05 dezembro 2014

Boavista em estado Sócrates contra o "sistema"

Foram quatro cartas a OCS e nenhuma de trunfo as jogadas me(r)diáticas de um enclausurado Sócrates, ontem visitado pelo comissário da ONU para os refugiados, Guterres. Ainda há jornais para satisfazer, sabe-se lá se não mesmo para o Correio da Manhã que o assombra como o Sol,  porventura alguns amigos a quem duplicar as súplicas que denunciam o mal-estar do preso preventivo desacostumado destas torturas, versão pagante, pois exerceu as mais variadas enquanto mandante.

Mas em nenhuma deu o trunfo de desmentir os indícios que lhe apontam, logrando só dizer (à RTP, em nome de respeitinho antigo e como ex-colaborador próximo e pro bono) que o apartement de Paris era alugado graças a um amigo "avantajado" e não acheté... E lá vai dizendo cobras e lagartos, num ressentimento conhecido, mas parece que alguém pôs os pontos nos ii de tão desinteressada punção para contar a verdade dos factos. A carta ao DN de ontem já foi denunciada  como aquela em que não respondeu ao que lhe perguntaram e até o delfim do Marcelino deixou de se pautar pelo amiguismo marca da casa. E logo entre jornalistas, que Sócrates conheceu distintamente perseguindo uns tantos, entre o elogio ao Marcelino ou o ódio ao "jornalismo travestido" numa dupla ofensa a Manuela Moura Guedes. Tudo sob os auspícios das "gentes de bem", sejam as que o visitam assolapadamente a coberto do amiguismo pulhítico mas ainda sem Vara, nem Costa, nem "o" Câncio, ou os que requerem um habeas corpus só para saber mais umas coisas comprometedoras da detenção e do perigo público que representava.
 
Do mesmo modo, num momento em que o "sistema" mantém apertado controlo na táctica da cacetada, o Boavista insurgiu-se contra os juízes de campo, as apreciações críticas na Imprensa e no fundo contra os experts que ou menosprezam os axadrezados ou denunciam a sua violência. Três expulsos de uma vez, no passado domingo, fizeram transbordar o copo axadrezado.

Genericamente, ficamos a saber que em todos os jogos que perdeu, creio que 5 (ou 6), o Boavista teve jogadores expulsos. Relação de causa-efeito é desconhecida e não foi desmontada por quem há muitos anos usou o expediente, socrático dir-se-á, do escape da Imprensa. Sobram, portanto, uns 3 jogos com vitória e sem expulsões e um empate também a acabar com 11 - o único empate no Dragão, por sinal num jogo em que, contrariando também as expectativas, foi o FC Porto a acabar com 10, sendo Maicon expulso com meia hora de jogo.
 
Como Sócrates coberto pela Justiça a seu mando enquanto Primeiro-Sinistro, também o Boavista não se queixou das arbitragens quando não perdeu e decerto nem nesse empate sem golos no dérbi, embora o árbitro rigoroso Jorge Ferreira não usasse com dois ou três boavisteiros o zelo disciplinar exercido sobre Maicon, e bem volto a frisar mas não perdendo de vista as entradas dos boavisteiros.
 
Em vésperas de receber o Sporting, clube Calimero por excelência, esta reacção do Boavista contra o "sistema" só não teve, porque a Imprensa lisbonense não dá eco e muito menos as tv's alheias a minudências portuenses, repercussão maior por receber precisamente um grande da capital. Já em 2000-2001, a equipa de Jaime Pacheco era muito elogiada e foi devidamente amparada pela Imprensa que preferia o xeque-mate ao FC Porto e um título "histórico". Na época seguinte, a mesma equipa de Pacheco e onde pontificava Petit no meio-campo, já se tornou numa equipa, histérica, de caceteiros, tal e qual, na compita pelo título com o Sporting.
 
Enquanto recebe visitas, Sócrates tagarela, pelo que contam, sobre o Benfica e terá muito ainda para filosofar quanto ao aproveitamento da formação do Seixal preconizado pelo Grande Líder Vieira perante o qual, finalmente?, Jesus terá de ajoelhar-se mas, à boa maneira socialista em defesa dos "pobrezinhos", veremos se a promessa será cumprida...
 
Nas horas de vazio, ao que parece existencial, a filosofia é um bocado desprendida mas austera, ao modo estóico. Ainda veremos, a par dos paradoxos em que labora mentalmente e enquanto insiste em fintas à Justiça com o endiabrado advogado, Sócrates transformado em Zenão, estático no topo de um pilar do EP de Évora, ensinando a rectidão de carácter e o dever democrático genuíno de respeito pelas instituições - quiçá uma premonição para beber, como o grego, a cicuta a que o Povo votou o velho filósofo ateniense.

O Boavista-Sporting, por fim, permitirá ver o "easy going" do árbitro portuense Jorge Sousa que apitou o Sporting no Porto para a Taça.

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