Como ontem não vi jogos e mal sabia os resultados - nem quis acreditar que o M. City perdeu outra vez na Taça com o Wigan, são dois anos seguidos, depois de eliminar o Chelsea nestes dois anos; como no sábado à noite pensei ser mentira que o Barça tivesse perdido em Valladolid -, fico-me pelo pouco que me chegou ao ouvido e os curtos resumos na net basicamente com os golos.
A ideia geral é de um certo sentimento bipolar. No FC Porto, parece que voltou o velho sistema mas não afastou os velhos problemas da defesa. Ainda leio que isto identifica-se com o Preocupações Fonseca e é claro que a "descontrução" do futebol portista demorará a repor alguma coerência e firmeza a um modelo que era vencedor. É curioso, porque o responsável pelo desastre já foi, mas o culpado, a SAD, continua intocável.
De resto, dos altos e baixos ao longo do jogo não deixarão de manter-se. A equipa sorveu um soporífero com efeitos duradouros. Percebe-se, mais uma vez, que custa muito construir algo, mas pode ser destruído em pouco tempo.
Até Quaresma percebeu isso a propósito de um périplo que preenche um currículo mas não faz um doutor. Embora a votação de MVP possa ter sido dividida com Defour (em O Jogo), a presença de Quaresma é a única coisa, fazendo sentido, que lembra um FC Porto de ânimo vencedor e cuja tarimba, perdido Lucho numa mordomia impensável em mercado de Janeiro, não tem paralelo. Aos poucos, alguns portistas percebem que muito mais foi perdido pelo caminho...
A solução será difícil de encontrar, perdido o fio à meada, porque não foi antecipada e ainda na época passada, por esta altura, eu questionava como se iria moldar um meio-campo sem James e Moutinho e com Fernando também provavelmente de saída no fim da época (passada), algo que sucederá daqui a meses. É todo um edifício a reconstruir mas, para já, deitou-se mão de soluções internas, de Luís Castro a Defour e mesmo Quintero.
Em despedida nos tempos da rádio, já buscando alternativas, ainda dei com um pobre diabo da TSF a anunciar que o último golo foi autogolo porque a bola bateu num defesa. Há gente que nunca sabe onde vai parar, é certo, mas onde deve parar já começa a pedir soluções do foro psicológico e da ética laboral.
Apanhei, aos bocados, vários lances, porque a capacidade informativa é muito limitada e nem todos passam os lances cruciais de um jogo. Só num quarto ou quinto resumo percebi que, além dos dois penáltis bem assinalados, ficou um terceiro por marcar sobre Varela, a não ser que um árbitro internacional saiba explicar como o defesa sem pensar na bola consegue afastar o avançado que a deixou fora do seu alcance e não ser marcada falta.
Entretanto, também ouvi, circunstancialmente, na rádio que havia um circo no Bonfim e o árbitro era um palhaço. Em Vasco Santos não me surpreende. Depois de ver os lances, realmente dá para meter focas amestradas, ursinhos de peluche, acrobacias oculares e pantominices que salvaram os jogadores (um Capel e um Zequinha) de serem apelidados de palhaços pelas faltas que "originaram". Isto e ainda alguém ter dúvidas de que o cabeceamento de Slimani pode ter entrado já roça o deboche. Há, simplesmente, um golo invalidado que devia ter sido validado e um golo validado que nem chegou a entrar, mas só uma mente divertida pode achar que nunca viu disto, em Alvalade ou noutro lado.
Por exemplo, depois do fora-de-jogo de Belém a negar o empate ao Belenenses na semana passada, na Luz marcou-se um fora-de-jogo, anulando um golo limpo, de arrepiar os cabelos também.
Mas, aqui, curiosamente, o beneficiário é sempre o mesmo.
Parece que Vasco Santos é um palhaço - acho-o simplesmente incompetente e não comecei a vê-lo na terça-feira, são anos a apreciar a sua descabelada capacidade de discernir - mas Artur Soares Dias, visitando templos de virtudes como Luz e Alvalade, é que é bom.
Não vai ser fácil dar acolhimento a soluções para a "renovada" arbitragem do profissionalismo a martelo. Teve sorte quem apanhou o comboio em andamento.
Para rematar, ouvi esta manhã a fechar uma peça num serviço da RTP, qualquer coisa sobre arbitragem na Guarda (Gouveia, em concreto), o que deve ser um terramoto até por pedir-se que alguém em Lisboa cuide em saber. Como a voz-off evocou leve e ligeiramente o Pífio Dourado, ainda incapaz de ter percebido o que foi aquilo a que dará eventualmente crédito, penso que não se deve ter passado nada de grave. Afinal, os arautos da nova era da arbitragem, pensando que sem mudar algo nada ia ficar como antigamente, também vaticinavam que nada ia ficar como dantes.
Como são sempre as mesmas pessoas a pensar assim, percebe-se como tudo muda até tudo ficar na mesma. Dizem-se uns soundbytes, usam-se uns clichés e até passa em telejornal. Parece os desfiles de Carnaval fora de horas, apenas adiados por um mau tempo circunstancial.
Como a semana não trará nada de especial e estarei ausente, prevejo Duarte Gomes em Alvalade e Bruno Paixão na Choupana. Porque o eixo Lisboa-Setúbal não dá só desgraças.
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