17 março 2014

Das contas da regeneração

Um curto período de supremacia no jogo do Sporting e um enorme erro de um central portista, jovem, que se farta de fazer asneiras em tão poucas aparições, súbitas, no onze, após uma rápida troca de clubes em Janeiro, definiu mais uma derrota do FC Porto no campeonato e mais um jogo aziago em Alvalade.
ups, enganei-me na fotografia
 
Como acho o erro de marcação e posicionamento de Abdoullaye Ba mais imperdoável do que o distraído auxiliar com o fora-de-jogo, decerto milimétrico e justificado aos olhos dos impolutos sportinguistas, a bem da regeneração da arbitragem tão apregoada, prefiro focar o erro que definiu um vencedor feliz e protegido pela arbitragem à moda de Lisboa, como Lisboa sempre quis e como por muitas décadas foi assim.
 
O FC Porto ficou a 5 pontos do 2º lugar mas esta derrota, apesar de marcado por um erro defensivo de principiante como todos os que marcaram as cinco derrotas no campeonato, é diferente das anteriores porque este Porto joga, impôs-se ao Sporting, tem mais futebol e mostra que a classificação pode nem acabar como está.
 
Os coisinhos das virtudes todas e nenhuns defeitos festejam, como outros coisinhos antes deles, como se tivessem ganho o campeonato, mas nem o da credibilidade deles, e da arbitragem que trazem sempre na boca e nuns números de telefone certos, ganharam. O Sporting joga um futebol duro, com a complacência dos árbitros - Rojo fez três faltas sobre Jackson e nem alertado foi, Abdoullaye fez a primeira e foi logo avisado por Proença -, directo, o que nem sempre resulta, com espírito mas sem classe, sôfrego e pouco vistoso. As suas debilidades notam-se menos, mesmo ganhando à rasquinha os seus jogos de combate puro e pouco jogo jogado, já o disse, por estar ausente da Europa. Ao contrário do que ouvi, não foi por ter jogado uma partida intensa com o Nápoles que o Porto emperrou na 2ª parte, ainda que o desgaste tenha feito efeito. O FC Porto foi superior ao Sporting em 80% do jogo, criou o triplo de oportunidades mas, mesmo não precisando de um golpe de sorte para ganhar em Alvalade, a sorte não acompanhou a equipa, muito superior na 1ª parte e que podia ter definido o resultado, sem um remate de jeito do Sporting nesse período.
 
Pelo que, se a arbitragem continua a coutada preferida dos de sempre, a regeneração do futebol portista está no bom caminho e pelo menos abordámos a eliminatória com o Nápoles com convicção e podemos confiar na eliminatória com o Benfica com mais confiança.
 
Era isso que esperava e a equipa de Luís Castro mostra estar viva. Apesar de ter anjihos que são a base das demoníacas derrotas que tanto custam engolir. Anjinho com Abdoullaye, como Carlos Eduardo e como Jackson. Abdoullaye teve uma falha enorme por burrice e acabou expulso por estupidez (ACT: soube esta manhã que não foi expulso, mas sim Fernando: eu ao ver o lance na tv e antever o cartão vermelho nem vi a quem se dirigiu, presumi que fosse ao Ba por ter-se pegado com Montero pela posse de bola, nem sei se Montero foi admoestado, são pormenores irrelevantes no pormaior que é o "estar" dos árbitros). Veio como se sabe, ainda que envolto em mistério de última hora do fatídico mercado de Janeiro. Entretanto, Maicon lesionou-se e ele jogou, apesar de Reyes ter custado 7 ou 8ME e continuar pela B. Carlos Eduardo foi um passarinho à beira de William Carvalho e Quintero, que custou 10ME, continua a começar no banco. Jackson assustou-se com três entradas intimidatórias de Rojo mas nem sombra de cartão para o argentino e Jackson temeu e tremeu. Mas vejo van Persie falhar no M. United golos cantados e lembro que também foi o rei dos marcadores na época passada e está uma sombra de si próprio numa equipa de fantasmas.
 
Pelo menos o FC Porto está no caminho certo. Resta saber se os tesouros milionários guardados no banco ou na bancada vão continuar a dourar as opções da SAD e os trunfos dos treinadores.
 
Mas é nestas alturas de desvario que as coisas podem correr mal mesmo que se tente emendar o mal que está feito e a equipa, inspirada por um Fernando enorme e um Quaresma mágico, dá conta de si.
 
Isso é o mais importante.
 
Da arbitragem, felizmente, nem Pinto da Costa poderá falar, pelo menos a queixar-se de que na conferência de Imprensa, ao contrário da visita à Luz, não tocaram no tema e não deixaram passar em claro um resultado falseado pelos árbitros, além de enganar o próprio futebol.
 
Mas em Alvalade continuam episódios de outro foro, senão jurídico pelo menos psiquiátrico. As declarações de técnico e jogadores leoninos, que pude ouvir na rádio do carro, são de um delírio paranormal...
 
Se até há pouco dava pena ver o Porto jogar, agora foi pena ver perder uma equipa que tudo fez para vencer mas à qual os erros mais básicos são duramente castigados. Se calhar por todas as asneiras desta época tem a sua justiça "administrativa", mas isso são outras contas e as cinco derrotas podem ser endereçadas à SAD.

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