Esta é a minha impressão, para o resto da época e contrariando outras opiniões que vão tanto no mesmo sentido quanto tantas delas negaram, ao tempo, a evidência do enorme buraco criado pela saída de Falcao não acautelada devidamente pela SAD portista, a não ser com mais algum dinheiro que, no final, se saldou por míseros ~20ME líquidos.
Primeiro, ou como ponto prévio em que concordo com o Jorge ainda que tendo a ideia sobre o assunto expendida acima que contraria a dele, comprar por comprar um ponta-de-lança é pior a emenda que o soneto. Para mais, comprar o tipo certo pelo preço adequado será ainda mais difícil, ou impossível. Certo, o mercado está aberto, se aparecer um negócio de ocasião faz-se, mas isso deixa uma porta muito ampla para tudo... e para nada.
Segundo, depois de quase meia época a tentar encontrar o melhor onze - mesmo que distante daquele que ganhou quase tudo, que muitos teimam em ver à frente mas que já é passado e irrepetível -, prescindindo, deliberadamente, de Kléber, Vítor Pereira montou o esquema em vigor há dois meses. A equipa despertou e quase recuperou o estatuto da Champions. Não acredito que vá mudar o figurino. Um goleador tipo Ibrahimovic, Lisandro Lopez, Rooney, Raúl, jé nem digo Messi ou CR7, encaixaria na perfeição. Se virem algum por aí avisem. Ah, se vier da América do Sul, em férias, para a "necessária adaptação", esperem pelos resultados talvez em Maio.
Terceiro, Hulk tem rendido na posição 9. Muito, pouco ou talvez pode suscitar debate, mas no desarranjo, ou desamores, por que passou a equipa em que todos foram discutidos e Hulk até assobiado no Dragão por não encaixar uma substituição, o debate sobre a forma de cada um e o rendimento de todos foi assim: inconclusivo, até bizarro e mesmo pateta. Hulk não jogava bem na faixa, Hulk cria mais perigo no meio. O treinador, às aranhas com as variáveis atreladas a uma equipa em transição de época e atribulada pelo "mercado", aferrou-se a este sistema, a um modelo que contempla outras vertentes até porventura longe das por Vítor Pereira programadas. Ou vem alguém mesmo que entre como nº 9 sem problemas, ou creio que VP preferirá ficar assim: "Encaro todas as hipótees". Não fica mal, quanto a mim, atendendo às circunstâncias.
Quarto, não há grande risco de perder Hulk já. Poucos poderão pagar os 100ME, até xeiques. Nesta fase, não vejo também quem ou qual o clube. Já nem entro nas "garantias" ou "palpites" de Pinto da Costa, ignoradas pelo repórter SportTV que mal acabou o clássico perguntou a Hulk e a VP se era crível que o Incrível saísse... É tudo possível em futebol. Até sair abaixo da cláusula... esse cavalo de Tróia contra a própria fortaleza!
Quinto, por aquela maquia, em Janeiro ou em Agosto, dificilmente Hulk será vendido. Para ser rentabilizado no mercado, tem de marcar golos. Marcar golos como ponta-de-lança. Como tem feito. Como fez na ausência de Falcao por uns meses. É claro que no figurino anterior, com um matador por excelência, Hulk jogaria descentrado. Agora, sem matador e um Kléber incapaz em Setembro, apesar do optimismo balofo dos mesmos do costume que não distinguem um jogador pelo toque de bola ou posicionamento a ataque à bola a não ser pela cor da camisola, em Fevereiro e em Maio. Ainda bem que Walter saiu, menos um peso pesado nestas contas só de subtrarir. Mas parece que Hulk tem de fixar-se ali, entre um "9" e um "10", um "9,5". Um... Messi, quem diria?, em ponto pequeno, mas Incrível.
