieram outros e ao Mundial foram os que se sabe. A selecção de Portugal entrou na curva descendente, torpedeada por quem nunca a defendeu verdadeiramente nem a "soco para defender o minino" nem com escolhas como a estúpida FPF fez depois dos tiros nos pés desde o Mundial2010 e o affaire CQ.
Não admira, ainda, que os salvíficos hossanas sejam distribuídos sempre que a ocasião propicie: é o estado de graça. Uma parvoice que impede ver a realidade com atenção e embarcar em fantasias sem sair do porto.
Não admira, ainda, que os salvíficos hossanas sejam distribuídos sempre que a ocasião propicie: é o estado de graça. Uma parvoice que impede ver a realidade com atenção e embarcar em fantasias sem sair do porto.
Mas como FS é boa pessoa, e poderá estar melhor do que lhe reconheci quando serviu o FC Porto e que não apreciei satisfatoriamente, que tenha a estrelinha. Porque o bom senso, pelo menos, está recuperado e a acalmia pode reinar, finalmente, na Selecção. Sem prejuízo dos problemas de fundo estarem aí para nos lembrar da realidade que, afinal, como sói dizer-se, é o reflexo das equipas: veja-se o Benfica a quem meia época de quase glória numa repescagem execrável pode salvar a meia época em que falha a afirmação europeia que se diz depois renascer, melhor, projectar-se internacionalmente. Consumo para estúpidos e sem sumo para os gulosos. É o que há.
Sem comentários:
Enviar um comentário