23 janeiro 2014

Consensos em Lisboa pelo (impraticável) sorteio (ignorando trocas de árbitros internacionais)

O presidente do Sporting quis mostrar serviço, além do paleio barato semanal em prestimosos pés-de-microfone, com uma reflexão alargada sobre vários temas do futebol. Parece-me bem, mostrar serviço é isso mesmo e cabe a quem chega às lides provar que sabe alguma coisa e tem umas ideias. Como muitas e muitas vezes no passado, recente e nem tanto, fosse o presidente do Benfica, o presidente do Sporting ou, em simultâneo, um conclave entre os presidentes do "recreativo" e do "desportivo", alguma coisa que saísse de um, de outro ou de ambos os dois era um bálsamo para a regeneração do futebol tuga, teceram-se loas e incentivou-se a reedição da "santa aliança", ao invés das costumeiras desconfianças se a origem dos (novos?) pensamentos fosse outra e outra, normalmente do Porto, é ridicularizada porque, como dizia o brasileiro, vem lá de muito longe e decerto não tem as melhores intenções.
 
Lisboa manda, lá dizia a cantilena no antigo regime. E se manda, comenta, diz e acha bem. Era assim e ainda é. Então, vai daí, o novo presidente do Sporting, entre outras coisas a nível regulamentar - dos empresários a várias índoles que competem à Liga de Clubes de novo em fora-de-jogo ., quer um sorteio dos árbitro. E puro, talvez porque o que existiu, condicionado, era uma vigarice e, como sempre, em geral, o FC Porto acabava campeão - uma chatice.
 
Isto é, instalada a arbitragem na FPF em Lisboa, mesmo com o mesmo presidente do sector procedente da Liga no Porto, na época em que, mesmo que a meio, sai o profissionalismo para meia dúzia de árbitros, um chico-esperto desvaloriza os internacionais e os profissionais e quer que um "Manel" qualquer (este é uma aberração que calada seria um verdadeiro poeta e vem aqui pela consonância política, coincidência club+istica e nomenklatura ordinária) apite um Benfica-Sporting que aí vem (exagero, o sorteio já não seria para esta época, mas na próxima deve haver um Benfica-Sporting se ambos se mantiverem no mesmo escalão). Se Pedro Proença, entretanto, disse que "o futebol português não merece os árbitros que tem" (livra!), mencionando que apitam finais da Liga dos Campeões (ele) e do Europeu (ele) e vai ao Mundial (ele), um modesto rapaz apesar da brilhantina que estorva um bocadinho, , lá tem à sua beira uma resposta à altura. À altura de quê? À altura de lhe partirem os dentes no Colombo, por exemplo... se é que o presidente do Sporting pretendia responder-lhe indirectamente, mas é claro que ninguém atribui más intenções ao presidente de um clube de Lisboa, ora essa...

(já depois de isto escrito, e agendado, a capa de O Jogo de hoje mostra a reacção do vi-te ó Pereira, que parece muito soft mas não li o conteúdo)

Só pode haver no Porto algo que mereça elogios de Lisboa: se um qualquer Bosta temporariamente na Liga for tido como "com aversão" ao FC Porto: aí tá tudo bem, até fazer nu... tícias que de tão descascadas parecem press releases da narrativa veiculada...
 
Como é que isto soa? Para já, soa disparatado, porque impraticável, legalmente. Mas ressoa, antes disso, ainda a "narrativa" de Pinto da Costa da semana passada.
 
Pinto da Costa sugeriu intercâmbio de árbitros a nível europeu - algo que sempre defendi neste blog, repito. Venham da Holanda, da Inglaterra, da Alemanha, da Espanha e vão de Portugal para cada um desses países. É algo que faz sentido e é praticável, resta saber o que pensarão os outros países. Já a UEFA penso que não veria inconvenientes. Já a FIFA, com o peregrino sorteio, eliminaria simplesmente a aberração, sorteios já bastam os que organiza e são suspeitos...
 
Parece-me que Pinto da Costa se antecipou a uma discussão que ele sabia ir acontecer. Porque a reunião que o Sporting convocou para esta semana em Lisboa tinha de ter uma agenda conhecida e o FC Porto, pelo corte de relação ditado pelo clube de Alvalade, não compareceria, como parece que não compareceu ao jogo da taça da treta ao que li na net.
 
Eu achei estranho, entre muitas outras coisas que comentei, Pinto da Costa sair-se com a coisa da troca de árbitros entre países. Mas, pronto, já percebi porquê e tenho dúvidas que nos pasquins tenham entendido alguma coisa, não fizeram esforço algum, como de costume, e também os ecos da "narrativa" de Pinto da Costa perderam-se no dia seguinte à "arenga" televisiva do Torto Canal. Em O Jogo não me apercebi de nada, no JN idem e dos pasquins lisbonenses duvido que gastassem tinta no assunto porque era condição ter neurónios para levar algo à impressora.
 
Li ontem em O Jogo a evolução da coisa em Lisboa patrocinada pelo Sporting, constando que foram lá muitos clubes mas da I Liga foram 9 e faltaram 7, salvo erro. Portanto, é mais um estardalhaço e um figurão de Lisboa com umas "ideias giras" para pentear macacos. Ora, como contava Vasco Santana no Jardim Zoológico da "Canção de Lisboa", salvo erro, tantos macacos a x macacos dá y macacos. Portanto, uma macacada sem sentido no que à arbitragem diz respeito, mas entreteve os pasquins a preencherem o seu vácuo com o vácuo alheio de quem fica bem replicar as coisas porque algo criado em Lisboa é gerador de consensos e desde que a arbitragem não seja comentada pelo FC Porto deve ser uma coisa para o Cristo-Rei abrir os braços para tamanho ecumenismo saloio...
 
Continuo a achar, independentemente do que achei da intervenção de Pinto da Costa, que foi dita tanta coisa pelo presidente do FC Porto que a maioria perdeu-se no "éter" e não foi só nas "ondas hertzianas" que nada captaram do essencial, inclusive pela leitura enviesada, e ternurenta de compreensão algo lenta e submissão lacaia, da bluegosfera em geral. Há um ou outro que ainda procuram que um amigo "lá dentro" explique alguma coisa, mas mesmo explicado é muita areia para a pouca compreensão de certas mentes algo tacanhas: um velho rezingão ufana-se de ouvir a "versão oficial" e não dar um traque sem a dita; outro que já foi mais independente ultimamente só serve para guardanapo e não risca sem ouvir o que se lhe permite dizer...
 
Bom proveito e boa sorte, mas estejam mais atentos ou continuam a fazer figura de ursos e a pentear macacos.

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