07 março 2014

Secura sem candura

A saída de Preocupações Fonseca veio provar que nem todos os treinadores no FC Porto podem ser campeões e quem o conseguiu teve mesmo de lutar por isso e ser merecedor do prémio.
 
Registo, entretanto, a forma seca de despedida no comunicado da SAD. Nem um obrigado, uma gratidão pelo esforço e lealdade, por aí fora.
 
A essa secura, digamos assim, acresce a candura com que anuncia o substituto. Interino. E basta. O senhor Luís Castro é só da equipa B. Interino, portanto. Grande consideração e confiança.
 
Um mimo de comunicação. Um enlevo que agradará a todos os que de fora assistem, treinadores ou não...
 
Não penso que a forma como o FC Porto tem tratado os seus treinadores nos últimos anos - Jesualdo, saído depois de renovar, AVB com o que PdC disse dele e apesar do Dragão de Ouro meses depois, ainda Vítor Pereira bicampeão e agora Paulo Fonseca -, mais a perda de qualidade do plantel e uma SAD nada amável, sejam condições atractivas para potenciais futuros treinadores, especialmente os portugueses.
 
Não há dúvida que o FC Porto faz-se gostar, estima que admirem o clube e deixe uma sensação duradoura nos treinadores que o servem.
 
E continua a ganhar muitos amigos e a granjear imensa admiração. Eu pensaria duas vezes em ir para o FC Porto, se fosse treinador no mercado e sem qualquer paixão portista.
 
Uma bela imagem de merda, se me permitem. Há quem veja nisto um dos melhores clubes do mundo e arredores.
 
Esperava a saída de PF depois de Frankfurt. Se PdC tinha mesmo consideração pelo treinador que o deixara à vontade para rescindir desde a derrota em Coimbra, era um momento. Como afirmei sobre a patética entrevista ao Torto Canal, sim eu pensava que Pinto da Costa devia ter reunido com o treinador após o jogo da Luz e rescindido amigavelmente o contrato, apresentando-se com o ex-treinador no canal dito do clube.
 
Não foi assim e é difícil de esperar que, em termos de imagem e marketing, sensibilidade e nobreza, o FC Porto arrepie caminho. Está muito mal orientado, nesse sentido, e muito mal servido. Há anos, creio que uns 10, que deixaram de ser feitas as apresentações dos jogadores: julgo crer que Diego, em 2004, foi o último. Isto é pior, como imagem, do que prisão de ventre. Mas é a cara das pessoas que pontuam no Dragão, escondidas, cobardes, anémicas, quase sem rosto e, daí, apenas dois ou três serem conhecidos. No século XXI? Devem ter trocado o I do meio do X.
 
Na semana de Frankfurt apanhei um momento no site da UEFA que estive para partilhar, mas o Produções Fictícias permaneceu. Tratou-se, antes da 2ª mão, da saída de Mario Been do Racing Genk. Entre a 1ª e a 2ª mão da eliminatória com o Anzhi. Been saiu por maus resultados na Jupiler League belga. Não foi escorraçado. Foi apresentado na despedida, o treinador agradeceu e saiu sem remorsos, o clube agradeceu-lhe e ficou com um amigo.

Parece, li em O Jogo, que PF ainda falou ao Torto Canal. Sozinho. Mas falou. A dor de barriga deve ter sempre um esgoto à beira... Mas ver o que o Genk fez não é para qualquer um.
 
Há clubes pequenos que se tornam grandes e grandes que nunca chegam a maiores. Não é só ganhar no campo, onde também se pode perder. Lamento-o pelo FC Porto que não cresce noutras dimensões porque tem muitos grunhos que o atrofiam e nunca saem até para defender o clube sempre atacado no espaço me(r)diático.

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