13 janeiro 2014

Não se arranja um cargo na FIFA 20 anos depois de Ivic?

Não foi a 12 ou 13 de Janeiro, mas apenas a 23 desse mês de 1994, que o FC Porto terminou a 1ª volta e, apesar da vitória em Aveiro (2-0 ao Beira-Mar), a ligação a Tomislav Ivic. O FC Porto entraria a 2ª volta com 4 pontos de atraso para o Benfica (eram dois por vitória), havia ainda uma eliminatória da Taça em Vidal Pinheiro onde se estreou Bobby Robson (28/1/1994, com 2-0 ao Salgueiros) mas o risco era já elevadíssimo a abrir a 2ª volta com uma ida à Luz - onde, por fim, o FC Porto saiu com 6 pontos de atraso fruto do famoso resultado ditado pelo técnico inglês despedido do Sporting por Sousa Cintra, o tal "Fernando Couto, 2 - Porto, 0", por causa da agressão do portista a Mozer.
 
O FC Porto tentou a saída airosa de Ivic, o homem de todos os títulos em 1987/88 (Taça Intercontinental em Dezembro, Supertaça em Janeiro depois do primeiro 1-0 em Novembro em Amesterdão, por fim campeonato com 15 pontos de avanço sobre o Benfica e Taça na final com o Guimarães mas depois de deixar o Benfica pelo caminho na semifinal nas Antas). Inventou-se um cargo na FIFA, que existia, casual mas não relevante nem exclusivo, mas não impedia que o croata continuasse a treinar o FC Porto passando a "conselheiro" técnico da FIFA.
 
Eu também tentei obter na internet a memória desse cargo na FIFA com que o FC Porto justificou a saída de Ivic após uma vitória. Nem imagens, nem sequer notícia do acto e dos factos, então desmascarados no jornal O Jogo. É curioso que, agora que se estreia "Lovelace" sem a Garganta Funda explícita do filme marcante de 1972, hoje pode-se ver na íntegra, na net, o original e chocantemente revolucionário, em todos os sentidos, filme para adultos. Da brincadeira de crianças que foi a mascarada saída de Ivic é que nada.
 
Se o FC Porto deve alguma coisa a Preocupações Fonseca para não o demitir sumariamente só poderá ser pelo statu quo diverso, actualmente, com um presidente inoperante e a arrastar o FC Porto na sua decrepitude. Quer por falta de acção na substituição, urgente e prioritária, do treinador, quer na incapacidade de arranjar uma saída airosa para um treinador sem os mínimos para ser digno do FC Porto. Para já, nem uma média de 2 golos por jogo (29 em 15 jornadas) foi logrado e, depois do fracasso na Champions (e 0,666 golos por jogo), é o espelho do improfícuo futebol portista sem rei, sem roque, sem eira bem beira. 
 
Foi há 20 anos, a net trai a sua imagem de baú de memórias - não quis ir à biblioteca pegar os jornais velhos nem por ser em causa própria - mesmo que filmes de há 40 anos possam ser reapreciados em vez de espasmódicas reproduções originais da modernidade há dias estreados com nova roupagem imagino que em versão soft e não o deboche total mas a carreira da actriz e os seus 17 dias de fama na cama da "Lovelace" hoje em cena. É uma pena o FC Porto, agora que tem Museu, não ter um fundo onde pegar coisas com substância para fazer o clube e a equipa ir crescendo. E, entretanto, há não só uma meia-final da Taça possível em vista com o Benfica, porventura outra na taça da treta, como uma carreira europeia a tirar da sombra da saída da Champions, além desse jogo de alto risco de acabar o campeonato sabe-se lá em que estado com o Benfica em casa. Não fosse isto e o desamparo da equipa nas mãos de um idiota chapado que vê o seu conservadorismo táctico apenas plasmado no conservadorismo presidencial de, como em Janeiro de 2004 ao despedir Fernandez que também ganhou uma Taça Intercontinental, não trocar de treinador a meio da época, nada me diria, da mesma forma que, estranhamente, uma derrota com o Benfica não suscitar a mais pequena revolta por achá-la tão natural e consequente com a mediocridade reinante no Dragão a todos os níveis. Em resumo, a sova do Benfica de ontem pode ser replicada a nível humilhante para os portistas e de uma forma que marcará o fim de Pinto da Costa no FC Porto que já não se augura como bom.
 
Robson, além de levar o FC Porto ao inconcebível 5-0 na Alemanha ao Werder Bremen e quase passar a semifinal do Camp Nou com o Barcelona para as Antas com o Mónaco de Wenger, se tivesse vencido o Milan em casa na fase de grupos, ainda acabou a ganhar a Taça ao Sporting (onde Queiroz o substituiu) no jogo da aristocracia leonina a atirar papéis e garrafas a João Pinto com o troféu na mão. Mesmo com a derrota na Luz no seu primeiro jogo para o campeonato, Robson levou o Porto a 28 pontos em 34 possíveis e terminou apenas a dois pontos do Benfica. Chegou muito tarde.

O próximo que vier já será tarde, mas ainda a tempo. E pode-se evitar uma catástrofe de proporções inimagináveis!

E o FC Porto, em 1994-95, partiu para o inédito Pentacampeonato. Outros tempos, outra determinação, outros costumes, outra raça e outra maneira de ser Porto.

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