A sua estreia com 18 anos foi a 2/5/71 (V. Guimarães, 0-0 nas Antas à 26ª e última jornada do campeonato, sendo o treinador António Teixeira), mas sem consequências na Taça de Portugal jogada dali para a frente em todo o Maio até à eliminação pelo V. Setúbal sem qualquer presença na prova. Só oito meses depois dessa experiência a lateral-direito, onde costumava jogar Gualter ou Leopoldo que até o substituiu nessa partida, António Oliveira "apareceu" no FC Porto. Para ficar e marcar uma era. Até hoje.
Há 40 anos, a 2/1/1972, tão inopinadamente como na data da estreia-surpresa, surgiu num Porto-Beira-Mar (1-0, golo de Flávio) - e já nascera com a bola colada ao pé direito, normalmente com a parte exterior, braços caídos ao longo do corpo, médio de cobertura numa dupla com Pavão e no lugar de Bené. Acabou por fazer 15 dos últimos 17 jogos do campeonato, porém faria furor por boas e más razões ao longo de 10 épocas de azul-e-branco. Amiúde desaparecia das Antas, faltava aos treinos, mas quando assentou liderou o FC Porto a quebrar a hegemonia lisbonense: Taça em 1977, campeonato em 1978 e 79, já subjugado por Pedroto que extraiu todo o seu potencial e seguir como discípulo do que sempre chamou "O Mestre". Chegou a treinador do FC Porto para outro bicampeonato (97 e 98), depois de levar Portugal ao Euro-96 em Inglaterra. Polémico mas frontal, foi o epicentro de vários escândalos mediáticos quer nas Antas ("Off-Record"), quer na Selecção (Caso Paula). Também entusiasmou no Sporting com a dobradinha de 1982. Saiu duas vezes do Porto para o Bétis de Sevilha, como jogador em 1979 por escassos meses, como treinador após a dobradinha de 1998 por escassas jornadas em Espanha. Voltou a liderar a Selecção no Mundial de 2002 após o qual até no aeroporto Francisco Sá Carneiro foi mal recebido por adeptos em fúria e onde foi protegido pelo filho Vasco, ainda imberbe e longe de ser um protagonista de reality-show na TVI em que ameaçou denunciar eventuais "malfeitorias" do pai que retaliou com processos-crime...
Depois de Pedroto (Pinto da Costa é um caso à parte, exclusivamente no dirigismo desportivo), este com uma aura de vencedor e unânime reconhecimento da sua valia de treinador "30 anos à frente do seu tempo" no dizer do próprio Oliveira, António Oliveira é seguramente a figura mais controversa do futebol português, ligado a muitos casos fantásticos da bola indígena, como o caso N'Dinga: Oliveira era treinador da Académica despromovida em 1987 em favor do V. Guimarães mas o próprio a declarar-se por dentro "da maior fraude do futebol português" por causa da inscrição daquele jogador zairense que podia ter determinado a descida dos minhotos em vez dos estudantes.
Com o irmão Joaquim, seu "empresário" nos tempos da juventude irrequieta do "Toninho" nas Antas, fundou o império que controlou os direitos televisivos do futebol nacional, depois de açambarcar a publicidade nos jogos da Selecção no México-86 e, já no final da década de 80, fundando uma agência de viagens que monopolizou as saídas de todas as equipas nacionais em compita internacional. Desligado da Olivedesportos, António Luís Alves Ribeiro Oliveira, 60 anos a completar no próximo 10 de Junho, é de há muito tempo o maior accionista individual, com cerca de 11% do capital. da SAD do FC Porto., de quem se diz poder um dia suceder a Pinto da Costa.
Uma figura em todo o sentido. E que figura, um finório inteligente, mordaz, bem falante, persuasivo e... egocêntrico
sirvo-me da memória sobre todos estes factos lembrados pela rama e da estatística do fantástico Almanaque do FC Porto, da autoria de Rui Miguel Tovar, que me ajuda a situar cronologicamente muitos dos passos que vivi enquanto jovem adepto, mas não na estreia citada de Oliveira a 2 de Janeiro de 1972. Estava sim, no meu primeiro jogo nas Antas, em Março, frente ao V. Guimarães, e dele ouvia, e vi, ter "um pé direito muito jeitoso", dito por quem acompanhava nas romarias quinzenais.
Zé Luís :
ResponderEliminarEste meu "primo" Ribeiro Oliveira foi um dos génios da bola que mais alegrias me deu .
Bom ano !
Cubilhas disse um dia que se Oliveira fosse um menino pobre seria o melhor jogador do mundo.
ResponderEliminarBom Ano Novo a todos,em especial aos Portistas.
Tenho uma vaga ideia dessa declaração. Oliveira era de facto um menino mimado e podia ter ido mais longe, ele próprio o reconheceu bastantes vezes quando virou treinador.
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