03 dezembro 2014

A eleição do melhor do ano: Brahimi traído pelos seus...

É um reconhecimento, o da BBC e a análise ao contexto do futebol africano, quanto à valia de Brahimi e a sua eleição como jogador africano do ano por um grupo (público) de Informação europeu (britânico). Sinceramente, acho tão curto de alcance este prémio como um Grammy Latino a Carlos do Carmo, do qual já falei aqui e mal comparado à relevância dada à taça latrina que era um mero quadrangular Primavera-Verão antes sequer de a UEFA existir.
 
Podem achar-me mauzinho, verrinoso e até abaixo disso, mas mesmo que o prestígio, notório, da BBC tenha peso institucional e internacional pelo profissionalismo que revela desde o campo noticioso à formação de qualidade no tocante à Informação e ao acompanhamento próximo dos grandes acontecimentos e protagonistas - não há igual na CNN ou CBS... - a verdade é que calha, por ironia, ser algo não relacionado com a origem do jogador.
 
O que me parece inacreditável é a CAF, a UEFA de África, por si ou por influência de Me(r)dia do continente, excluir Brahimi dos 5 melhores do ano no que lhes diz directamente respeito, lote onde estão jogadores de quem alguém fora de África mal ouviu falar. O que fizeram uns nigerianos para estarem nos 5 melhores?
 
  ACT: tirei a lista hoje da CAF (Nigéria nem à CAN vai, Gana fez muito pior no Mundial do que a Argélia, Aubameyang esteve num clube perdedor na Alemanha e só Yaya Touré, genuinamente o melhor de todos, ganhou algo de relevante, a Liga inglesa)

For the African Player of the Year, the shortlists are (alphabetical order)
1. Ahmed Musa (Nigeria, CSKA Moscow)
2. Asamoah Gyan (Ghana, Al Ain)
3. Pierre – Emerick Aubameyang (Gabon, Borussia Dortmund)
4. Vincent Enyeama (Nigeria, Lille)
5. Yaya Toure (Cote d’Ivoire, Manchester City
 
É costume, embora a tradição já não seja o que foi, nos continentes ditos marginais da bola mundial - todos que não sejam da América do Sul e da Europa a nível de confederações - destacarem as proezas dos seus clubes, equipas, selecções, jogadores e treinadores. Pois com uma Argélia que foi brilhante no Mundial, e a um nível raramente visto por outras selecções africanas este século em que foi alargado o seu contingente nas fases finais, e só foi vergada pela Alemanha que seria campeã mundial, não considerar Brahimi e mesmo Slimani, de quem gosto muito como perigosíssimo avançado de área, para a eleição dos melhores, quedando-se apenas entre uma selecção de 25 nomes.
 
Slimani marcou golos importantes no Brasil e destacou-se na estreia europeia com o Sporting.
 
Brahimi não só impressionou pela velocidade e técnica no Mundial como fez uma transferência importante para o FC Porto e acabou de ser eleito - aqui faz sentido - o melhor africano que jogou em Espanha na época passada pelo Granada. Brahimi destacou-se já com 5 golos na Champions, alguns brilhantes como os de livre directo e o slalom com o BATE na abertura dos grupos.
 
Brahimi já é falado por toda a Europa e foi traído pela sua África dividida entre os árabes do norte e os negros abaixo do Saara. E falado não é favor nem é pouco, quando Laurent Blanc já admitiu ser o preço do mercado a pagar justamente pelo seu Paris SG com 50ME que o argelino leva à cabeça.
 
Mas já percebemos fazer pouco sentido - e muito menos justiça - a eleição do melhor do ano seja onde for.

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