31 dezembro 2014

RTP, a tv norte-coreana que nos dá um Madrid-Milan no Dubai

Voa mais alto do que a TAP, estando há tanto tempo para ser despachada com os bebés lá dentro e a água endinheirada em que se banham, mas a janela estreita-se e a companhia aérea é bem capaz de levantar voo sozinha...
Temos tido, especialmente no ano que ora se despe(d), a informação mais estatizada que só na Coreia do Norte. O kil il-sunguismo acentuado da sua História tem agora uma verve kim jong-.ilismo que nas notícias do futebol internacional nos deixa, apenas, o Cristiano Ronaldo, e o Real Madrid, e o Mourinho, e o Chelsea. Não há mais nada a face da terra, nem que a RTP continue a voar muito alto ao ponto de nos prometer a Champions já a partir da próxima época, onde teremos ainda mais Cristiano Ronaldo, e o Real Madrid, e Mourinho, e o Chelsea, muito acima do assolapado fervor já patente na TVI nos resumos da Champions.
A despedir-se, infelizmente ainda não das sobras do erário público, a RTP ontem garantiu-nos para ontem à tarde um Madrid-Milan, como amistoso disto tudo mas sem interesse algo. Ah, a não ser o pretexto, ouvido ontem com ênfase num telejornal, de que o profissionalismo de CR7 estava tão adiantado que passava férias nos Emirados (Dubai) precisamente a preparar, em férias obviamente e antecipadamente luxuosas, o grande jogo com que a barbárie informativa de uns basbaques chico-espertos nos concedem depois de toda a tortura de um ano infame de cada vez mais telelixo.

A propósito de pseudo-informação, sub-informação e telelixo: um bom retrato da coisa estupidificante, em 2014 mas que se agrava a cada ano que passa.

Os mesmos telejornais que, diariamente, nos trazem as estórias da crise, dos cortes e da infindável lista de privações provocadas pela “austeridade”, são os mesmos telejornais que, 30 segundos depois, nos levam aos hotéis de 5 estrelas e os seus menus de Natal e Fim de Ano completamente esgotados

Não sou psicólogo nem psiquiatra, mas, que impacto terá este tipo de bombardeamento mediático sobre as pessoas, nomeadamente, aquelas que são mais “influenciáveis” ao que veem na "caixinha que mudou o mundo"?       

Metade dos noticiários é passado a condenar a sociedade de consumo e o “capitalismo”, para logo a seguir, nos presentearem com reportagens que mais não são do que um verdadeiro endeusamento das coisas materiais: os últimos gadgets da tecnologia, o último “AiFone” ou a última viagem de sonho (em cuecas) do “rÓnaldo” e da Irina…

Até o RÓnaldo tinha de entrar como mau exemplo da xungaria tuga.

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