15 fevereiro 2013

Levezinho e talvez imprestável

Já admiti que não gostei das substituições de Vítor Pereira no jogo com o Olhanense. A saída de Izmaylov, em vez da de Varela ainda mais complicativo do que o habitual e hoje por acaso fora da convocatória para Aveiro, custou-me a engolir. O russo é bom tecnicamente, mentalmente e é muito inteligente, mais racional que bruto, o que ajuda sempre a desmontar defesas cerradas. Foi um passo atrás na resolução do jogo que deu empate muito custoso de engolir. O ex-Sporting só provocava dúvidas sobre a sua condição física fruto de prolongada ausência competitiva e arrelias internas em Alvalade que praticamente lhe fizeram perder três anos. Mas aos 30 anos não pode ter desaprendido.
 
O treinador do FC Porto acabou por tirar Varela e passou praticamente a jogar sem extremos, sendo que Sebá joga de interior e adensou a zona frontal da área onde se empilhavam defesas e médios do Olhanense. A entrada de Tozé só ajudou a confundir o miolo, aliviado talvez pelo amarelo de Fernando. O jovem da equipa B poderia ter entrado numa circunstância de um 0-3 ou 0-4 em Guimarães, mas ao entrar em fase conturbada da partida e com resultado incerto o seu natural nervosismo só piorou as circunstâncias. Tozé foi mais um a fazer remates disparatados de longa distância, sem nexo e sem alvo, tornando-se em mais uma peça estéril e a reduzir o caudal ofensivo do FC Porto, cuja posse de bola requeria inteligência e não precipitação, ponderação e não desarrumação, método e medida e não coisas sem nexo como passes longos e bolas metidas nas costas da defesa que só saíram pela linha de fundo porque os laterais feitos extremos não chegavam lá.
 
Por fim, a entrada de Liedson revelou não só não existir modelo para o integrar, como mostrou a fraca condição do chamado Levezinho que pode ter competido menos do que Izmaylov na ordem dos 10% em relação ao russo, num hiato competitivo brasileiro de três ou quatro meses, mas já se previa que estava frouxo e, digamos, rançoso, aos 35 anos. Entrou sem saber bem para quê, porquê e em quê, já que se encontrava perdido e foi aposta de risco meramente por... desespero. Ir para o monte. Ora, para situações dessas mais valia um estorvo altaneiro como o austríaco Janko, mesmo que manco tecnicamente. Como fiz referência a ele quando Liedson entrou com o nº 19 que já foi de Farias então bem melhor para entradas de urgência, estou à vontade para reafirmar a grande dúvida sobre se Liedson servirá para o FC Porto mesmo que seja apenas para o campeonato. Liedson não tem força e de facto fez-me lembrar, como já evoquei, o colombiano Rentería que mal podia com as botas quando Jesualdo o lançou frente à Naval. Vamos ver se Liedson será usado na Champions, tendo eu previsto que a sua contratação não teria esse fito, agora que se avizinha a eliminatória com o Málaga, mas as primeiras indicações, ao contrário de Izmaylov, demonstram que deve ser uma aposta de risco e totalmente perdida. Podrá ajudar no campeonato, mas não na condição em que se apresenta e, aliás, fez VP demorar a metê-lo em jogo esperando apenas pela última tentativa em fase quase terminal. Se no seu auge Liedson nunca foi um jogador dado a bravuras físicas, apesar de combativo e resistente mas sem grande estofo atlético, será que melhorará e a tempo de ser solução?
 
Este é só um ponto de situação que explicará, tanto ou mais do que um par de golos falhados às vezes de forma assombrosa e quiçá assombrada, o empate de domingo, e a forma pastosa e incerta como o jogo corrido do FC Porto... não correu.
 
Agora que James regressa, obviamente acusando a paragem de um mês, parece mais inviável a entrada de Liedson, a não ser que se volte aos resultados dilatados que permitam a sua inclusão mas, por essa via, sem esta opção ser uma solução para as dificuldades circunstanciais da equipa ante defesas fechadas e preferencialmente no Dragão, como já vimos e voltaremos a ver.