15 janeiro 2014

Quaresma serve bem, falta um novo treinador

Além do bonito golo, digno de um ponta-de-lança, Quaresma deu indicações boas de manter intacta a sua valia técnica, uma pujança física apreciável atendendo à paragem sofrida (com operação pelo meio) e uma gana de ganhar que fazia falta ao FC Porto. Mas, lá está, não foi extremo como era, porque a velocidade de ponta perdeu-se enquanto redescobriu novos terrenos e desempenhos que se viram mais quando flectia para o meio do que no flanco. Mas o 1-0 ao intervalo dizia, também, ante o Penafiel aguerrido e organizado sem autocarro, que o jogo colectivo, mais uma vez, não fazia mossa, sobrando lances individuais (Quaresma e Kelvin) em vez de uso do Ghilas a pdl.

Tão inesperada como a chuva torrencial que logo no reatamento fez parar o jogo - numa boa memória do que não deteve Duarte Gomes naquele alagado e pantanoso Académica-Porto de 2010 antes do Cincazero, que eu nunca esqueço estas coisas e coerências cá dos tugas, por muito que passem ao largo dos jornaleiros e comentadeiros de serviço -, a endiabrada 2ª parte, como se o Porto precisasse de recuperar um resultado negativo da 1ª mão e com muitos golos, foi igualmente estranha atendendo a que a equipa se marimba para a taça da treta vista apenas como etapa para dar minutos e rodar jogadores. A coisa até se agravou: cada golo era efusivamente comemorado como se a vida dependesse dele. E, para agravar o que quase pareceu desespero depois de um nervoso futebolzinho sem progressão, nada como aproveitar o expediente do campo impróprio - apesar de ser no Dragão - para fazer futebol directo, retirar flanqueadores enquanto se joga em 4x4x2 e juntar Jackson a Ghilas.

Quaresma pode ser aquela visão sebastiânica, agora sob chuva inclemente, como há pouco tempo diziam que era Carlos Eduardo, como se o FC Porto precise de uma bóia de salvação no meio do temporal que é a indefinição completa do seu futebol fruto dos devaneios permitidos ao treinador Produções Fictícias. Há 20 anos, numa manhã mesmo de nevoeiro que até ao próprio agradou sendo originário do Nordeste inglês, Bobby Robson foi um bálsamo e é isso que a equipa precisa: um jogador com classe e que agarre e arraste a equipa, mas um técnico com ideias formadas e calejadas e não um de ideias fixas as quais não sabe tornear e adequar às circunstâncias. A 1ª parte confirmou todas as más impressões de uma desanimadora primeira metade da época.
 
É claro que pode ser visto como plano B, algo não experimentado pelo Preocupações Fonseca, mas não é com o Penafiel, e com mensagens contraditórias transmitidas numa competição que claramente desinteressa, que tiro ilacções, nunca tirei. O resultado avolumou, Jackson bisou, Varela arredondou e o Porto chegou à frente do grupo como se, repito, a vida dependesse disso.
 
Voltamos a não perceber que raio de equipa pode jogar - as alegadas "alternativas" nunca desmerecem dos "titulares" porque o Preocupações Fonseca reduziu tudo ao patamar mais baixo desvalorizando todos e cada um dos jogadores numa equipa sem identidade de jogo (ainda no domingo li que um pateta viu o 4x3x3 na Luz, o que deve ser uma heresia) e em que provavelmente voltaremos a ver Licá e, quem sabe, Herrera, quiçá Otamendi, no domingo - e quando é que há um novo treinador, porque Quaresma corre o risco de ser rebaixado ao patamar indiferente a que o treinador expos a equipa no todo e na soma das partes.
 
Pensava que domingo encerrava a taça da treta e depois era o Setúbal, pelo que o timing para mudar o treinador é 2ª feira, dá duas semanas ao novo técnico que fica com a 3ª jornada da taça que não interessa para fazer um onze "oficial" antes de assumir a coisa a sério no jogo seguinte também com o Marítimo, como na taça da treta, mas na Madeira. Vamos iniciar Fevereiro nos Barreiros, como Robson há 20 anos iniciou na Luz o seu campeonato, e há que apostar tudo no campeonato até porque o Benfica está em saldos, já anunciados na semana Eusébio mas ainda sem abalar tanto nem esquartejar uma equipa como foi fragmentado o Porto no clássico. E o Sporting está tanto ao alcance na taça da treta como no campeonato, enquanto se entretém a falar das acções disciplinares dos outros e não das cacetadas de Rojo e Adrien e a discutir os penáltis que lhe negam mas não aquele que também deu um amarelo por simulação a um do Marítimo que foi mesmo carregado para penálti.
 
Para encerrar, vi o resumo do Braga-B.Mar e mais um penálti escamoteado por uma besta de árbitro portuense, o já conhecido Hugo anda Pacheco, o que se torna numa moda cá da casa e muito em voga na incompetência reinante. São três casos idênticos em escassos dias, mal julgados mas na mesma bitola de merda em que se mede esta gente rasteira. É como aqueles que diabolizavam Blatter que preferia Messi e cantam vivas à Bola de Choro enquanto o Mundo se espanta da corrupção moral e técnica da FIFA a manchar indelevelmente o troféu que CR7 tanto chorou e não falta quem diga ter sido manipulado e até pressionado por Blatter. Ou como vemos estes árbitros da treta (poupando o Duarte Gomes de hoje, que esteve acertado e coerente) enquanto Proença é nomeado justamente para o Mundial.

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