21 janeiro 2014

Doz "azzurri" mundiais de 1982 e uma equipa bipolar

Conversava ontem com um amigo sobre os altos, poucos, e baixos, muitos, do Porto de Preocupações Fonseca e o esvaziamento das discussões sobre o sistema utilizado. Que, disse ele, já se viu o 4x3x3 em vários jogos, mas em que o treinador dizia que não mudara o seu 4x2x3x1 - aquela 2ª parte com o Braga vincou a diferença tanto quanto o treinador a negou. É curioso, porque nunca ninguém acertou no sistema que se usa, tal a indefinição e falta de clareza da coisa e do seu nefasto resultado em campo, com a equipa desorganizada e sem confiança. Ainda agora se percebe que há gente a ver duplo pivot (como?) frente ao Setúbal, quando apareceu o 4x3x3 mais claro da época, sem o efeito nebuloso de um Licá ou a inutilidade organizativa de um Josué sem categoria técnica para funções de nível superior que lhe chegaram, ingenuamente, a pedir, para não falar na acção disfuncional de Herrera que, para 9 ou 10ME, falha passes demasiados para um suposto organizador de base (1ª fase de construção).
 
A questão é saber se a doença bipolar do treinador vai surgir quando menos se espera e o sistema "alternativo" sairá de novo da "pizarra", como dizem os espanhóis, do treinador "alternadeiro" (pelas opções que sempre baralha, sem intenção vernácula) que não se dá conta do que é que se faz em campo. Ah, pode querer fazer-nos de parvos com um jogo de esconde-esconde, como de resto Pinto da Costa saiu, temerária mas ridiculamente, em sua defesa na semana passada.
 
Pode ser que a "declaração de amor" do presidente ao seu treinador estabilize o moço e não sejam precisos mais recados internos. Escusava era de falar tão alto, a não ser que tenha intimidado os comentadores afectos à casa - cujos comentários decerto conheço menos, sem ver um só programa da treta, do que o que diz pouco conhecer o presidente. E ambos não deram o braço a torcer, podem morrer abraçados um ao outro com tamanha dose de fidelidade. O 3-0 com os sadinos é que parece não terem suscitado um sorriso dos adeptos.
 
Eu acho que se o Porto for campeão, no que não acredito com este treinador no que nos trouxe até agora, deve equivaler à Itália de Bearzot tão criticada, e que deixou de falar à Imprensa em todo o Mundial pelas críticas recebidas, até ganhar o Espanha-82, depois de uma fase de grupos miserável (empates com Peru, Polónia e Camarões) levando à frente Argentina e Brasil num grupo a três posterior, Polónia e RFA. Os Conti, Tardelli e Rossi estavam lá. Mas Bearzot era um veterano e os adversários óptimos para o jogo de contra-ataque dos italianos. Juntou-se o modo de ser com o jeito de fazer na altura de "moder": num instante, Paolo Rossi fez 6 golos (3 ao Brasil, 2 à Polónia nas meias-finais e abriu o 3-1 com os alemães em Madrid), foi o melhor marcador do Mundial e, no fim do ano, bastou para ser o melhor do mundo.

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