Sexto, Hulk não pode ser melhor do que Cristiano Ronaldo, boutade do presidente, se nem marcar metade dos golos de CR7. Hulk tem de marcar mais golos e assumir a sua capacidade fantástica de desequilibrador e melhor jogador em Portugal, agora mais quando o FC Porto não tem, e dificilmente encontrará, alternativa válida, efectiva, confiante e contundente de goleador. Melhorando esse aspecto, acertando mais vezes nas muitas situações que o mesmo cria até se encontrar diante da baliza, Hulk poderá vir a ser dos melhores do mundo. Esta é a oportunidade casual oferecida pelo FC Porto?...
Retome-se o ponto de partida; é não haver agora uma solução tipo-Falcao. O risco é enorme: uma contratação falhada (se houvesse uma opção válida já teria sido tratada e porventura já cá estaria, também se o "pedido" do treinador fosse nesse sentido!) pode comprometer mais a solidez da equipa e, pior, a tesouraria que não está propriamente de boa saúde, como se sabe embora seja normal haver atrasos e bloqueios nos circuitos financeiros - mais uma palermice da bola a que muitos aderiram contra a própria baliza.
Havendo opção para o nº 9, de caras, tudo poderá melhorar se as pessoas desistirem da ideia de vir outro Falcao, como veio um depois de Lisandro. Não há guito, talvez não haja oportunidade e o risco desportivo implica também o tempo para tudo encaixar outra vez, um tempo que a partilha cerrada do campeonato não deixa antever ser possível.
Não acredito, por tudo isto, que chegue um ponta-de-lança. Para já, há que inserir Danilo e mesmo isso tem várias implicações. Defesa-direito? Maicon tem estado excelente, em Alvalade esteve soberbo e a pontos sensacional defensivamente. Djalma sai para a CAN, Varela continua em letargia, Hulk tem de jogar no meio fica a ala direita coxa ou Danilo entra para médio-direito já que tem propensão ofensiva? Um que custa 18ME brutais tem mesmo de jogar e brilhar, atrás ou à frente. Agora, pense-se nas obrigações e nas exigências postas sobre um ponta-de-lança... O miúdo suíço ontem falado, Shaqiri, muito bom física e tecnicamente, não pode ser encarado a sério por não ser ponta-de-lança. A equipa precisa de um lifting, mas não um implante a todo o custo.
A equipa portista não teve o "punch" suficiente para ganhar em Alvalade. Esteve melhor no jogo, dominou a partida na sua maior parte, mas faltou uma agressividade e percutância além de Hulk. Danilo com via aberta na direita poderia ajudar? Primeiro tem de se adaptar e dois jogos em casa são bons para isso, com Rio Ave e Estoril, para ser um pequeno Hulk na asa direita e pôr o avião equilibrado e o Incrível Hulk a pilotar. Em Alvalade é difícil fazer melhor, na época passada também não deu para mais e com as arbitragens do costume a vitória só por bambúrrio.
A questão da urgência do ponta-de-lança parece-me, por isso, apressada. Há três jogos seguidos em casa, que podem ser quatro (também com a recepção ao V. Guimarães) se a partida com o V. Setúbal for antecipada para dia 25 retirando-a de entre os jogos com o M. City (como sucedeu há um ano com o Nacional, entalado entre jogos com o Sevilha).
E parece-me também idealizada por quem tem em mente o formato da época passada que resultou, apesar de muitos solavancos que todos já esqueceram, além de vitórias pífias e jogos europeus de sorte abençoada, porque tínhamos um Falcao que, esse sim, parece difícil de substituir, além do "insubstituível" Hulk. Este foi o preço pago por quem geriu mal o sucesso da época passada. Extensivo aos adeptos, de resto, sem vistas mais largas do que a tradição recente que custa mais largar mas facilita, até, continuar a questionar o treinador e esperar da SAD o milagre depois de lhe perdoarem o relaxamento do momento de mercado anterior.
Espero, até por ser "gerido de dentro para fora" como é normal, que a "estrutura" nem crie ilusões nos mais crentes nem alimente folhetins. Os adeptos, na sua paixão e cegueira até, ficam apenas a pensar "se" e "no que" condicionantes alheias aos dirigentes que estão de frente para o jogo e cientes do baralho de cartas na mesa.
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